Investigação

Polícia apreende 11 cobras em casa de estudante de biologia em Valparaíso

Uma das cobras custou R$ 1,2 mil e as outras duas, R$ 250 cada. Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga possível relação com a operação desencadeada pelo caso naja

Darcianne Diogo
postado em 13/01/2021 22:22
 (crédito: PCGO/Divulgação)
(crédito: PCGO/Divulgação)

A Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) apreendeu, na manhã desta quarta-feira (13/1), 11 cobras de espécies distintas, entre elas exóticas, na casa de um estudante de biologia, em Valparaíso (GO) — distante cerca de 30km de Brasília (veja o vídeo). Em depoimento, o jovem, que não teve a idade revelada, confessou que comprou as serpentes, de forma ilegal, há quatro anos, no Distrito Federal.

Policiais da 1ª Delegacia de Polícia de Valparaíso chegaram até o endereço do rapaz depois de receberem uma denúncia anônima. “O denunciante informou que uma pessoa mantinha cobras em um cativeiro. A denúncia foi feita à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que pediu apoio à PCGO”, afirmou a delegada-titular da 1ª DP, Samya Noleto.

Ao chegarem à residência, os investigadores pediram para entrar na casa. O jovem, que cursa biologia, alegou que as cobras eram de estimação. Foram encontradas, no total, 11 serpentes, entre elas as espécies Corn Snake e King Snake. Três delas, segundo o suspeito, teriam sido compradas e duas se reproduziram e cresceram. “Ele contou que as adquiriu há quatro anos, em Brasília”, completou a delegada.

Durante o interrogatório, o jovem alegou que conseguiu o contato de um vendedor por meio de amigos para negociar a comercialização dos animais. As encomendas foram feitas no DF. Uma das cobras custou R$ 1,2 mil e as outras duas, R$ 250 (cada).

O Correio apurou que o caso foi repassado à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para investigar se há relação com a Operação Snake — coordenada pela 14ª Delegacia de Polícia do DF (Gama), que desmantelou um esquema de tráfico de animais silvestres e indiciou 11 pessoas. O jovem foi encaminhado à delegacia, onde assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado em seguida.

Caso naja

Era 7 de julho de 2020 quando Pedro Henrique Krambeck, 22 anos, sofreu um acidente dentro do apartamento onde mora, no Guará 2. O estudante de medicina veterinária foi mordido no braço por uma naja kaouthia, do sudeste da Ásia. O caso desencadeou investigação que abriu suspeitas de crime de tráfico internacional de animais. No dia em que foi picado, imagens do circuito interno de segurança do prédio mostraram o momento em que Pedro entra no elevador com a mão no braço, ainda consciente, desce na garagem e entra no carro da família. Ele é levado ao Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, onde fica entre a vida e a morte.

O que chamou a atenção da polícia à época foi o fato de uma naja estar sendo criada como animal doméstico, uma vez que a entrada de serpentes dessa espécie é proibida em território brasileiro. Com o andamento das investigações conduzidas pela 14ª DP, constatou-se que Pedro Krambeck mantinha outras 22 cobras em casa.

Um dos amigos de Pedro, Gabriel Ribeiro Moura, foi o responsável por ficar com a naja após o incidente. Ele deixou a cobra, um dia depois, próximo ao shopping Pier 21, dentro de uma caixa. O animal foi resgatado poucos segundos depois pela Polícia Militar.

A Polícia Civil concluiu que Pedro traficava cobras por, pelo menos, cinco anos. Onze pessoas foram indiciadas. O Ministério Público do DF pediu a condenação de Pedro, Rose, Clóvis e Gabriel, que se tornaram réus no processo. Pedro responde 23 vezes por tráfico de animais, associação criminosa e exercício ilegal da medicina. O tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi, padrasto de Pedro Henrique, teria dado suporte financeiro e material para que a residência servisse de cativeiro para as cobras. Ele responde, também, 23 vezes por tráfico de animais silvestres, fraude processual, maus-tratos e associação criminosa.

Além disso, a mãe de Pedro Henrique responde por fraude processual, corrupção de menores, 23 vezes por tráfico de animais, maus-tratos e associação criminosa. No esquema, ela era encarregada de alimentar as serpentes e cuidar da reprodução. Agora, a decisão está nas mãos do juiz Manoel Franklin, da Vara Criminal do Gama, que determinará as sentenças.

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