A vitamina C, ou ácido ascórbico, é talvez o nutriente mais famoso do mundo, sinônimo de saúde e frequentemente associada à prevenção de gripes e resfriados. No entanto, é crucial separar os mitos populares do que a ciência realmente comprovou sobre seu papel no sistema imunológico e nos nossos níveis de energia. É fundamental afirmar desde o início: nenhum suplemento, incluindo a vitamina C, pode “blindar” o corpo contra doenças ou substituir um estilo de vida saudável.
Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o que realmente acontece no corpo com a ingestão de vitamina C, qual seu verdadeiro impacto na imunidade e na disposição, e por que a alimentação deve ser sempre a fonte prioritária deste nutriente essencial.
Qual o verdadeiro papel da vitamina C no sistema imunológico?

A vitamina C é um micronutriente absolutamente essencial para o funcionamento adequado do sistema imunológico. Ela não atua como uma barreira mágica, mas sim como um suporte fundamental para as funções de diversas células de defesa do corpo.
Conforme detalhado pelo National Institutes of Health (NIH) dos EUA, a vitamina C contribui para a defesa imune de várias maneiras. Ela estimula a produção e a função dos glóbulos brancos, como os linfócitos e fagócitos, que são as células “soldado” do nosso corpo, responsáveis por identificar e destruir patógenos invasores como vírus e bactérias. Além disso, a vitamina C é um poderoso antioxidante, ajudando a proteger essas mesmas células imunes contra os danos causados pelos radicais livres que elas produzem ao combater uma infecção.
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A vitamina C pode realmente prevenir gripes e resfriados?
Este é um dos maiores mitos associados à vitamina C. Para a população em geral, a suplementação regular de vitamina C não demonstrou prevenir a ocorrência de resfriados. A ideia de tomar altas doses para evitar ficar doente não é suportada por evidências científicas robustas.
No entanto, as pesquisas mostram um benefício diferente. Para a população geral, a suplementação regular pode levar a uma pequena redução na duração dos sintomas do resfriado, ou seja, você pode se recuperar um pouco mais rápido. Em populações específicas, como atletas de alta performance ou indivíduos expostos a estresse físico extremo, a suplementação parece ter um efeito preventivo mais significativo.
Como a vitamina C pode influenciar a disposição e combater a fadiga?

A relação entre a vitamina C e a energia é menos conhecida, mas igualmente importante. Um dos primeiros e mais clássicos sintomas da deficiência grave de vitamina C (escorbuto) é a fadiga extrema. Em níveis menos drásticos, uma ingestão inadequada também pode contribuir para uma sensação de cansaço e falta de disposição.
Isso ocorre porque a vitamina C é um cofator essencial para a biossíntese da carnitina, uma molécula crucial para o transporte de ácidos graxos para dentro das mitocôndrias, as “usinas de energia” de nossas células, para serem queimados como combustível. Sem carnitina suficiente, a produção de energia pode ser prejudicada. Além disso, a vitamina C está envolvida na síntese de neurotransmissores como a norepinefrina, que é vital para a atenção e a resposta ao estresse.
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Quais são as melhores fontes de vitamina C e por que a comida vem primeiro?
A abordagem mais segura e eficaz para obter vitamina C é através de uma dieta rica e variada. Alimentos integrais fornecem a vitamina em uma matriz de fibras, fitoquímicos e outros nutrientes que trabalham em sinergia. As fontes mais ricas são as frutas e os vegetais, especialmente os crus, pois o calor pode degradar a vitamina.
- Frutas campeãs: Acerola, caju, goiaba, kiwi, morango e frutas cítricas como laranja e limão.
- Vegetais potentes: Pimentão (especialmente o amarelo e o vermelho), brócolis, couve e outras folhas verdes escuras.
A suplementação de vitamina C é segura? Quando a ajuda profissional é indispensável?
Para a maioria das pessoas, a suplementação de vitamina C em doses moderadas é segura, pois ela é hidrossolúvel e o excesso é eliminado pela urina. No entanto, “seguro” não significa isento de riscos, especialmente em altas doses.
O consumo de megadoses (acima de 2.000 mg por dia) pode causar efeitos colaterais como diarreia, náuseas e cólicas estomacais. Em indivíduos predispostos, altas doses de vitamina C também podem aumentar o risco de formação de cálculos renais. Além disso, ela pode aumentar a absorção de ferro, o que pode ser um problema para pessoas com condições de sobrecarga de ferro, como a hemocromatose.
A automedicação para “aumentar a imunidade” ou combater a fadiga é uma prática arriscada. Se você se sente constantemente cansado ou fica doente com frequência, a consulta com um médico é fundamental para investigar a causa real do problema. Um nutricionista pode avaliar sua dieta e determinar se você realmente precisa de suplementação, recomendando a dose segura e eficaz para suas necessidades.








