Viver com dor e rigidez nas articulações é um desafio que afeta milhões de pessoas, limitando movimentos, atividades diárias e a qualidade de vida. A artrite e outras doenças reumáticas são as principais causas desse cenário. Embora frequentemente agrupados, esses termos englobam mais de 100 condições diferentes que afetam as articulações, os ossos e os músculos de maneiras distintas.
Entender o tipo específico de artrite, conhecer as opções de tratamento e, principalmente, assumir um papel ativo no gerenciamento da condição são passos fundamentais para controlar a dor, preservar a mobilidade e levar uma vida plena. Este guia aborda os tipos mais comuns de artrite, as estratégias de tratamento e as mudanças no estilo de vida que podem fazer uma diferença real no seu dia a dia.
Qual a diferença entre os tipos mais comuns de artrite?

É crucial entender que “artrite” não é uma doença única. Conhecer a diferença entre os tipos mais prevalentes ajuda a compreender a natureza do problema e a importância do tratamento adequado. As duas formas mais comuns são a Osteoartrite e a Artrite Reumatoide.
A Osteoartrite (OA), popularmente conhecida como artrose, é a forma mais frequente. Ela é uma doença degenerativa causada pelo desgaste da cartilagem que reveste as extremidades dos ossos dentro de uma articulação. Com o tempo, essa cartilagem se deteriora, levando a dor, rigidez e perda de mobilidade. A OA geralmente afeta articulações que suportam peso, como joelhos, quadris e a coluna. Já a Artrite Reumatoide (AR) é uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunológico do corpo ataca por engano seus próprios tecidos, especificamente o revestimento das articulações (sinóvia). Isso causa uma inflamação crônica que pode levar à erosão óssea e deformidade articular. A AR é sistêmica e pode afetar outras partes do corpo, além de ser tipicamente simétrica, afetando as mesmas articulações em ambos os lados do corpo.
Como a dor e os sintomas podem ser gerenciados com tratamento médico?
O tratamento da artrite visa aliviar a dor, reduzir a inflamação, minimizar os danos às articulações e melhorar a função e a qualidade de vida. A abordagem varia significativamente dependendo do tipo de artrite. Para a osteoartrite, o tratamento inicial geralmente foca no alívio dos sintomas com analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), além de fisioterapia.
Para a Artrite Reumatoide, o tratamento é mais complexo e visa controlar a atividade da doença para prevenir a progressão dos danos. Além dos AINEs para a dor, o pilar do tratamento são os medicamentos modificadores do curso da doença (DMARDs), que suprimem a resposta autoimune. Nos últimos anos, os imunobiológicos, uma classe mais moderna de DMARDs, revolucionaram o tratamento, oferecendo um controle muito mais eficaz da inflamação. O acompanhamento regular com um médico reumatologista é indispensável para ajustar a medicação e monitorar a doença.
Por que o movimento é um dos melhores remédios para as articulações?
Quando se sente dor, o instinto natural é ficar parado, mas para a maioria dos tipos de artrite, o repouso excessivo pode piorar a rigidez e enfraquecer os músculos que dão suporte às articulações, aumentando a instabilidade e a dor. A atividade física regular e de baixo impacto é uma das intervenções mais importantes no gerenciamento da artrite.
O exercício ajuda a fortalecer a musculatura ao redor das articulações, melhora a flexibilidade e a amplitude de movimento, auxilia no controle do peso (reduzindo a carga sobre as articulações) e libera endorfinas, que são analgésicos naturais. Veja algumas opções seguras e eficazes:
- Exercícios aquáticos: Atividades como hidroginástica e natação são excelentes, pois a água suporta o peso do corpo, reduzindo o estresse nas articulações.
- Caminhada: Um exercício acessível que melhora a saúde cardiovascular e a função articular.
- Ciclismo: Fortalece as pernas com baixo impacto nos joelhos e quadris.
- Tai Chi e Yoga: Melhoram o equilíbrio, a flexibilidade e a consciência corporal, ajudando a prevenir quedas.
De que maneira a fisioterapia e a terapia ocupacional podem ajudar?
A fisioterapia desempenha um papel central no tratamento não medicamentoso da artrite. Um fisioterapeuta pode criar um programa de exercícios personalizado para fortalecer músculos específicos, melhorar a amplitude de movimento e ensinar a forma correta de se movimentar para proteger as articulações. Eles também podem utilizar outras modalidades, como a aplicação de calor ou frio, para aliviar a dor e a inflamação.
A terapia ocupacional, por sua vez, foca em ajudar o paciente a realizar as atividades da vida diária de forma mais fácil e com menos dor. O terapeuta ocupacional pode ensinar técnicas para proteger as articulações durante tarefas como cozinhar ou se vestir, e recomendar o uso de dispositivos de assistência (órteses ou adaptadores) que reduzem o estresse sobre as articulações afetadas, promovendo maior independência.
Como a dieta e o controle de peso impactam os sintomas da artrite?
A alimentação pode ter um impacto significativo na artrite, principalmente de duas maneiras: através do controle de peso e da modulação da inflamação. O excesso de peso coloca uma pressão extra sobre as articulações que suportam carga, como joelhos e quadris. Estudos mostram que cada quilo de peso corporal perdido pode resultar em uma redução de até quatro quilos de pressão sobre os joelhos, aliviando a dor e retardando a progressão da osteoartrite.
Além disso, uma dieta anti-inflamatória, rica em alimentos como peixes gordurosos (fontes de ômega-3), azeite de oliva, frutas vermelhas, vegetais de folhas escuras e nozes, pode ajudar a reduzir a inflamação sistêmica no corpo, o que é particularmente benéfico para quem tem Artrite Reumatoide. Evitar alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e gorduras saturadas, que promovem a inflamação, também é uma estratégia importante.
Que estratégias práticas posso adotar no dia a dia?
Viver bem com artrite envolve aprender a equilibrar o repouso e a atividade e a proteger suas articulações. Adote o princípio do “gerenciamento de energia”: planeje suas tarefas ao longo do dia para evitar sobrecarga. Alterne períodos de atividade com breves períodos de descanso.
Use sapatos confortáveis e com bom amortecimento para reduzir o impacto ao caminhar. Ao levantar objetos pesados, use as articulações maiores e mais fortes (por exemplo, dobre os joelhos e use a força das pernas, em vez de curvar as costas). Utilize o calor (bolsas de água quente, banhos mornos) para aliviar a rigidez muscular, especialmente pela manhã, e o frio (bolsas de gelo) para reduzir a inflamação e a dor aguda após uma atividade. Ser proativo e incorporar essas estratégias na sua rotina pode fazer uma enorme diferença no seu conforto e mobilidade.









