O decreto distrital que determina a donos de bares e restaurantes encerrar o funcionamento dos estabelecimentos às 23h, rendeu críticas entre representantes de entidades empresariais e sindicatos de vários segmentos. A norma, publicada em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta terça-feira (1º/12), restringiu o funcionamento devido ao aumento dos casos de covid-19.
Para o presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, o setor não é o principal foco de contaminação da covid-19. "Fica parecendo que os bares e restaurantes são os responsáveis pela contaminação. Mas existem outros locais muito mais propícios para contaminação, como as áreas de lazer à beira do lago (Paranoá), onde sempre há aglomeração sem controle nenhum", critica.
Jael Antônio da Silva afirma que há um protocolo de segurança contra o novo coronavírus rigorosamente seguido pelos estabelecimentos da capital federal. "Tem um ou outro que não está cumprindo as normas. Esses que precisam ser punidos, não o setor inteiro", avalia o empresário, que articula um pedido para anulação do decreto.
Medidas
A preocupação de representantes do setor é que o mês de dezembro, marcado por confraternizações e pela alta do faturamento, sofra impactos diretos pelo decreto. O comunicado aos empresários do setor produtivo ocorreu durante uma reunião com o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, na tarde desta terça-feira (1º/12).
Durante o encontro, que ocorreu por videoconferência, o presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Jamal Bittar, saiu em defesa de bares e restaurantes. Para ele, esse é um dos segmentos que mais emprega em Brasília. "Acredito que esse setor é o maior democratizador de emprego e renda, principalmente porque emprega pessoas que precisam de uma oportunidade. A cada pico dessa doença o setor de bares é atingido de forma injusta", pondera Jamal. "Lastimo que todas as vezes ele seja o primeiro penalizado", completa.
Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-DF), José Carlos Magalhães também criticou a medida: "Vejo que o segmento de bares e restaurantes está sendo culpado em praticamente tudo. Nós temos ônibus andando lotado pelas regiões administrativas. Existem outras medidas que precisam ser tomadas", defendeu o dirigente.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), Edson de Castro, é preciso fiscalizar outros pontos que promovem aglomeração. "Nas orlas do lago (Paranoá) e nas feiras, áreas liberadas pelo governo e que estão lotadas. Não é justo colocar a culpa no comércio. Hoje, você não entra no shopping sem estar de máscara, passar álcool em gel (nas mãos) ou aferir a temperatura", argumenta Edson.
Festas
No encontro virtual com a Secretaria de Saúde, os representantes dos segmentos comprometeram-se a reforçar os protocolos de segurança e ajudar a promover campanhas de conscientização de prevenção ao novo coronavírus. "A questão não são os estabelecimentos, mas as pessoas, que não estão seguindo as normas impostas para evitar a propagação da covid-19", analisa Edson de Castro.
Francisco Maia, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), considera que a fiscalização ficou de lado e que as pessoas perderam o medo da doença, por isso, foram para as ruas. "O que queremos é um esforço conjunto, um pacto para resolver a situação. Não apenas colocar na conta do comércio ou do segmento de bares e restaurantes. Infelizmente, ocorrem festas irregulares em pontos clandestinos que pioram o quadro no DF. Mas o setor não pode ser penalizado", defende.
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