Candidatos à reitoria da Universidade de Brasília (UnB) dão início ao período de campanha para a gestão de 2020 a 2024. A homologação das quatro chapas ocorreu ontem, às 19h, quando foi aberto o período de divulgação das propostas dos educadores. A votação será realizada, pela primeira vez, de modo virtual, em razão da pandemia do novo coronavírus e das orientações de distanciamento social. Outro fator que torna a eleição diferente, neste ano, é a consolidação do processo democrático, que acontece desde 1985. Em 2020, ele correu risco de mudanças com a Medida Provisória 979, que permitiria que o Ministério da Educação decidisse a nomeação sem consultar a comunidade acadêmica, mas a MP acabou revogada.
Mais de 50 mil pessoas devem participar do processo de escolha, entre três segmentos: estudantes, professores e técnicos da UnB. O pleito é organizado pela Comissão Organizadora da Consulta (COC), que conta com nove representantes da universidade, sendo três de cada categoria. O resultado é calculado com pesos diferentes sob o voto individual e leva em conta o número de votantes de cada segmento. O primeiro turno está programado para 25 e 26 de agosto. Se houver segundo turno, as campanhas vão até 7 de setembro, um dia antes da nova votação. A divulgação final do resultado da consulta será em 11 de setembro. A indicação ao posto é realizada pelo Ministério da Educação, após homologação da lista tríplice pelo Conselho Universitário (Consuni), mas, tradicionalmente, o resultado é respeitado pelo governo federal vigente, que define a chapa vencedora.
Entre os candidatos, concorre à reeleição, a atual reitora, Márcia Abrahão Moura, e Enrique Huelva Unternbaumen, para vice-reitor, pela chapa “Somar”. A “Unifica UnB — Seja plural” é composta por Virgílio Caixeta Arraes, candidato a reitor, e Suélia de Siqueira Rodrigues Fleury Rosa, a vice. Jaime Martins de Santana disputa a retoria ao lado de Gilberto Lacerda dos Santos, como vice-reitor, pela chapa “UnB pode muito mais”. Por fim, a “Tempo de Florescer UnB” tem Maria Fátima de Sousa como candidata a reitora, e Elmira Luzia Melo Soares Simeão, candidata a vice.
Os postulantes não podem exercer atividades administrativas, até o resultado final, nem utilizar o site institucional da universidade para compartilhar materiais de campanha, conforme regulamento. Cada chapa poderá enviar sete e-mails aos integrantes da comunidade acadêmica, em dias e horários preestabelecidos.
Perfis
Márcia Abrahão Moura busca a reeleição da reitoria da UnB. A primeira mulher a ocupar o cargo na universidade tem graduação, mestrado e doutorado em geologia pela instituição, com experiência como coordenadora do curso de graduação, coordenadora de extensão e vice-diretora do Instituto de Geociências. Márcia também exerceu a função de decana (pró-reitora) de Ensino de Graduação e de diretora do Instituto de Geociências da UnB. Para ela, a chapa Somar traz como um dos diferenciais as conquistas dos últimos anos. “Nossa gestão trabalhou e alcançou melhores índices acadêmicos. Teremos momentos difíceis nos próximos quatro anos, por conta da pandemia, mas vamos continuar investindo em infraestrutura, dando uma assistência estudantil fortalecida, pensando na crise econômica e no empobrecimento provocado por ela, fortalecendo a pós-graduação, com maior integração entre os programas e consolidando a UnB como um local agradável, com internacionalização, segurança e sustentabilidade ambiental”, detalha.
A chapa Unifica UnB é encabeçada por Virgílio Caixeta Arraes, graduado, mestre e doutor em história pela instituição, com experiências em trabalhos na Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI), na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI) e na Escola Superior de Guerra (ESG). “Nossa chapa defende a pluralidade, a equidade e a democracia. Vamos escutar a comunidade acadêmica, trabalhando em prol da ciência, com representantes que unem todos os quatro campi da UnB. Temos a Suélia de Siqueira Rodrigues como candidata à vice-reitora, que é uma das professoras da nova geração da universidade com mais patentes depositadas. É com muita satisfação que, assim, conciliamos as ciências humanas e exatas, respeitando a experiência e acolhendo o entusiasmo dos novos colegas”, promete.
Jaime Martins de Santana é graduado, mestrado e doutorado em ciências biológicas pela UnB, ocupando atualmente o cargo de diretor do Instituto de Ciências Biológicas da UnB. Membro do Comitê Medicina I da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ele também foi Conselheiro Nacional da SBPC e decano de Pesquisa e Pós-Graduação (pró-reitor) da universidade. “Sou um produto da inclusão social da educação pública, me alfabetizei em uma escola rural e só consegui ficar na UnB porque tinha o alojamento e o chamado bandejão. Por isso, quero colocar minha experiência a serviço da instituição e da sociedade. Precisamos de cuidado com alunos em vulnerabilidade econômica, dando condições de estudo para eles, propondo um kit de permanência digital, com um tablet e um chip com internet de qualidade, e construindo novos prédios para abrigá-los. Também, queremos propor um plano de saúde corporativo e uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na universidade”, explica.
A chapa Tempo de Florescer UnB tem Maria Fátima de Sousa como candidata à reitora, doutora em ciências da saúde pela Universidade de Brasília e doutora honoris causa pela Universidade Federal da Paraíba. Fátima foi coordenadora do Mestrado Profissionalizante do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), gerente nacional do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e assessora no Programa Saúde da Família (PSF), junto ao Ministério da Saúde. Nas últimas eleições a governador do DF, ela foi candidata pelo PSol. “Vamos enfrentar a travessia pela pandemia e o período de pós-pandemia, com a universidade como apoio da reconstrução, com uma ciência cidadã, que se coloque à disposição dos problemas que a sociedade vive. Temos o desafio de trazer de volta os valores originários que constam no identitário da UnB, que foi a primeira a pensar em cotas para negros, por exemplo, e precisa pensar em não deixar ninguém para trás, mesmo em períodos de aulas remotas”, diz.
Retomada em debate
A decisão pelo retorno das aulas presenciais de escolas particulares do Distrito Federal segue em debate. Hoje, a juíza substituta do Trabalho Adriana Zveiter terá uma audiência para discutir o tema e analisar o recurso do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe) contra a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). As aulas nas instituições privadas voltariam na última segunda-feira, mas o TRT suspendeu esse retorno até 6 de agosto, acatando, parcialmente, um pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT), que levantou preocupações com a saúde da população com um retorno antes das escolas públicas, em meio à pandemia. Os responsáveis pelos estudantes não chegam a um consenso sobre o melhor retorno. Enquanto a Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa) se manifestou contra a volta do dia 27, ontem, cerca de 70 veículos de famílias e representantes de unidades de ensino privadas protestaram, em uma carreata em frente ao Palácio do Buriti, pelo retorno das atividades presenciais nas escolas particulares de educação infantil.
Números
54 mil
pessoas na comunidade acadêmica
39.610
estudantes de graduação
8.435
estudantes de pós-graduação de cursos stricto sensu
3.171
técnicos administrativos
2.818
docentes
DATAS
29 de julho
Homologação das chapas
29 de julho a 24 de agosto
Campanha
25 e 26 de agosto
Votação 1º turno
8 de setembro
Votação 2º turno
10 de setembro
Prazo para recurso
11 de setembro
Divulgação final do resultado da consulta
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