Ciência

Pesquisa da UnB revela que vírus zika ataca o intestino

Com a descoberta, os cientistas procurarão entender qual é o papel da microbiota intestinal na infecção pelo zika vírus

Correio Braziliense
postado em 25/01/2021 18:23 / atualizado em 25/01/2021 18:24
 (crédito: Luis Robayo/AFP - 25/1/16 )
(crédito: Luis Robayo/AFP - 25/1/16 )

Um estudo inédito, publicado na Scientific Reports, do grupo Nature, uma das mais importantes revistas científicas internacionais, mostra que o vírus zika (ZIKV) ataca o intestino e causa modificações na microbiota intestinal. A pesquisa, realizada pelo Laboratório de Imunologia e Inflamação da Universidade de Brasília (Limi/UnB), apontou mudanças na composição de bactérias constituintes do órgão. Além de revelar o desencadeamento de intensa inflamação no local ocasionada pela doença.

O artigo demonstra que as alterações da microbiota pela infecção por ZIKV pode vir a causar danos no epitélio intestinal (tecido constituído por células que revestem internamente o órgão) e um intenso recrutamento de leucócitos (células que atuam na defesa do organismo) para a mucosa intestinal. Segundo os cientistas, as bactérias presentes no intestino podem ser benéficas e maléficas ao organismo, e modificações na disposição delas podem levar a uma disbiose intestinal (desequilíbrio na flora bacteriana). A infecção pelo zika proporcionou o aumento na quantidade desses organismos prejudiciais ao intestino, estando estes relacionados a um estado inflamatório do órgão.

Até o momento, os pesquisadores realizaram somente testes em animais. Camundongos infectados com o vírus tiveram a composição da microbiota intestinal analisada. Os dados mostraram que a infecção pelo vírus desencadeou a diminuição significativa de bactérias pertencentes aos filos Actinobateria – que desempenham importante papel na regulação da atividade intestinal normal – e Firmicutes – que possui tanto gêneros com atividade imunomodulatória benéfica como espécies associadas à indução de inflamação. Por outro lado, também observou-se aumento em bactérias dos filos Deferribacteres – relacionadas ao balanço de ferro no intestino – e Spirochaetes – entre as quais, muitas têm ação patogênica –, em comparação aos camundongos não infectados.

A pretensão do Limi é de dar continuidade ao estudo. Contudo, o próximo passo será entender qual o papel da microbiota intestinal na infecção pelo zika. Futuramente, as análises se estenderão a neonatos camundongos e bebês humanos afetados pelo vírus. A intenção é investigar, nos próximos estudos, se a utilização de antibióticos adotados para para retirar a microbiota intestinal pode tornar a infecção pelo vírus zika mais severa ou mais branda nos indivíduos com sistema imunológico normal.

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