Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado uma mudança significativa nos padrões de maternidade, com as mulheres optando por adiar a maternidade e ter menos Filhos. Essa tendência é evidenciada pelos dados do Censo 2022, que revelam uma queda na Taxa de Fecundidade Total (TFT) do país. Em 1960, a taxa era de 6,28 Filhos por mulher, enquanto em 2022, esse número caiu para 1,55 Filhos por mulher. Essa redução está alinhada com as tendências observadas em países mais desenvolvidos e é atribuída ao aumento da escolaridade feminina e à crescente participação das mulheres no mercado de trabalho.
A decisão de adiar a maternidade também se reflete na idade média em que as mulheres têm Filhos, que passou de 26,3 anos em 2000 para 28,1 anos em 2022. O Distrito Federal lidera com a maior idade média de maternidade, 29,3 anos, enquanto o Pará registra a menor, com 26,8 anos. Além disso, a gravidez na adolescência (15 a 19 anos) diminuiu de 15,6% para 11,4% na última década, embora ainda seja considerada alta.
Quais fatores influenciam a taxa de fecundidade no Brasil?
O declínio na taxa de fecundidade no Brasil não é uniforme em todas as regiões. O Sul e o Sudeste foram os primeiros a experimentar essa redução, especialmente entre os grupos mais ricos e com maior nível de instrução. O Norte e o Nordeste seguiram essa tendência, com o Nordeste apresentando uma queda mais acentuada nos últimos anos. O Centro-Oeste também registrou uma diminuição tardia na taxa de fecundidade.

Além das diferenças regionais, a taxa de fecundidade varia conforme a raça, escolaridade e religião. Mulheres indígenas têm a maior taxa de fecundidade, com 2,48 Filhos por mulher, enquanto as mulheres amarelas têm a menor, com 1,22 Filhos. A escolaridade também desempenha um papel crucial: mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto têm, em média, 2,01 Filhos, enquanto aquelas com ensino superior completo têm apenas 1,19 filho.
Como a religião impacta a fecundidade no Brasil?
A religião é outro fator que influencia a taxa de fecundidade no Brasil. Mulheres evangélicas têm uma taxa de fecundidade de 1,74 filho por mulher, acima da média nacional. Em contraste, as mulheres espíritas apresentam a menor taxa, com 1,01 filho por mulher. As católicas, que representam uma parcela significativa da população, têm uma taxa de 1,49 filho por mulher, enquanto aquelas sem religião têm uma taxa de 1,47.
Por que as mulheres estão optando por não ter Filhos?
O aumento no número de mulheres que optam por não ter Filhos é outra tendência destacada pelo Censo 2022. Em 2000, 10% das mulheres não tinham Filhos, enquanto em 2022, esse número subiu para 16,2%. O Rio de Janeiro tem a maior porcentagem de mulheres sem Filhos, com 21%, enquanto o Tocantins tem a menor, com 11,8%. Essa escolha pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a busca por realização profissional, estabilidade financeira e a possibilidade de investir mais tempo em si mesmas.
Essas mudanças nos padrões de maternidade refletem transformações sociais e econômicas mais amplas no Brasil. Com o aumento da escolaridade e da participação feminina no mercado de trabalho, as mulheres estão cada vez mais no controle de suas escolhas reprodutivas. Esse fenômeno não apenas altera a dinâmica familiar, mas também tem implicações significativas para políticas públicas, planejamento urbano e o futuro demográfico do país.
Entre em contato:
Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271









