Referência na indústria e no futebol do Distrito Federal, o Gama ganha relevância, também, na educação. Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) colocaram a região administrativa em destaque no ensino médio: das cinco escolas com melhor desempenho, as três primeiras estão no Gama. Duas delas, inclusive, ultrapassaram a meta de 2021 e oferecem ensino integrado com educação profissional.
O que as três escolas têm em comum é o ensino integral, isto é, atividades de reforço e extensão no contraturno das aulas regulares — além de serem públicas. Mas, cada caso tem suas especificidades. O primeiro lugar, ocupado pelo Centro de Ensino Médio Integrado do Gama (Cemi) faz parte rede pública de ensino do Distrito Federal e é uma unidade voltada à educação de nível médio associada à educação profissional.
O segundo lugar é ocupado pelo Instituto Federal de Brasília Campus Gama, também com ensino médio integrado ao técnico, mas pertencente à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. A terceira posição é do Centro Educacional (CED) 8 do Gama — anos finais do ensino fundamental (6º a 9º) e médio — que também é da rede distrital de educação.
Cemi
O Cemi despontou com nota 6,2 — um ponto acima da meta do Ideb e 1,7 superior à média do Distrito Federal, que ficou em 4,5. O índice projetado para 2019 no DF foi 5,2. O estudante do 2º ano do ensino médio Gabriel Vieira Gomes, 16 anos, frequenta o colégio desde o ano passado e credita o sucesso à modalidade de ensino integral e proximidade entre educadores, estudantes e família. “A gente cria vínculos muito fortes. Toda essa bagagem que a escola traz para a gente é muito importante para o contexto de vida que a gente vai precisar, não só no âmbito profissional mas no pessoal”, ressalta o adolescente. O irmão, Danilo, 15, está no 1º ano do ensino médio, e também é só elogios à escola. “Os professores são ótimos, trabalham lá há muito tempo e sabem como passar o conteúdo. Acho uma escola boa e dedicada no que faz”, afirma o jovem.
De acordo com o diretor da escola, Carlos Lafaiete Formiga, o principal elemento para o bom desempenho é o engajamento dos professores e alunos, cuja relação o educador descreve como a de uma família. A unidade investe na formação dos professores e atividades extracurriculares, como o Projeto Afrobrasilidades, para discutir o racismo estrutural; oficinas audiovisuais; acolhimento psicológico da comunidade escolar, com apoio da Secretaria de Saúde; projetos de iniciação científica; e aulas de pilates e ioga.
IFB Gama
Para João Pedro Veloso Gomes, 18, a possibilidade de participar ativamente de discussões em sala de aula e a elevada quantidade de iniciativas extracurriculares oferecidas pelo Instituto Federal de Brasília são elementos que proporcionaram a boa avaliação. Com nota 5,5, a escola superou tanto a meta de 2019 (5,2) quanto a de 2021 (5,4).
Diretor-geral do campus Gama, Rômulo Ramos Nobre Júnior afirma que o modelo de educação profissional e tecnológica, associado à alta qualificação dos profissionais e boa infraestrutura, são os elementos que garantiram o resultado positivo.
“A gente quer sempre se superar, então é continuar com o trabalho de sucesso que temos desempenhando, mas com vistas de aprimorar mais. A dedicação vai permanecer, e esse resultado positivo vai dar mais motivação para que a gente consiga dar aos alunos o maior nível de qualidade de ensino possível que a instituição pode oferecer”, frisa Rômulo Ramos
CED 8
Apesar de não ter atingido a meta projetada pelo indicador para 2019, o Centro Educacional (CED) 8 do Gama ficou em terceiro lugar no ranking de escolas do DF. Ainda assim, o resultado é gratificante, segundo a coordenação, uma vez que, no último ciclo, em 2017, a escola não foi avaliada por não ter alcançado a participação mínima de 80% dos alunos. Além disso, os índices de evasão e reprovação dos alunos eram elevados.
Em 2017, a reprovação dos alunos do 1º ano do ensino médio foi de 65,3%. O indicador de rendimento, que mede a taxa de aprovação — na qual 1 representa a totalidade dos estudantes — subiu de 0,76, em 2017, para 0,92, em 2019 (em todos os anos da etapa). “O CED 8 passou por uma fase muito difícil, de ser cogitado um processo de intervenção na escola. Os professores e a comunidade uniram-se para mudar a realidade da escola. A gente não tem mais evasão escolar. Não é só questão da nota da Ideb, mas é ver, também, que houve um crescimento. O importante é que os meninos estão melhorando”, avalia a diretora da unidade, Eufrázia de Souza Rosa.
Gestão
A Coordenação Regional de Ensino do Gama é chefiada pela professora Cássia Nunes desde o ano passado. Ela promoveu mudanças na gestão, focando em um trabalho mais humanizado nas unidades escolares, ao qual atribui os bons resultados na região. “A escuta foi o principal diferencial, porque quando você compartilha a decisão com o colegiado, você consegue ter melhores ideias do que se você centralizar. Outra coisa é o envolvimento, quando dividimos responsabilidades, a gente consegue o comprometimento das pessoas”, explica Cássia.
Do Piauí, a pedagoga veio para o Distrito Federal bebê, com seis meses e, desde então, mora no Gama. Estudou sempre em unidades públicas da região, passando pela Escola Classe 6 e pelo antigo CEF 12 do Gama, atual Cemi; e é professora da Secretaria de Educação há 26 anos. “Eu acredito tanto na escola pública. Já fui estudante, professora, coordenadora e gestora da Escola Classe 6. E, este é histórico de várias escolas daqui, escolas de sucesso, onde várias gerações vão se formando. Esse sentimento de pertencimento é o que faz o diferencial”, define Cássia.
Ranking das escolas do DF
Ensino Médio
1º Cemi Gama 6,2
2º IFB Campus Gama 5,5
3º CED 08 do Gama 4,9
4º CEM 01 de Brazlândia 4,9
5ºCEM Setor Leste 4,8
*Média do Distrito Federal: 4,5
*Meta do Distrito Federal: 5,2
Regional de Ensino do Gama
» 50 escolas, incluindo jardins de infância
» 44 escolas de ensino fundamental e médio
» Cerca de 33 mil alunos
» Cerca de 2.700 professores