‘Estava consciente na hora do acidente’, diz motorista que atropelou e matou jovem na EPNB

Em entrevista exclusiva ao Correio, a acusada confessou que ingeriu bebida alcoólica momentos antes do acidente, mas se diz inocente

Darcianne Diogo
postado em 09/08/2020 21:34 / atualizado em 09/08/2020 21:40
 (crédito: Divulgação/Detran-DF)
(crédito: Divulgação/Detran-DF)

A motorista acusada de atropelar e matar um jovem, identificado como Lucas Ribeiro dos Reis, de 24 anos, na manhã deste sábado (8/8), na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), na DF-075, concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio e afirmou que, apesar de ter ingerido bebida alcoólica, estava consciente no momento do acidente e alega que a motocicleta atingiu o veículo dela. Na manhã deste domingo (9/8), a servidora pública, 55, passou por audiência de custódia e foi liberada. Ela terá de usar tornozeleira eletrônica, conforme decisão judicial.

A suspeita conta que saiu de uma festa de aniversário em um restaurante do Núcleo Bandeirante, por volta das 00h, com duas amigas. “Eu ia levar elas para casa. Como não havia visto carros no cruzamento, decidi atravessar. Nesse momento, só ouvi uma batida no meu carro e pedaços de vidro voando. Imagino que o jovem não tenha visto meu carro atravessando ou se viu estava muito em cima e não teve como desviar. Parecia que ele (motociclista) estava em alta velocidade”, contou.


A condutora dirigia um Renault Duster preto e a vítima, uma moto Yamaha XTZ 150cc azul. Segundo informações do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBM-DF), ela passou pelo teste de bafômetro e apresentou resultado positivo para o consumo de bebida alcoólica. O jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local, antes mesmo da chegada dos bombeiros. A servidora apresentou escoriações no corpo e estilhaços de vidro nos olhos. Ela foi transportada ao Hospital de Base e, em seguida, encaminhada para a 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), onde foi presa. O Correio apurou que o teste de bafômetro da motorista apontou 0,57 miligramas. O limite para que o condutor não seja multado é de 0,05 miligramas, segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran).


A acusada conta que estava na metade da pista, quando a moto atingiu o carro dela. “Consegui tirar o cinto de segurança e dei um murro na porta para sair do veículo, pois estava saindo fumaça. Caí no chão e fiquei em estado de choque. Na hora, gritei muito quando me falaram que o menino estava morto. Nunca esperava que isso fosse acontecer um dia na minha vida”, afirmou.


Prisão
Na manhã deste domingo, a motorista conseguiu a liberdade provisória, depois de ter passado por audiência de custódia. O juiz entendeu que, “embora o grave crime imputado à autuada tenha pena máxima superior a quatros anos, não vislumbra no caso que a liberdade da autuada possa trazer, a princípio, qualquer risco aos valores previstos no art. 312 do Código de Processo Penal”.


No entanto, a servidora será monitorada por 90 dias, por meio de tornozeleira eletrônica. Ela deve comparecer ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime), nesta segunda-feira (10/8), a partir das 13h, para instalar o equipamento. Segundo a decisão judicial, ela deverá comparecer a todos os atos do processo e está proibida de se ausentar do Distrito Federal por mais de 30 dias. Além disso, a suspeita não poderá mudar de endereço sem comunicar a Justiça e deverá permanecer em casa entre 6h e 20h, de terça-feira a sexta-feira e, aos sábados e domingos, em regime integral. Às segundas-feiras, o magistrado permitiu que ela se desloque para o trabalho, onde atua como auxiliar de radiologia em um hospital estadual de Goiânia. Ela está proibida, ainda, de dirigir e frequentar bares e locais que vendam bebidas alcoólicas.

 

O advogado de defesa da mulher, Fellippe Martins, afirmou que todo o procedimento em audiência ocorreu dentro do que prevê a legislação brasileira. “A Márcia está bastante abalada com toda a situação. Tudo irá se esclarecer quando da efetiva formação do processo, audiência de instrução, oitiva de testemunhas, eventuais perícias. Em outras palavras, ela pode não ter dado causa ao acidente que, infelizmente, vitimou uma pessoa”, finalizou.

 

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