Violência

Suspeito de matar japonesa no centro de João de Deus só levou roupas da vítima

O suspeito, identificado apenas como Rafael, de 18 anos, revistou os pertences de Hitome Akamatsu antes de abordá-la, e não encontrou nenhum objeto de valor. Mesmo vendo que a estrangeira não falava português, alegou ter ficado com medo de ser denunciado e, por isso, a matou

A Justiça de Goiás decidiu converter a prisão em flagrante para preventiva do suspeito do latrocínio (roubo seguido de morte) de Hitome Akamatsu, de 43 anos. A deliberação ocorreu nesta quarta-feira (18/11). O acusado, identificado apenas como Rafael, 18, matou a médica mesmo após saber que ela não teria nenhum bem de valor em 10 de novembro. O homem fugiu da cachoeira da Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus atuava, apenas com roupas da estrangeira. A vítima tinha se mudado para o município de Abadiânia no início deste ano.

Segundo depoimento do acusado, o qual consta nos autos do processo do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), ele teria ido à cachoeira para cometer um roubo. Ao chegar no local, viu Hitome tomando banho e revistou os pertences dela e constatou não haver nenhum objeto de valor ou dinheiro.

Rafael narrou, com detalhes, toda a ação. “Viu uma mulher tomando banho em uma cachoeira (Hitome) e os pertences próximos. Ao revistar os pertences, sem que a vítima percebesse, não encontrou nada de valor. Se aproximou da vítima e notou que ela não falava português. Acreditou que seria denunciado e resolveu matá-la”, descreve os autos do processo como relato do suspeito.

“A vítima o empurrou e saiu. Retirou a camisa e passou pelo pescoço da vítima, enforcando-a. Ela desmaiou e, mesmo assim, continuou apertando. O interrogado (Rafael) soltou a vítima e e aguardou por cinco minutos, quando percebeu que ela havia morrido. Colocou a vítima nos ombros e a jogou em uma vala de enxurrada, e a enterrou com pedras, pois desejava que o corpo não fosse achado”, prossegue.

O acusado deixou a cachoeira com os pertences da médica: uma bermuda, uma saia, uma camiseta e um colchonete azul. Ao sair da Casa Dom Inácio, um segurança do local viu Rafael, parando-o. “Inquiriu o que estaria fazendo ali. Alegou que estava ajudando um povo a recolher um gado e que teria ido a cachoeira para tomar banho”, disse o suspeito em depoimento.

Após sair do centro místico, Rafael foi a uma construção abandonada e, ali, teria encontrado uma garrafa pet com gasolina. Ele teria utilizado o combustível para atear fogo nos pertences da vítima, com exceção da blusa — a vestimenta foi descartada em um contêiner, em frente a estabelecimento local.

Ainda em depoimento, Rafael afirmou ter cometido o latrocínio e a tentativa de roubo por uma dívida de R$ 670 a traficantes de Anápolis. Ele sustentou que oito homens teriam o ameaçado, cobrando o montante. Apesar da versão prestada, o jovem não quis informar aos agentes os nomes dos supostos vendedores de drogas.

Prisão preventiva

Ao analisar os autos do processo da Delegacia de Abadiânia, o juiz Fernando Augusto Chacha de Rezende decidiu manter o suspeito de latrocínio preso. A deliberação ocorreu em audiência de custódia, na tarde desta quarta-feira (18), em Abadiânia.

Na sessão, o magistrado salientou a violência de Rafael ao cometer o crime. “A prisão preventiva visará a garantir a ordem pública, tendo em vista a periculosidade do conduzido, consubstanciada na gravidade concreta dos fatos, sendo a vítima violentamente agredida, com resquícios de crueldade, sem chance de defesa, sendo o corpo da vítima localizado coberto por terra e pedras, crime este praticado, ao que indicam os indícios preambulares, por motivos insignificantes e desprezíveis”, analisou.

“Em relação à situação prisional do custodiado, entendo como presentes os pressupostos da prisão preventiva, já que existe prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria, sobretudo quando se analisa os depoimentos das testemunhas e o auto de prisão em flagrante”, acrescentou o juiz Fernando Rezende.