A morte de um macaco em um condomínio do Jardim Botânico acendeu o alerta de moradores do Distrito Federal para um possível surto de febre amarela. É o segundo animal encontrado morto em menos de uma semana. Na última quinta-feira (5/11), um macaco infectado pelo vírus da doença foi identificado em São Sebastião. Este foi o primeiro caso desde 2016.
Em nota oficial, a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) informou que o primata foi localizado nesta segunda-feira (9/11), e está em laboratório da Universidade de Brasília (UnB) para análise da causa da morte. “Não há no momento como afirmar que o primata não humano (PNH) está infectado com o vírus da febre amarela. É necessário aguardar o laudo da UnB, que leva entre 10 a 15 dias.”, afirmou o órgão.
A Dival explica que a morte de um macaco em determinada área é um dos principais indícios de circulação do vírus em regiões de matas e florestas. “Portanto, eles são indicadores importantes para vigilância da Febre Amarela.” O órgão alerta que esses animais não transmitem a doença. Quem encontrar algum morto, deve comunicar pelo telefone 99269-3673 ou pelo e-mail zoonosesdf@gmail.com.
Na manhã desta terça-feira (10/11), equipes da Vigilância Ambiental estiveram no Jardim Botânico fazendo controle químico com borrifação para eliminar áreas de proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da febre amarela, dengue, Chikungunya e Zika.
Sentinela
Especialistas alertam para a importância de proteger os macacos, sentinelas da população para a presença do vírus da febre amarela. Como eles não são agentes transmissores, matá-los não ajuda em nada. “É mais ou menos a mesma coisa que quebrar o termômetro quando ele indica que você está com febre”, compara Eduardo Bessa, professor da pós-graduação em ecologia da UnB.
O pesquisador lembra que esses animais são tão suscetíveis ao vírus quanto os humanos. "Como estão em um ambiente que o mosquito transmite mais, em vegetação mais intocada, esse mosquito vai preferir o macaco, porque está mais perto. Quando há um desmatamento, em que ele perde a presa preferencial, ou prática humana dentro da floresta, ele encontra com as pessoas e transmite o vírus."
Ele lembra que a morte de um ou macaco nem sempre está associada à patologia. "Dizer que viu um morto, ou muito doente, é consequentemente febre amarela? Não. Muito longe disso."
Casos no DF
Dados do último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, sobre o monitoramento de mortes de macacos, mostram que, no Distrito Federal, 69 animais foram recolhidos para análise, mas nenhum teve confirmação para infecção de febre amarela. Em humanos, os últimos casos no DF foram importados, com infecção do paciente em São Paulo, em 2018.
A principal medida de prevenção é a vacinação. No DF, de acordo com a Dival, a cobertura vacinal de febre amarela está em 62,9%. “A vacina é aplicada com uma dose aos nove meses de idade e um reforço aos quatro anos. Pessoas de cinco a 59 anos, não vacinadas ou sem comprovação vacinal, devem tomar uma dose única”, destaca a pasta.
*Colaborou Thaís Umbelino
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