LGBTfobia

Clínica de hipnose na Asa Sul é investigada por prometer "cura gay"

Serviço oferecido pela empresa Hipnoticus tem o custo de R$ 29,9 mil, com seis meses de duração. Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da CLDF investigará o caso

Bárbara Fragoso
postado em 08/11/2020 15:39
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

A Comissão de Defesa dos Direitos humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) investiga uma clínica de hipnose que promete "garantia vitalícia" para o "tratamento do homossexualismo". Ao custo de R$ 29,9 mil, a clínica Hipnoticus, na Asa Sul, oferece "gura gay" em 20 sessões. O suposto tratamento tem a duração de seis meses. 

Em entrevista ao Correio, o deputado distrital Fábio Félix (Psol), presidente da comissão, informou que soube do caso por meio de uma denúncia anônima. "Chegou a informação de que essa clínica, suposta instituição de tratamento com hipnose, estaria querendo tratar pessoas e se referindo à homossexualidade como doença, inclusive usando o sufixo 'ismo'. É um absurdo completo", apontou. 

O distrital disse que a comissão comunicará o Ministério Público na Defesa dos Direitos Humanos e a Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação (Decrin) para combater o caso por meio de uma parceria. "Está sendo analisado como caso de LGBTfobia. Precisamos de uma apuração porque não é permitido e não é razoável que, em 2020, uma instituição querer fazer a cura das pessoas LGBTs. Isso é um ataque direto à nossa existência", acrescentou. 

No site da empresa, Gabriel Henrique de Azevêdo Veloso informa que é hipnoterapeuta formado em Hipnose Condicionativa pelo Instituto Brasileiro de Hipnologia. Aponta ainda que possui diploma em Hipnoterapia Avançada pelo Hypnosis Motivation Institute (HMI). Ele promete o tratamento contra depressão, distúrbios graves e doenças autoimunes "antes mesmo da primeira sessão". 

LGBTfobia

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o arquivamento da ação popular movida por um grupo de psicólogos que solicitava a liberação da prática de terapias de reversão sexual, a chamada “cura gay”, em todo o Brasil. 

A corte assegura a aplicação da resolução nº 01/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que reprova o oferecimento de qualquer tipo de prática terapêutica que considere a homossexualidade como um “desvio”. Em 2019, a decisão foi assinada pela ministra Cármen Lúcia.

Até a publicação desta matéria, o Correio tentou contato com o hipnoterapeuta Gabriel Henrique de Azevêdo. A reportagem aguarda ainda o retorno do Conselho Federal de Psicologia e do Conselho Regional de Psicologia. 

Aguarde mais informações 

 

 

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