A emoção tomou conta dos parentes e amigos que se reuniram na noite deste sábado (28/11) na missa de 7º dia de Jofran Frejat. Cerca de 60 pessoas participaram da cerimônia na Igreja São Camilo de Léllis, na Asa Sul. Em meio à pandemia do novo coronavírus, o distanciamento foi marcado nos bancos, e na entrada, os fiéis tinham a temperatura aferida e tinham as mãos higienizadas com álcool.
"A gente não pode abraçar, os abraços curam, mas os olhares também. Mão com álcool depois", comentou a filha mais velha, Graziela Frejat, 46 anos. A família de Jofran Frejat ocupou uma área reservada aos parentes mais íntimos, e se emocionaram ao falar dele. Graziela Frejat diz que o pai já faz falta. "Primeiro Natal sem ele vai doer. Ele gostava dessa data, ele se animava", recorda.
"Ele era um cara tão presente na vida de todos nós, sempre preocupado, vai fazer muita falta, já está fazendo, a ficha não caiu, mas é um dia de cada vez. A gente fica aqui esperando que ele chegue. Ele foi muito guerreiro nesse final". Dentro da paróquia foi instalado uma grande telão com a imagem do médico e político.
Frejat morreu na última segunda-feira (23/11), vítima de complicações de um câncer de pulmão, aos 83 anos. Ele estava internado há mais de quinze dias no Santa Lúcia para tratar a doença. Entre os presentes na homenagem estava o senador Izalci Lucas (PSDB), amigo de Frejat. Ele lembrou que a última mensagem trocada com Frejat foi na sexta-feira passada (20/11), quando indicou a ele justamente um pneumologista.
"Eu tinha mandado uma mensagem para ele na sexta, sinceramente não sabia que estava internado, fiquei sabendo depois. Achei estranho porque me retornava sempre na mesma hora, fui surpreendido. Ele foi fumante por muito tempo, e foi vítima disso", ponderou Izalci. "Era muito conciliador, muito simples, me ajudou muito, era muito querido, perdemos um grande homem".
O caráter de Frejat foi lembrado ainda pelo amigos que estiveram na igreja. Francisco Heraldo é auxiliar de serviços diversos da Secretaria de Saúde. Em 2000, ele foi convocado para o posto na época em que Frejat era secretário. Os dois se cruzaram pela primeira vez quando Francisco foi assinar o contrato na pasta e Frejat descia do elevador. Depois deste contato, ficaram amigos.
"Ele era uma pessoa de atitude, pulso firme, duro, se fosse amigo dele, era mais duro ainda, tinha muita firmeza. Mas ao mesmo tempo era brincalhão, gostava de uma prosa, uma anedota. É um tipo de homenagem que estou fazendo a ele, aprendi muito com ele. Eu devo a ele esse compromisso de estar aqui, é uma pessoa que vou carregar para sempre no meu coração, na minha forma de viver. Ele está vivo em mim".
Memória
Frejat era piauiense e nasceu no município de Floriano em 1937. De lá, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou médico e, em 1962, veio para o Distrito Federal. Na capital federal, foi secretário de saúde em quatro ocasiões, entre 1979 e 2002, e deixou como legado a Escola Superior de Ciência da Saúde (ESCS), da qual é o fundador.
Frejat foi um dos políticos de maior renome no Distrito Federal, e além de secretário, foi ainda deputado federal por cinco mandatos. Ele chegou a participar da pré-campanha eleitoral para concorrer ao cargo de governado em 2018, mas desistiu do pleito alegando que não faria um pacto com o diabo. Em 2014, já tinha disputado a vaga no Buriti no lugar o ex-governador José Roberto Arruda, mas perdeu a eleição no segundo turno para Rodrigo Rollemberg (PSB).
O câncer no pulmão só foi diagnosticado em outubro, quando Frejat foi internado para tratar de um cálculo renal. Por isso, chegou a fazer duas sessões de quimioterapia. Depois da morte de Frejat, o governador Ibaneis Rocha (MDB) chegou a decretar luto oficial por três dias.
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