O avanço da inteligência artificial (IA) tem proporcionado muitos benefícios à sociedade moderna. Recentemente, o desenvolvimento de ferramentas para interações íntimas com IA suscitou debates sobre suas implicações para os relacionamentos pessoais. Uma questão central é se essas interações podem ser vistas como uma forma de traição. Especialistas em relacionamentos sugerem que sim, especialmente quando surgem envolvimentos emocionais profundos e quando tal uso é mantido em segredo.
Segundo o psiquiatra Scott D. Haltzman, em um artigo publicado na revista Psychology Today, a infidelidade pode ser classificada em dois tipos principais: infidelidade física, que envolve contato íntimo real, e infidelidade emocional, que ocorre quando há uma conexão profunda com outra pessoa, real ou virtual. Haltzman afirma que “sexo com IA” pode ser caracterizado como traição emocional, algo potencialmente prejudicial à saúde mental, além de impactar negativamente o relacionamento existente.

O que configura uma traição emocional?
Infidelidade emocional, conforme discutido por especialistas, ocorre quando a ligação com outra pessoa – real ou virtual – passa a ocupar um espaço significativo nos sentimentos de alguém, muitas vezes à custa de suas relações reais. A IA, através de chatbots sofisticados, pode criar laços emocionais robustos, respondendo a emoções humanas e oferecendo suporte contínuo. Isso pode resultar em padrões emocionais sincronizados que muitas vezes se assemelham aos de relacionamentos humanos, podendo, inclusive, se tornarem tóxicos à medida que substituem interações humanas significativas.
IA e os impactos em relacionamentos reais: é traição?
Embora algumas pessoas defendam que as interações sem contato físico não constituem traição, muitos psicólogos alertam para o impacto emocional que essas interações podem ter. A questão central não é apenas a atividade em si, mas o sigilo e a substituição que a IA pode representar na busca por necessidades emocionais não atendidas pelo relacionamento real. Assim, mesmo sem intenção maliciosa, a IA pode explorar o emocional dos usuários, gerando consequências significativas.
Como proteger os relacionamentos das intervenções da IA?
Haltzman propõe algumas estratégias para proteger os relacionamentos da influência excessiva da IA. Primeiramente, é importante estabelecer limites claros sobre o uso da IA e priorizar as interações humanas. Dedicar tempo de qualidade ao parceiro fortalece os vínculos e reduz a dependência da tecnologia. Além disso, manter a transparência nas interações com IA pode ajudar a evitar segredos e receios, promovendo um ambiente de confiança mútua.
A tecnologia como aliada ou inimiga das relações amorosas?
A discussão sobre a relação entre tecnologia e amor não precisa colocar a IA como antagonista dos relacionamentos. Pelo contrário, a prestação clara de acordos e comunicação aberta pode transformar a tecnologia em uma aliada na manutenção dos laços afetivos. Quando os chatbots começam a ocupar o espaço de apoio e companheirismo de um parceiro, o relacionamento humano sofre, especialmente se essas interações forem mantidas em segredo. Assim, com clareza e acordos pré-estabelecidos, a tecnologia pode coexistir de forma saudável com as relações amorosas.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
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