SEGURANÇA

DF tem a menor taxa de homicídios por 100 mil habitantes do país

No primeiro semestre, quantidade de homicídios por 100 mil habitantes ficou em 2,2, no Distrito Federal. Ocorrências desse tipo diminuíram mais de 8% em relação ao mesmo período do ano passado

Sarah Peres
postado em 20/10/2020 06:00 / atualizado em 20/10/2020 06:10
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O Distrito Federal registrou a menor taxa de homicídios por 100 mil habitantes do país, segundo levantamento semestral divulgado no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). No primeiro semestre deste ano, o indicador ficou em 2,2. Os dados também mostraram que os assassinatos no DF tiveram queda de 8,3%. No entanto, casos de latrocínio — roubo com morte — subiram 76,9%.

As ocorrências de homicídios passaram de 215, no primeiro semestre de 2019, para 197, no mesmo período deste ano. A diminuição ocorreu em meio à liberação de internos do sistema carcerário local, que beneficiou 1.933 internos até junho, segundo dados do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

Para o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, a queda nos casos de assassinato é fruto de análises da pasta e do empenho das forças de segurança. “No ano passado, apresentamos ótimos índices, o que se repetiu. Mesmo em meio ao retorno de detentos à sociedade, conseguimos diminuir esse crime (homicídio). Devemos muito disso ao trabalho de inteligência e às investigações da Polícia Civil, que se empenha no desmantelamento dessas ocorrências, as quais têm maior relação com o crime organizado, como o tráfico de drogas”, avalia Torres.

Na análise de Leonardo Sant’Anna, especialista em segurança pública, a redução “não foi tão grande”, mesmo com a influência da pandemia e, consequentemente, com menos pessoas em circulação. “Temos de considerar a soltura dos detentos dos presídios, pois muitos deles voltam às ruas e recorrem à criminalidade. Essa situação pode ser apontada como uma bomba-relógio quanto à questão de segurança”, opina Leonardo.

Latrocínios

O levantamento do FSBP indicou aumento de 76,9% nos casos de latrocínio, com 13 ocorrências no primeiro semestre de 2019 e 23 entre janeiro e junho. Leonardo Sant’Anna destaca que, nessa prática, os bens mais visados pelos criminosos são celulares e veículos. “Isso refletiu-se, sobretudo, na categoria dos motoristas de transporte por aplicativo. A situação vivida por esses profissionais tornou-se um problema grave de segurança que, até o momento, não se resolveu. Eles continuam expostos à agressividade desses assaltantes”, afirma o especialista.

Anderson Torres concorda que motoristas por aplicativo tornaram-se alvos de assaltos no DF. “Nesse crime, há uma divergência de dados, pois o levantamento da secretaria aponta para 20 casos, não 23. Mas, de fato, tivemos um início de ano violento, com a evolução dos roubos para latrocínios. Identificamos a vulnerabilidade desses profissionais e, quanto a toda a situação na capital (federal), estamos nos empenhando para reduzir os índices, como dos homicídios. Infelizmente, não temos como segurar a criminalidade, mas estamos focados em diminuir e tirar esses autores das ruas”, ressalta o secretário.

Ação policial

No DF, as mortes por intervenção policial dobraram, passando de quatro casos, no primeiro semestre do ano passado, para oito no mesmo período de 2020. Apesar do aumento, a capital federal tem a menor taxa de letalidade nessas ocorrências, em relação ao restante do país: 0,3.

Para Leonardo Sant’Anna, o baixo índice de letalidade é resultado de três “pilares sólidos” da segurança pública no Distrito Federal. “O primeiro é a formação acadêmica dos profissionais (do setor), pois todos precisam ter ensino superior para prestar serviço. Depois, está o treinamento e a capacitação, que é uma das melhores do Brasil. Isso se reflete na aplicação das políticas públicas na sociedade, pois um servidor bem instruído examinará outras ações antes de apelar para o uso da força física”, elenca. “Outro ponto importante é a certeza de que um bandido pensará duas vezes antes de entrar em um confronto armado com a polícia. As chances de ele acabar morto são altas”, acrescenta Leonardo.

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