Gênero

Distância entre homens e mulheres no mercado de trabalho atinge recorde

Taxa de desocupação entre as mulheres foi de 16,1%. Elas também gastam mais de 8 horas com trabalho doméstico na comparação com os homens. Desvantagens são mais graves entre as mulheres negras

Apesar de as mulheres no Distrito Federal serem mais escolarizadas, o desemprego entre elas foi maior em relação aos homens e atingiu uma taxa recorde em 2019. Esse cenário está publicado na 2ª edição da pesquisa Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres, produzida pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta quinta-feira (4/3).

Enquanto entre as mulheres a desocupação foi de 16,1%, os homens sem trabalho somavam 10,8%, o que representa uma diferença de 5,3 pontos percentuais. Assim, essa distância na capital federal supera o desempenho no âmbito nacional, cuja diferença é de 4,5 pontos percentuais. No DF, essa é a maior diferença de toda a série histórica, que começou em 2012.

Dentro do grupo das mulheres, a situação do desemprego se agrava quando a análise se volta para as mulheres negras: as pretas e pardas são as mais atingidas pelo desemprego: 18,6% estão desempregadas. Já entre as mulheres brancas, essa taxa é de 12,1%. Na comparação com os homens, 11,5% dos negros estavam desocupados e, entre os brancos, esse índice foi de 9,6%: metade do desemprego observado entre as mulheres negras.

Trabalho doméstico

A discrepância entre os sexos também foi constatada em relação ao tempo dedicado ao trabalho doméstico e cuidados com outras pessoas, ou seja, atividades não remuneradas, o que, segundo o IBGE, é uma das explicações para a menor participação das mulheres no mercado de trabalho.

Na capital federal, as mulheres dedicaram oito horas a mais do que os homens ao trabalho doméstico: foram 18,8 horas semanais contra 10,8 horas reservadas pelos homens para tanto. Se analisada a diferença em relação às mulheres negras e homens brancos, essa desvantagem sobe para 8,8 horas semanais. Se comparadas às brancas, as mulheres pretas e pardas trabalharam 1,6 hora a mais.

No âmbito nacional, a pesquisa indica que as mulheres dedicaram o dobro de horas aos afazeres da casa na comparação com os homens: elas passaram, em média, 21,4 horas nessas tarefas, enquanto eles dispenderam 11 horas. O DF ocupa a 4ª posição no ranking nacional de menor distância entre esse tempo destinados ao cuidado com outras pessoas e tarefas domésticas.