São evidentes as diferenças entre os gêneros quando se trata de expectativa de vida e predisposição a certas doenças. Um estudo global realizado pela Universidade do Sul da Dinamarca, publicado na revista científica PLOS Medicine, evidencia que os Homens geralmente adoecem mais e têm uma expectativa de vida menor em comparação com as mulheres. Essa constatação faz parte de uma análise que cobriu mais de 200 países, focando em doenças como hipertensão, diabetes e HIV/Aids. Os resultados da pesquisa indicam que os Homens tendem a apresentar taxas mais elevadas dessas condições e, como consequência, enfrentam uma mortalidade mais alta associada a essas enfermidades.
Entre os fatores que ajudam a explicar essa disparidade, destacam-se normas sociais e culturais. Tais normas frequentemente promovem comportamentos de risco entre os Homens, levando-os a afastar-se do autocuidado. O estudo observa que os Homens, em geral, fumam mais, subestimam sintomas de doenças e evitam consultas médicas preventivas. A percepção de que a doença está associada à fraqueza pode contribuir para essa distância do sistema de saúde. No contexto brasileiro, dados do IBGE de 2023 revelam uma diferença significativa na expectativa de vida entre Homens e mulheres, sendo os Homens menos propensos a consultas de rotina e exames preventivos.
Quais são os fatores culturais e sociais que influenciam a saúde masculina?

As raízes culturais têm um grande impacto nas percepções e comportamentos de saúde dos Homens. A ideia de masculinidade está frequentemente ligada à noção de força e invulnerabilidade, o que leva muitos Homens a negligenciar os cuidados de saúde. Muitas vezes, o cuidado pessoal e a prevenção são vistos como sinais de fragilidade ou desnecessidade para aqueles que são socialmente considerados “fortes”. Essa visão é reforçada em ambientes onde o estigma em torno da vulnerabilidade ainda é intenso.
Para mudar essa realidade, há uma necessidade urgente de estratégias de intervenção focadas. A atenção primária à saúde desempenha um papel fundamental nesse contexto, pois atua como porta de entrada para o sistema de saúde. Médicos e profissionais de saúde são incentivados a criar um ambiente acolhedor e adaptado às necessidades masculinas, proporcionando educação em saúde e incentivando a realização de exames preventivos.
Como as políticas públicas estão ajudando a combater a resistência masculina em relação aos cuidados de saúde?
No Brasil, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) foi instituída em 2008 com o objetivo de sanar a lacuna entre Homens e serviços de saúde. Focada na faixa etária de 20 a 59 anos, a política visa superar as barreiras culturais e sociais que dificultam o acesso dos Homens ao cuidado. A PNAISH busca adaptar o Sistema Único de Saúde (SUS) para atender às especificidades masculinas, com iniciativas como o aumento do horário de funcionamento das unidades básicas.
Campanhas como o Novembro Azul também desempenham um papel crucial na conscientização dos Homens para a importância dos exames preventivos, especialmente no que tange ao câncer de próstata. Essas campanhas não se limitam apenas a ressaltar a necessidade de exames, mas também estimulam discussões sobre saúde mental e a prevenção de doenças crônicas.
Quais desafios ainda permanecem na promoção da saúde masculina?
Embora haja avanços significativos nas políticas e campanhas voltadas para a saúde masculina, muitos desafios ainda persistem. É crucial que o sistema de saúde continue a reconhecer e abordar os determinantes sociais e culturais que afetam o comportamento dos Homens em relação à saúde. Para alcançar uma verdadeira transformação, é necessário que o relacionamento entre médico e paciente melhore e que os Homens se sintam mais confortáveis em buscar ajuda médica.
Além disso, é importante que profissionais de saúde estejam bem informados sobre as necessidades específicas de saúde dos Homens. Somente com esse conhecimento especializado será possível otimizar as consultas, promover vínculos mais fortes e aumentar a eficácia do cuidado oferecido. As estratégias implementadas até agora têm mostrado resultados promissores, mas ainda há um longo caminho a percorrer para torná-las mais amplas e efetivas.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271









