A chegada de certas estações, como a primavera, traz consigo um cenário de flores e dias mais longos. No entanto, para milhões de brasileiros, essa mudança de clima também marca o início de uma batalha anual contra espirros, coriza, olhos irritados e uma sensação de mal-estar constante. Estes são os sinais clássicos das alergias sazonais.
Se você faz parte desse grupo, saiba que não está sozinho e que existem estratégias eficazes para enfrentar esse período com mais conforto e qualidade de vida. Este guia prático foi criado para explicar os principais gatilhos de alergia no Brasil, ensinar a diferenciar os sintomas dos de um resfriado e apresentar as melhores medidas de prevenção e tratamento para encontrar alívio.
Por que certas épocas do ano pioram as minhas alergias?

As alergias sazonais, também conhecidas como rinite alérgica sazonal ou febre do feno, são uma resposta do nosso sistema imunológico a partículas que flutuam no ar em determinadas épocas do ano. O principal gatilho na maioria dos casos é o pólen, um pó fino liberado por árvores, gramíneas e ervas daninhas como parte de seu ciclo reprodutivo.
No Brasil, o cenário não é diferente. A primavera, especialmente entre setembro e dezembro, é a estação crítica para a polinização de muitas plantas. Gramíneas como o azevém (um importante causador de alergias na região Sul), árvores como o pinus e a aroeira, e diversas outras plantas liberam grandes quantidades de pólen no ar. Além disso, as variações de umidade também podem aumentar a concentração de esporos de fungos (mofo), outro potente alérgeno sazonal.
Isso é alergia ou apenas um resfriado comum?
É muito comum confundir os sintomas de uma crise alérgica com os de um resfriado, pois ambos podem causar espirros, coriza e nariz entupido. No entanto, a causa é completamente diferente: o resfriado é uma infecção causada por um vírus, enquanto a alergia é uma reação exagerada do sistema imunológico a uma substância inofensiva. Saber diferenciar os dois é fundamental para buscar o alívio correto.
Para ajudar a esclarecer, observe alguns pontos-chave que distinguem as duas condições.
- Duração dos sintomas: Um resfriado comum geralmente dura entre 7 e 10 dias. Já os sintomas de uma alergia sazonal podem persistir por semanas ou até meses, durante todo o período de exposição ao pólen.
- Sintomas corporais: Resfriados podem vir acompanhados de dores no corpo, mal-estar geral e, às vezes, febre baixa. Esses sintomas são muito raros em quadros alérgicos.
- Presença de coceira: A coceira é um sintoma clássico e um grande diferencial da alergia. Se você sente coceira intensa nos olhos, no nariz, no céu da boca ou na garganta, a probabilidade de ser uma reação alérgica é altíssima.
- Aparência do muco: Na alergia, a secreção nasal costuma ser clara, fina e aquosa. Em um resfriado, é comum que o muco se torne mais espesso e adquira uma coloração amarelada ou esverdeada com o passar dos dias.
Quais são os principais vilões que vivem dentro da minha casa?
Embora as alergias sazonais sejam desencadeadas por pólens externos, o ambiente doméstico desempenha um papel crucial no gerenciamento dos sintomas. O pólen é leve e viaja com o vento, entrando facilmente em nossas casas através de portas e janelas, e se depositando em cortinas, tapetes, móveis e roupas.
O grande problema é que, dentro de casa, ele se une a outro vilão: os ácaros. No Brasil, os ácaros da poeira doméstica são a causa número um de alergias respiratórias durante o ano todo. No período de alta concentração de pólen, a tendência é mantermos as janelas mais fechadas, o que pode aumentar a concentração de alérgenos internos, como os ácaros e o mofo, criando uma “tempestade perfeita” para quem é alérgico.
Que medidas práticas posso tomar para blindar minha casa?
Transformar sua casa em um refúgio seguro é uma das estratégias mais eficazes para aliviar os sintomas. O objetivo é reduzir ao máximo a carga de alérgenos no ambiente em que você passa a maior parte do tempo. Pequenas mudanças de hábito podem fazer uma grande diferença.
Adote uma rotina de cuidados com o ambiente, focando em limpeza e em barrar a entrada de pólen.
- Mantenha as janelas fechadas, principalmente no início da manhã (das 5h às 10h) e no fim de tarde, que são os períodos de maior pico de polinização.
- Se possível, utilize purificadores de ar com filtro HEPA, que são capazes de capturar partículas minúsculas como o pólen e os ácaros.
- Na hora da limpeza, prefira sempre o aspirador de pó com filtro HEPA e panos úmidos em vez de vassouras e espanadores, que apenas espalham os alérgenos pelo ar.
- Lave a roupa de cama pelo menos uma vez por semana em água quente (acima de 55°C) para eliminar os ácaros.
- Crie o hábito de trocar de roupa e tomar um banho ao chegar da rua. Isso remove o pólen que se acumulou no seu cabelo, pele e roupas ao longo do dia.
Quais são as opções de tratamento mais eficazes para o alívio?
Quando as medidas de prevenção não são suficientes, a medicina oferece diversas opções para controlar os sintomas e devolver a qualidade de vida. É fundamental consultar um médico alergista para confirmar o diagnóstico e receber um plano de tratamento personalizado para suas necessidades.
Os tratamentos mais comuns visam bloquear a reação alérgica e aliviar a inflamação. Os anti-histamínicos orais (antialérgicos) são excelentes para controlar sintomas como espirros, coriza e, principalmente, a coceira. Já os corticosteroides nasais (sprays) são considerados o tratamento de primeira linha para a rinite alérgica moderada a grave, pois atuam diretamente na inflamação do nariz, aliviando a congestão de forma muito eficaz. Para os olhos, colírios antialérgicos podem proporcionar alívio imediato da vermelhidão e coceira.
Existe uma solução de longo prazo para as alergias sazonais?
Sim. Para aqueles que sofrem com sintomas intensos e persistentes, existe um tratamento capaz de modificar a forma como o corpo reage ao alérgeno: a imunoterapia, popularmente conhecida como “vacina para alergia”. Este tratamento é a única abordagem que atua na causa do problema, em vez de apenas aliviar os sintomas.
A imunoterapia funciona administrando doses controladas e crescentes do alérgeno ao qual o paciente é sensível. Com o tempo, esse processo “ensina” o sistema imunológico a tolerar a substância, diminuindo e até eliminando a reação alérgica a longo prazo. É um tratamento seguro e eficaz, que pode durar alguns anos, mas que oferece a chance de um alívio duradouro, reduzindo drasticamente a necessidade de medicamentos. A indicação e o acompa









