A circulação cerebral é responsável por fornecer cerca de 20% de todo o oxigênio e glicose que o corpo consome. Quando esse fluxo sanguíneo diminui, mesmo que levemente, os neurônios entram em um modo de “economia de energia”, manifestando sinais cognitivos e sensoriais sutis que muitas vezes são confundidos com estresse, envelhecimento ou simples cansaço.
Por que a “névoa mental” e o esquecimento são os primeiros alertas?
O cérebro é extremamente sensível à falta de combustível e, quando a perfusão sanguínea cai, a velocidade de processamento diminui imediatamente. Isso se manifesta como “névoa mental” (brain fog), caracterizada por dificuldade de concentração, raciocínio lento e uma sensação de que a mente está “nublada” ou desconectada.
Além da lentidão, a memória de curto prazo é afetada, resultando em esquecimentos frequentes de palavras ou tarefas simples. O NIH (EUA) descreve a insuficiência cerebrovascular como uma causa primária de declínio cognitivo leve, indicando que os neurônios não estão recebendo nutrientes suficientes para formar novas memórias.
A tontura repentina indica falha no fluxo sanguíneo?
Sim, a tontura ou a sensação de “cabeça leve”, especialmente ao se levantar rápido (hipotensão ortostática), é um sinal clássico de que o sangue não está chegando ao cérebro com a rapidez necessária. O sistema circulatório falha em lutar contra a gravidade momentaneamente, causando uma breve hipóxia (falta de oxigênio).
Em casos mais persistentes, isso pode se manifestar como vertigem ou desequilíbrio ao caminhar. Isso sugere que as áreas do cérebro responsáveis pela coordenação, como o cerebelo, podem estar recebendo um fluxo sanguíneo subótimo.
Leia também: Sintomas discretos de falta de vitaminas que podem passar despercebidos
O zumbido no ouvido tem relação com as artérias?
O ouvido interno é altamente vascularizado e extremamente sensível a alterações no fluxo sanguíneo. Um fluxo turbulento ou reduzido nas artérias próximas (como as carótidas) pode gerar um som de zumbido, chiado ou pulsação auditiva.
Muitas vezes, a perda auditiva súbita ou flutuante também pode estar ligada a problemas vasculares. A microcirculação deficiente impede que as células ciliadas do ouvido funcionem corretamente, gerando ruídos fantasmas que não têm origem externa.
A fadiga e a sonolência diurna são sinais vasculares?
Quando o cérebro não recebe oxigênio suficiente, ele induz um estado de letargia para conservar energia vital. Isso resulta em uma fadiga mental avassaladora e sonolência excessiva durante o dia, mesmo após uma noite de sono adequada.
Essa apatia é frequentemente confundida com depressão ou preguiça, mas é uma resposta fisiológica à hipoperfusão. O cérebro simplesmente não tem “combustível” metabólico para manter o estado de alerta e motivação por longos períodos.
Leia também: Como o consumo excessivo de açúcar afeta sua saúde?
Quais outros sinais físicos o corpo emite?
A má circulação raramente afeta apenas uma área isolada; sinais periféricos muitas vezes acompanham os sintomas cerebrais. É comum que a dormência ou alterações visuais ocorram simultaneamente, indicando um problema sistêmico.
A Cleveland Clinic alerta que a má circulação é silenciosa no início. Fique atento a este conjunto de sintomas neurológicos e físicos:
- Alterações visuais: Visão turva momentânea, pontos pretos ou “estrelas” na visão.
- Parestesia: Formigamento ou dormência no rosto ou em um dos lados do corpo.
- Mãos e pés frios: A circulação periférica ruim frequentemente acompanha a cerebral.
- Coordenação motora fina: Dificuldade repentina em escrever ou abotoar uma camisa.
