A couve ( Brassica oleracea var. acephala ) é uma das hortaliças mais utilizadas na alimentação brasileira, distinguindo-se por seu valor nutricional e potencial medicinal comprovado por diversas pesquisas científicas. Persiste nas tradições populares por seus efeitos terapêuticos amplamente reconhecidos, e a literatura médica contemporânea reforça esses benefícios em diferentes aspectos fisiológicos.
Dentre tantas utilidades, três propriedades curativas da couve se destacam na literatura:
- Ação anti-inflamatória natural
- Poder antioxidante elevado
- Apoio ao sistema digestivo
Composta por uma rica variedade de fitoquímicos, vitaminas e minerais, a couve ganha relevância tanto na prevenção quanto no auxílio de condições de saúde diversas, especialmente devido à presença de compostos fenólicos, glucosinolatos e fibras alimentares.
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Propriedade anti-inflamatória
A couve é conhecida por atuar na redução de processos inflamatórios devido à presença de glucosinolatos e outros compostos bioativos. Estes fitoquímicos exercem efeito inibidor sobre mediadores inflamatórios, favorecendo o controle de condições como gastrite e dores articulares. Estudos farmacognósticos destacam esses mecanismos, reforçando o potencial terapêutico observado na prática popular. Segundo Matos em sua obra referência sobre plantas medicinais brasileiras, a ação anti-inflamatória está entre as mais consistentes da couve.
“O consumo frequente de folhas frescas de couve auxilia na modulação da resposta inflamatória do organismo, função atribuída à presença dos glucosinolatos, que demonstraram efeito inibitório em modelos experimentais de inflamação.” (MATOS, 2007).

Como a couve atua no combate aos radicais livres?
O potente efeito antioxidante da couve está relacionado à expressiva concentração de vitamina C, carotenoides, flavonoides e compostos fenólicos. Estes nutrientes contribuem para neutralizar radicais livres, retardando o envelhecimento celular e reduzindo riscos de doenças crônicas. Estudo conduzido por Pandey e Rizvi, publicado em 2009, enfatiza a relevância dos compostos antioxidantes das hortaliças crucíferas, incluindo a couve.
“Os polifenóis presentes na couve possuem alta capacidade de neutralização dos radicais livres, atuando como importantes agentes preventivos contra o dano oxidativo em tecidos biológicos.” (PANDEY; RIZVI, 2009).
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Benefícios digestivos e protetores do fígado
A couve é tradicionalmente utilizada para promover o bem-estar digestivo, combater desconfortos gástricos e proteger o fígado. Suas fibras solúveis e insolúveis contribuem para a regularidade intestinal, enquanto os glucosinolatos auxiliam na proteção das células hepáticas. Este papel hepatoprotetor já foi documentado em revisões clínicas, como a conduzida por González et al. em 2010.
“Além do efeito fibra, a ingestão regular de couve auxilia na renovação das células hepáticas, resultado importante da atuação dos isotiocianatos derivados de seus glucosinolatos.” (GONZÁLEZ et al., 2010).
- Modo de uso tradicional: consumo in natura em saladas, preparo de sucos verdes matinais e inserção em sopas e refogados.
- Dica de preparo: o cozimento ligeiro preserva maior quantidade dos compostos bioativos em comparação ao cozimento prolongado.
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Couve como aliada ao fortalecimento do sistema imunológico
A riqueza de nutrientes essenciais, como vitamina C, vitamina K e minerais, confere à couve papel importante no fortalecimento do sistema imunológico. Esses elementos garantem o funcionamento correto das defesas naturais do organismo, estimulando a produção de anticorpos e prevenindo infecções. A importância desse benefício é destacada em diversas publicações sobre nutrição e imunidade, como apontado por Slavin e Lloyd.
“A elevada concentração de micronutrientes antioxidantes das hortaliças verdes, especialmente da couve, favorece o aumento da resistência imunológica e a proteção do organismo frente a agentes infecciosos.” (SLAVIN; LLOYD, 2012).
Principais aprendizados sobre as propriedades medicinais da couve
- A presença de fitoquímicos como glucosinolatos confere à couve reconhecida ação anti-inflamatória, respaldada por referências acadêmicas.
- Pesquisas científicas demonstram seu efeito antioxidante, fundamental na proteção contra o estresse oxidativo e envelhecimento precoce.
- O consumo regular da couve auxilia na digestão e proteção do fígado, sendo recomendado em práticas alimentares saudáveis.
Referências bibliográficas
- GONZÁLEZ, Claudia A.; FERNÁNDEZ-VARÓN, Emilio; et al. Health benefits of having cruciferous vegetables in the diet. Nutrition Hospitalaria, v.25, n.2, p.207-213, 2010.
- MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais: Guia de Seleção e Emprego. 6.ed. Fortaleza: Editora UFC, 2007.
- PANDEY, Kiran B.; RIZVI, Syed I. Plant polyphenols as dietary antioxidants in human health and disease. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, v.2, n.5, p.270–278, 2009.
- SLAVIN, Joanne L.; LLOYD, Beate. Health benefits of fruits and vegetables. Advances in Nutrition, v.3, n.4, p.506-516, 2012.










