Cerca de 100 manifestantes promoveram um protesto em frente ao Carrefour Bairro da 402 Sul, por volta das 18h desta quinta-feira (26/11). O ato teve o objetivo de demonstrar indignação pela morte de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, espancado e morto por asfixia há uma semana, em uma unidade do supermercado em Porto Alegre.
O estabelecimento da Asa Sul permaneceu de portas fechadas durante toda a manifestação, que terminou por volta das 20h30. "É muito triste ver mais uma vida perdida por conta do racismo", afirmou o professor João Nogueira, 32. "Resolvi participar do ato, porque estamos sofrendo com tudo isso. Não podemos aceitar. Também fizemos uma vigília com velas, em memória de pessoas que morreram em situações semelhantes", completou o participante.
O servidor público Derson Maia, 30, marcou presença na manifestação para fortalecer a discussão sobre o assassinato de negros. "Lutaremos constantemente contra o racismo. Não é o bastante só o boicote ao Carrefour para que a rede perca recursos na bolsa de valores. Só esse tipo de intervenção não resolve o problema. Precisamos pressionar o conselho gestor do supermercado. Deve haver uma auditoria externa, com representação das organizações negras", enfatizou.
Para Maria Eduarda Krasny, 22, estudante de letras da Universidade de Brasília (UnB), o protesto precisa ser visto como uma reverberação do apelo por justiça. "Nosso protesto é um grito. A sociedade precisa entender que a luta contra o racismo é de todos os brasileiros. Parem de nos matar, por favor. Não aguentamos mais ver o povo negro sangrando nas periferias do nosso país", salientou Maria Eduarda.
No fim do protesto, os manifestantes lançaram tinta vermelha na fachada do Carrefour, para simbolizar o sangue de João Alberto e de outros negros assassinados. Na parte externa do supermercado, policiais militares montaram uma barreira, para evitar que os participantes invadissem o local. A reportagem tenta contato com a assessoria da rede.
Assassinato
João Alberto foi morto, espancado e asfixiado, por dois homens em um supermercado Carrefour de Porto Alegre. Em vídeo que circula nas redes sociais, um dos acusados segura a vítima, e o outro desfere murros contra João Alberto, que grita enquanto recebe os socos. Ao fundo, uma pessoa pede: "Vamos chamar a Brigada (Militar)". Uma mulher, aparentemente uniformizada, acompanha a cena de perto, mas não tenta impedir a ação.
Posteriormente, paramédicos tentam reanimar João, mas ele não resiste. O policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva, 24, e o segurança Magno Braz Borges, 30, foram presos em flagrante.
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