Tráfico

PM abre inquérito para investigar coronel padrasto de jovem picado por naja

Ele foi indiciado 23 vezes por tráfico de animais silvestres, maus-tratos, fraude processual e associação criminosa pela Polícia Civil. Condi está afastado das atividades externas e, atualmente, desenvolve funções internas no setor administrativo da corporação

Darcianne Diogo
postado em 23/08/2020 12:40 / atualizado em 23/08/2020 14:13
 (crédito: Ivan Mattos/Zoologico de Brasilia - 11/7/20)
(crédito: Ivan Mattos/Zoologico de Brasilia - 11/7/20)

O padrasto de Pedro Henrique Krambeck Lehmukl, 22 anos, o tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi, é alvo de um Inquérito Policial Militar, instaurado pela corporação para investigar as condutas do servidor no caso da naja. Ele foi indiciado 23 vezes por tráfico de animais silvestres, maus-tratos, fraude processual e associação criminosa pela Polícia Civil.

Condi está afastado das atividades externas e, atualmente, desenvolve funções internas no setor administrativo da corporação, segundo informou a PMDF. “A Polícia Militar instaurou Inquérito Policial Militar para investigar o caso e adotará todas as medidas necessárias após análise dos fatos. A Corregedoria da PM irá conduzir os trabalhos de investigação juntamente com o Ministério Público Militar”, esclareceu o órgão por meio de nota oficial.

Segundo investigações conduzidas pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama), no esquema de tráfico, o militar era responsável por ter dado suporte financeiro à atividade ilegal, além de ter fornecido material para que a residência servisse de cativeiro para as cobras. Câmeras de segurança do condomínio onde ele mora com a família, no Guará 2, registraram o momento em que Clóvis deixa o apartamento carregando diversas caixas de serpentes logo após o enteado ser picado pela naja.

Envolvimento

Além do policial, a mulher dele, Rose Meire dos Santos, também responderá por fraude processual, corrupção de menores, tráfico de animais, maus-tratos e associação criminosa. Embora a advogada tenha negado qualquer envolvimento no caso, a polícia concluiu que ela ficava encarregada de alimentar as cobras e de cuidar da reprodução dos animais.

O Correio teve acesso, com exclusividade, a conversas entre Rose e o filho, que revelam que ela era conivente com a atividade ilícita. Nas conversas, ficou comprovado que o acusado de traficar animais silvestres viajava para estados como São Paulo e Bahia na intenção de comprar serpentes e revendê-las em Brasília.

Os diálogos estavam armazenados na galeria do celular do estudante de medicina veterinária. Em uma das conversas, a mãe pergunta: “E aí? Tá por onde? Jantou? E as cobras?" Pedro responde em seguida: “Passando por Ibotirama (BA)”, e finaliza dizendo que as cobras estão bem.

Em um outro diálogo, o indiciado manda uma foto para a mãe da víbora-verde-de-vogel, cobra exótica, nativa da Ásia, e ela responde: “Rum. Isso não. Olha o tamanho desse bicho”. O jovem desconversa e diz: “Como estão meus ovos? Você tem olhado?”.

Pedro Henrique foi indiciado 23 vezes por tráfico de animais silvestres e maus-tratos, além de associação criminosa, além de exercício ilegal da profissão. Vídeos colhidos pela PCDF mostraram o acusado realizando uma cirurgia em uma cobra, de maneira ilegal. O Correio apurou que o procedimento cirúrgico foi feito no interior de um dos estabelecimentos de fast-food, administrado pelo padrasto.

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