O estudo recente destaca a complexidade química do café, revelando suas redes moleculares e como esses componentes podem oferecer benefícios significativos à saúde. Mais do que uma bebida de consumo mundial, o café agora é considerado uma potencial intervenção nutricional, sendo pesquisado sob uma nova perspectiva científica.
Veja como surgiu o café e suas principais variedades
A história do café tem origem nos mosteiros sufis do século XV, onde já era valorizado como uma bebida de efeito estimulante. Atualmente, ele figura entre as bebidas mais consumidas globalmente, com produção que ultrapassa milhões de toneladas anuais.
As três principais variedades – Arábica, Robusta e Liberica – apresentam sabores e composições químicas distintas. O tipo Arábica domina o mercado mundial, devido ao seu perfil aromático sofisticado e apreciado no mundo todo.
Quais compostos bioativos encontramos no café?
Os compostos bioativos presentes no café são classificados em quatro grupos: alcaloides (como a cafeína), polifenóis (notadamente os ácidos clorogênicos), diterpenos (como cafestol) e produtos da reação de Maillard (inclusive melanoidinas). Cada uma dessas classes exerce funções específicas no organismo.
Esses compostos interagem entre si, ampliando ou modulando seus efeitos. Veja os principais grupos encontrados no café:
- Alcaloides: atua como estimulante.
- Polifenóis: oferecem ação antioxidante.
- Diterpenos: contribuem para efeitos no fígado e colesterol.
- Melanoidinas: participam da proteção antioxidante.
Esses compostos explicam o funcionamento real do café no cérebro, como explica Pedro Calabrez, em seu perfil @pedro.calabrez:
@pedro.calabrez Qual é o verdadeiro efeito do café no seu cérebro? Em primeiro lugar, ao contrário do que muitos pensam, o café não te “acorda” diretamente. Conforme você fica acordado ao longo do dia, uma substância chamada adenosina se acumula no seu cérebro. Quanto mais adenosina no sistema, mais cansado você se sente. Quando você dorme, o corpo limpa essa adenosina, e você acorda renovado. É justamente nesse ponto que o café entra em ação. A cafeína presente no café bloqueia os receptores de adenosina no cérebro. Em outras palavras, a adenosina tenta se ligar a esses receptores para te deixar cansado, mas não consegue, porque a cafeína está ocupando esse espaço. Além disso, a cafeína estimula a liberação de certos neuromoduladores, como a acetilcolina e a dopamina. Mas é importante entender que a dopamina liberada não é a mesma do sistema de motivação que muitos conhecem. Em vez disso, ela atua nos lobos frontais, junto com a acetilcolina, o que está associado a uma maior clareza de pensamento e foco. No sistema de motivação, a cafeína também tem seu papel, mas não é simplesmente liberando dopamina. O que acontece é que, com o consumo regular e em doses saudáveis de cafeína, há um aumento na disponibilidade de receptores de dopamina nesse sistema. Em termos simples, a dopamina que o seu cérebro libera passa a ter um efeito maior, fazendo com que você se sinta naturalmente mais motivado. Portanto, o café vai além de apenas te manter acordado; ele afeta seu cérebro de maneiras que podem melhorar seu foco, clareza de pensamento e motivação. Obs.: As referências científicas estão no próprio vídeo e aparecem nos momentos certos. #PedroCalabrez #NeuroVox #neurociencia #saudemental #autoconhecimento ♬ som original – Pedro Calabrez
Como o café pode influenciar a saúde humana
Pesquisas recentes mostram que a cafeína, um dos alcaloides mais conhecidos do café, pode melhorar a função cognitiva e reduzir riscos de doenças neurodegenerativas. Outro destaque são os ácidos clorogênicos, que proporcionam efeitos antioxidantes e auxiliam no metabolismo.
Já os diterpenos podem aumentar os níveis de colesterol LDL, embora também apresentem propriedades anti-inflamatórias e protetoras para o fígado, ressaltando a importância do consumo moderado e individualizado da bebida.

O consumo moderado de café realmente traz benefícios?
A interação entre diferentes compostos do café é complexa e objeto de intensas pesquisas. Dados atuais apontam que o consumo moderado está associado a menor risco de diabetes tipo 2 e transtornos cardiovasculares.
No entanto, a maioria dos estudos ainda foca componentes isolados, deixando de lado a sinergia multicomponente que caracteriza o café. Métodos integrados são necessários para desvendar seu real potencial funcional, reforçando a importância dessa linha científica emergente.
À medida que a ciência avança no entendimento dos efeitos combinados dos compostos do café, podemos esperar uma base cada vez mais sólida para orientar estratégias nutricionais, aproveitando ao máximo os benefícios desta bebida secular e multifacetada.








