Crime

Justiça pede demissão de sargento da PM condenado por assassinato

A Justiça encaminhou ao Governo do Distrito Federal ofício no qual determina a demissão sumária de sargento da Polícia Militar condenado a 24,6 anos por homicídio duplamente qualificado

Correio Braziliense
postado em 25/09/2020 20:18 / atualizado em 25/09/2020 20:19
 (crédito: Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)

A Justiça encaminhou ao Governo do Distrito Federal ofício no qual determina a demissão sumária do sargento da Polícia Militar Jamir Arthur Langkamer Júnior, 44 anos, condenado a 24,6 anos por homicídio duplamente qualificado. Ele matou, com quatro tiros, em 2012, o também policial militar Helton Carlos de Jesus Cortez Prado, então com 38 anos, em frente à Boate Real Show, em Águas Claras. Jamir cumprirá pena em regime fechado.

Quando cometeu o assassinato, Jamir era cabo da PM. Ao longo dos últimos anos, foi promovido a sargento, mesmo respondendo a processo. Ele já atuou no Bope, no grupamento de combate à prostituição infantil e, atualmente, estava no Batalhão de Adestramento de Cães. À Justiça, o sargento disse que agiu em legítima defesa, pois, quando abordou a vítima, ela estava armada. Como ele caiu durante o confronto, teve que atirar para preservar a própria vida.

Jamir foi submetido a um processo militar conduzido pelo PM, que recomendou o seu indiciamento. O processo, então, seguiu para a Justiça comum, pois se constatou que tanto o sargento quanto Helton não estavam em horário de trabalho. E o motivo do crime nada tinha a ver com a PM: desavenças entre o morto e o dono da boate, Ronaldo José dos Santos, por causa de uma gorjeta de 10% cobrada pela casa de striptease.

Suspeita de segurança privada

No processo, o empresário disse que telefonou, no dia do crime, para o sargento, que é seu amigo, para que ele tentasse conter Helton. A vítima teria ameaçado matar “todo mundo” na boate. O chamado a Jamir teria ocorrido porque o dono da boate não havia sido atendido pela PM. Quando chegou ao estabelecimento, por volta da 7h da manhã, o condenado partiu para cima do policial, que estava do lado de fora da casa de show conversando calmamente com o gerente do local, José Antonio Correia.

Em depoimento à Justiça, dois responsáveis pelo inquérito militar, o segundo tenente Martinho Ramiro Campos Neto e o major Hudson Onofre de Oliveira, reconheceram que Jamir saiu de casa para se envolver em um assunto que não lhe dizia respeito. Se recebeu o telefonema de um amigo pedindo ajuda, deveria ter acionado a PM e não agido sozinho. Os dois também ressaltaram que a forma da abordagem do sargento a Helton não faz parte dos procedimentos da Polícia Militar do Distrito Federal.

Nos depoimentos dos policiais, um deles disse ainda que, durante o andamento do inquérito militar, uma das testemunhas chegou a levantar a possibilidade de Jamir prestar serviços de segurança privada à Boate Real Show, mas, depois, pediu que suas declarações não constassem dos autos. O sargento disse, ao longo do processo, que conheceu Ronaldo dos Santos quando ele ela gerente de uma casa de shows eróticos em Taguatinga. O militar fazia parte do grupo de combate à prostituição infantil. Desde então, tornaram-se amigos.

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