O Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pediu o acesso ao inquérito policial que desencadeou a operação Snake, onde 11 pessoas foram indiciadas por tráfico de animais silvestres, incluindo o estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Krambeck, 22 anos, picado em 7 de julho por uma naja kaouthia. A autarquia solicitou à Justiça o compartilhamento das informações e a cópia integral do inquérito, a fim de subsidiar o processo administrativo que investiga a participação da servidora do órgão Adriana Mascarenhas no esquema criminoso.
O pedido foi deferido em 13 de novembro pelo juiz da 1º Vara Criminal do Gama, Manoel Franklin Fonseca. A servidora trabalhava como coordenadora do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, e foi afastada em 23 de julho por suspeita de conceder, ilegalmente, licenças para o transporte de animais silvestres. Documentos obtidos com exclusividade pelo Correio, à época, revelaram que ela teria entregado, em 12 de fevereiro de 2019, uma cobra jiboia-arco-íris a Gabriel Ribeiro de Moura, 24, amigo de Pedro. Gabriel chegou a ser preso por atrapalhar as investigações e foi indiciado 11 vezes por tráfico de animais e associação criminosa.
À época, o Ibama considerou que, além de violar gravemente a legislação de regência, a servidora demonstrou a intenção em conceder o documento infringindo a norma legal, uma vez que “à época dos fatos, era responsável pelo Cetas, possuindo larga experiência da função”.
Procurado pela reportagem, o advogado de Adriana, Rodrigo Videres, considerou a atitude do Ibama em solicitar a cópia do inquérito como “perseguição”. “A defesa entende e confia no trabalho pela inocência da cliente. As perseguições sofridas durante esse tempo são claras, no sentido de que há a intenção da Comissão do Processo Administrativo em prejudicar a sua defesa em requerer provas das quais Adriana não foi indiciada e nem responde pelas mesmas, tanto na Polícia Civil como na Federal”, esclareceu.
Relembre o caso
O esquema de tráfico de animais silvestres foi revelado após Pedro Henrique ter sido picado por uma naja kaouthia, em 7 de julho, no apartamento onde mora com a família, no Guará 2. O estudante de medicina veterinária chegou a ficar internado em estado grave.
O esquema envolveu professores de medicina veterinária, militares e estudantes, segundo investigações conduzidas pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama). Além de Pedro, o padrasto dele, o tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi e a mãe, a advogada Rose Meire, também foram indiciados por tráfico de animais e associação criminosa. Dos 11 indiciados, seis são estudantes de medicina veterinária e amigos de Pedro Henrique.
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