Live realizada nesta quinta-feira (13/8) discutiu Violência de Gênero e a Mídia. O debate foi promovido pela Organização Não Governamental (ONG) SOS Mulher e Família Uberlândia e recebeu como convidada a coordenadora de conteúdo da editoria de Cidades e articulista do Correio Braziliense Adriana Bernardes.
A conversa foi mediada por Fernanda Nocam, psicóloga e vice-presidente da ONG, e abordou a responsabilidade social do jornalismo no contexto da violência doméstica. Adriana Bernardes falou sobre a dramatização de histórias, do desafio diário de questionar atitudes machistas dentro e fora da prática do jornalismo. Também foram debatidas políticas públicas para mulheres e meninas vítimas de violência doméstica, assistência psicossocial e orientação para as famílias em ciclos de violência.
Adriana destacou que a cultura machista está tão presente que é necessário interferência do poder público e de todo um arcabouço social para que haja mudança de postura. Como exemplo, ela mencionou a criança que vive em um ambiente de violência doméstica só conhece esse cenário e pode acreditar que aquilo é normal. “Por isso precisa que venha a escola para dizer que aquilo não é normal. Só assim vamos mudar essa cultura machista, por meio da educação, com políticas públicas e com cada um buscando e entendendo o seu papel.”
Ela frisou trabalhos relevantes que deram luz ao tema da violência doméstica como o especial “Elas no Alvo”, finalista do 8º Prêmio República de Valorização do Ministério Público Federal. A apuração da reportagem começou com o caso de uma senhora idosa assassinada pelo companheiro após décadas de violência doméstica e mostrou que as mulheres são agredidas e convivem com relacionamentos abusivos do momento em que nascem até a velhice.
Foi ressaltado ainda que a Polícia Civil do DF tem enquadrado e indiciado agressores de meninas e até bebês na Lei Maria da Penha. O MPDFT e a Justiça têm corroborado com essa linha de atuação.
No contexto do jornalismo e da violência contra a mulher, Adriana revelou que é necessário refletir caso a caso como tratar a notícia da melhor maneira e dar a abordagem mais humana e responsável possível. “O jornalismo tem a missão de tentar mudar positivamente a sociedade. E nesse aspecto da violência contra a mulher é difícil, porque estamos lidando com conceitos subjetivos, que estão arraigados e são tão fortes que são como uma placa de aço.”
A coordenadora de conteúdo do Correio destacou ainda que veículo onde trabalha há mais de 10 anos adota uma linha editorial que tem por objetivo combater a violência de gênero. “O Correio assumiu a missão social de tentar desconstruir essa cultura patriarcal e ter esse zelo com a mulher, com as vítimas de violência doméstica. Nós sempre buscamos não só noticiar, mas instruir quem vai ler sobre os canais para denunciar e os sinais para perceber o relacionamento abusivo.”
A vice-presidente da ONG que atende vítimas diretas e indiretas de violência doméstica, Fernanda Nocam, disse que observar a participação do Correio na luta pela igualdade de gênero dá força e visibilidade à discussão. “A linha [editorial] é de fundamental importância, sem os veículos de comunicação como parceiros seríamos silenciadas enquanto mulheres, ou enquanto instituições. A mídia chega com maior facilidade a um público diversificado podendo reforçar padrões ou desconstruir", observou.
A ONG SOS Mulher Família Uberlândia existe há cerca de 25 anos e desenvolve trabalhos de socioeducativos em centros comunitários, escolas e faculdades de Uberlândia. Para conhecer mais o trabalho da grupo, acesse a página no Instagram @ongsosmulherfamiliauberlandia.
Onde pedir ajuda
Ouvidoria do MPDFT
Telefones: 0800 644 9500 ou 127, das 8h às 19h
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Promotorias de Justiça
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Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEAMs)
Unidades: Planaltina, Ceilândia e 102 Sul
Centros Especializados de Atenção às Pessoas em Situação de Violência (Cepavs)
Unidades: nos hospitais regionais ou policlínicas
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
(61) 3207-6172
Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100
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