O lítio, amplamente conhecido no contexto de tratamentos psiquiátricos, também está presente em pequenas quantidades em alimentos, água e outros componentes do ambiente. Em níveis de traço, esse elemento aparece em cereais, hortaliças, frutas, oleaginosas, carnes e peixes, compondo parte da ingestão diária sem que a maior parte da população perceba.
Quais são as principais fontes alimentares de lítio na dieta diária
Cereais e vegetais costumam ser as principais fontes de lítio na alimentação habitual. Grãos como arroz, trigo e outros cereais integrais podem acumular quantidades mensuráveis do elemento, assim como legumes e verduras variados, com destaque para tomate, alho, coentro e algumas especiarias, que tendem a apresentar concentrações mais elevadas (Iordache et al., 2024)
Entre as demais fontes, ganham destaque frutas cítricas — como limão, laranja, lima e grapefruit —, além de uvas, maçãs e bananas, que exibem níveis de lítio em faixas de microgramas por grama de peso seco. No grupo das oleaginosas, castanhas, nozes, sementes de girassol, avelãs e pinhões aparecem com teores relativamente expressivos, enquanto carnes, laticínios e peixes geralmente possuem quantidades menores.

Como a água potável contribui para a ingestão de lítio diária
A água de abastecimento é um componente importante da ingestão diária de lítio, e sua contribuição depende diretamente da geologia local e de possíveis fontes de contaminação antrópica. Em certas regiões, o lítio natural presente em rochas e aquíferos eleva as concentrações na água subterrânea, chegando a níveis muito superiores aos registrados em áreas com rochas menos ricas nesse elemento (Szkarska e Rzymski, 2018).
Comparando diferentes origens, a água do mar apresenta, em geral, concentração maior de lítio do que rios e lagos, embora não seja a principal fonte de consumo humano. Em sistemas de água potável, medições de diversos países mostram valores que podem ir de poucos microgramas por litro até faixas bem mais altas, o que motivou a inclusão do lítio em listas de contaminantes em avaliação, ainda que, na população geral, a ingestão total costume permanecer abaixo das doses de referência provisórias.
Qual é a relação entre o lítio na alimentação e a saúde do cérebro
Além da presença em alimentos e bebidas, o lítio na dieta vem sendo estudado por seu possível papel na proteção do sistema nervoso ao longo do envelhecimento. Investigações recentes concentram-se em exposições muito menores do que as terapêuticas, próximas das encontradas naturalmente em dietas típicas, sugerindo efeitos em humor, cognição e risco de declínio cognitivo.
Entre os mecanismos propostos, destacam-se a modulação de enzimas intracelulares ligadas à sobrevivência neuronal e à inflamação, além de interferência em sinais relacionados à liberação de neurotransmissores. Estudos relatam que o lítio pode elevar fatores neurotróficos, como o BDNF, e influenciar vias do metabolismo da glicose de forma semelhante à insulina, conectando-se a temas como obesidade, diabetes tipo 2 e risco de alterações cognitivas e emocionais.
Além da parte fisiológica, o lítio é um grande aliado nas questões psiquiátricas, como no vídeo explicado pela psiquiatra Karine Homem, em seu perfil:
@psiquiatra.karinehomem O lítio não atua apenas como estabilizador de humor no transtorno bipolar. Estudos mostram que ele tem um efeito neuroprotetor, ajudando a preservar e até promover a plasticidade neuronal. Isso ocorre porque o lítio modula fatores de crescimento neural (como o BDNF), reduz processos inflamatórios e protege contra a apoptose (morte celular programada). Na prática, isso significa que, além de prevenir recaídas maníacas e depressivas e reduzir risco de suicídio, o lítio pode proteger o cérebro a longo prazo, favorecendo estabilidade clínica e funcional. 👉 Por isso, mesmo em tempos de novos fármacos, o lítio continua sendo considerado um dos pilares mais sólidos e eficazes no tratamento do transtorno bipolar. Compartilhe para levar informação e quebrar preconceitos. Dra. Karine Homem | Médica Psiquiatra CRM/SP: 161658 | RQE: 73459 #TranstornoBipolar #Bipolaridade #Psiquiatria #TratamentoPsiquiátrico #PsiquiatraKarineHomem ♬ som original – Psiquiatra Karine Homem
Quais são as principais dúvidas sobre segurança e ingestão ideal de lítio
A discussão sobre o lítio como nutriente gira em torno da faixa de ingestão considerada adequada e dos possíveis riscos da exposição crônica, mesmo em níveis baixos. Alguns autores defendem que o elemento seja classificado como micronutriente ou elemento-traço essencial, propondo valores de ingestão diária de referência em torno de 1.000 microgramas para um adulto de 70 kg, embora esse número ainda não seja consenso entre agências internacionais.
Para orientar melhor profissionais de saúde e população, pesquisadores destacam alguns pontos que ainda requerem estudo e monitoramento cuidadoso, pois afetam diretamente a segurança do consumo e a possível suplementação de lítio em doses baixas:
- Diferença entre uso nutricional e terapêutico, já que doses psiquiátricas são centenas ou milhares de vezes maiores que as da dieta.
- Variabilidade geográfica das concentrações de lítio na água e nos alimentos, com destaque para regiões mais ricas em reservas naturais.
- Saúde renal e vulnerabilidade individual, especialmente em gestantes, idosos e pessoas com doenças crônicas.
- Efeitos de suplementação contínua em doses intermediárias, ainda pouco compreendidos em estudos de longo prazo.
Referências bibliográficas
- Iordache, AM, Voica, C., Roba, C. e Nechita, C. (2024). Lithium Content and Its Nutritional Beneficence, Dietary Intake, and Impact on Human Health in Edibles from the Romanian Market. Alimentos 13(4); 592.
- Szkarska, D., & Rzymski, P. (2018). Is Lithium A Micronutrient? From Biological Activity and Epidemiological Observation to Food Fortification. Biological Trace Element Research 189(1); 18-27.










