A gordura no fígado (esteatose hepática) é uma das condições crônicas mais silenciosas e crescentes. Ela ocorre quando há um acúmulo excessivo de gordura nas células hepáticas, muitas vezes sem apresentar sintomas claros nos estágios iniciais, o que dificulta sua detecção precoce.
Por que esta condição é chamada de “doença silenciosa”?
O fígado é um órgão resiliente e não possui nervos sensíveis à dor em seu interior, permitindo que a gordura se acumule por anos sem causar desconforto. Ele compensa a função, mascarando o problema.
Os sintomas geralmente só aparecem quando a condição progride de gordura simples (esteatose) para inflamação (esteato-hepatite) ou cicatrizes (fibrose), quando o dano já está mais avançado.

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A fadiga constante pode ser o primeiro sinal?
Sim, este é o sintoma mais comum (embora vago) da gordura no fígado. Não é um cansaço comum, mas uma fadiga profunda e persistente (letargia) que não melhora com o descanso.
Isso ocorre porque o fígado inflamado ou “congestionado” de gordura luta para gerenciar o metabolismo energético do corpo, como o armazenamento e a liberação de glicose, resultando em uma “crise” de energia.
O desconforto abdominal está relacionado?
Embora a dor aguda seja rara, algumas pessoas nos estágios iniciais relatam um desconforto vago ou uma sensação de “peso” e plenitude no quadrante superior direito do abdômen (onde o fígado se localiza).
Isso pode ser causado pelo leve aumento do fígado (hepatomegalia), que começa a pressionar a cápsula que o reveste ou os órgãos adjacentes, mas geralmente é um sintoma leve e facilmente ignorado.
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Quais são os sinais de alerta de que a condição está avançando?
Se a gordura no fígado evoluir para fibrose avançada ou cirrose, os sintomas tornam-se graves, pois o fígado começa a falhar em suas funções vitais de filtragem e produção de proteínas.
Estes sintomas tardios refletem a incapacidade do fígado de processar toxinas (como a bilirrubina) ou regular fluidos:
- Icterícia (pele e olhos amarelados).
- Ascite (acúmulo de líquido e inchaço significativo na barriga).
- Edema (inchaço) nas pernas e tornozelos.
- Aparecimento fácil de hematomas (manchas roxas) ou sangramentos.
Quem corre mais risco e deve ficar atento?
A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) está diretamente ligada à síndrome metabólica. Harvard Health confirma que o excesso de açúcar e a obesidade são os principais gatilhos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que dietas ricas em açúcares livres são um fator de risco. Os grupos de maior risco são pessoas com diabetes tipo 2, obesidade (especialmente gordura abdominal) e triglicerídeos elevados.
O que realmente “entope” o fígado de gordura? (não é o que você pensa)
Embora o nome seja “gordura no fígado”, a principal causa da versão não alcoólica da doença (DHGNA) raramente é o consumo de gordura saudável. O verdadeiro vilão, apontado por instituições como a Harvard Health, é o excesso de açúcar (especialmente a frutose, vinda de refrigerantes e ultraprocessados).
Quando o fígado é inundado com mais açúcar do que ele consegue armazenar como energia (glicogênio), ele não tem escolha a não ser transformar esse excesso em gordura (um processo chamado lipogênese) e armazená-la em si mesmo.
Esse processo é a raiz da epidemia de esteatose hepática. Os principais gatilhos que aceleram esse “entupimento” estão diretamente ligados à síndrome metabólica:
- Obesidade central: O acúmulo de gordura na região abdominal (barriga).
- Resistência à insulina (ou Diabetes Tipo 2): O corpo precisa de cada vez mais insulina para guardar o açúcar, sobrecarregando o fígado.
- Triglicerídeos elevados: Níveis altos de gordura circulando no sangue, muitas vezes causados pelo mesmo excesso de açúcar.
No vídeo a seguir, o especialista Drauzio Varella explica melhor sobre as causas:
@portaldrauziovarella O fígado sofre calado. Fica esperto(a) ⚠ #gorduranofigado #esteatosehepatica #drauziovarella ♬ som original – Portal Drauzio









