A palavra muito é uma das mais usadas no português e, mesmo assim, gera dúvida entre estudantes e curiosos: se outras palavras com o mesmo som usam a letra N, por que “muito” não segue essa regra? A resposta envolve origem histórica, evolução da língua e a maneira como o português transformou sons ao longo do tempo.
Qual é a origem da palavra “muito”?
“Muito” vem do latim multus, que significa “numeroso” ou “em grande quantidade”. Com o passar dos séculos, o som do L em multus se enfraqueceu, formando algo próximo de “mútus”. Na transição para o português arcaico, o ditongo “ui” surgiu naturalmente como resultado dessa mudança sonora, e não havia N na estrutura da palavra.

Por que não se usa N para representar o som nasal em “muito”?
Em palavras como “ponto” ou “venda”, a letra N aparece para marcar a nasalização. Mas em “muito”, o som nasal não vem da vogal, e sim da combinação natural do ditongo “ui”. Ou seja, não existe nasalidade que exija a letra N. A pronúncia atual pode até sugerir um som nasal para alguns falantes, mas esse efeito é fonético, não ortográfico.
Abaixo, um vídeo por erinho.oficial no TikTok:
A pronúncia de “muito” mudou ao longo do tempo?
Sim. Em algumas regiões do Brasil, principalmente no Sudeste e Nordeste, muitas pessoas pronunciam “muiNto”, com um leve N. Isso acontece por influência do ritmo da fala, não por regra gramatical. A escrita permanece baseada na forma histórica e etimológica da palavra, que nunca teve N, nem no latim, nem no português antigo.

Outras palavras seguem essa mesma lógica?
Sim. Palavras como “coito”, “ruído”, “fluido” e “fui” também formam ditongos sem uso de N, mesmo que alguns falantes percebam um som nasal leve dependendo da região. Em todos esses casos, a escrita segue a origem histórica e não se altera conforme mudanças regionais de pronúncia.
Em 2025, a dúvida continua comum, mas a explicação permanece a mesma: “muito” não tem N porque nunca teve, nem na origem, nem na evolução do idioma.










