Decisão

Para Sindivarejista, fechar comércio novamente traz prejuízo "incalculável"

Vice-presidente do Sindivarejista, Sebastião Abritta, lamentou o pedido do MPF em recorrer da decisão do STJ que flexibiliza as atividades não essenciais no DF

Pedro Marra
postado em 16/04/2021 09:52 / atualizado em 16/04/2021 10:52
Sebastiao Abritta teme grande prejuízo se comércio voltar a fechar às vésperas do Dia das Mães -  (crédito: Credito: Ana Rayssa/CB/D.A. Press.)
Sebastiao Abritta teme grande prejuízo se comércio voltar a fechar às vésperas do Dia das Mães - (crédito: Credito: Ana Rayssa/CB/D.A. Press.)

Após o Ministério Público Federal (MPF) recorrer, na quinta-feira (15/4), da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que autorizou a flexibilização de atividades não essenciais no Distrito Federal, o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), Sebastião Abritta, analisou o pedido como prejudicial para o setor, que se programou para as vendas no Dia das Mães. 

Para ele, um novo fechamento do comércio poderia ter um efeito inimaginável para os empresários do ramo. “Em termos econômicos, seria um prejuízo incalculável, uma vez que estamos próximos à segunda melhor data do comércio, que é o Dia das Mães. O varejo vem de uma dificuldade muito grande do primeiro e segundo lockdown. A gente entende que é necessário focar na manutenção dos empregos e CNPJs, pois sabemos que a prioridade é a vida. Nesse sentido, a gente tem que conscientizar a população e o consumidor para usarem máscara e evitarem a contaminação, porque ela não é feita em uma loja de varejo e ou de shopping preparada com os protocolos exigidos”, analisa Abritta.

A determinação, assinada pelo presidente da corte, Humberto Martins, saiu na sexta-feira (9/4). O ministro argumentou que não cabia ao Judiciário decidir sobre as medidas tomadas pelo Executivo local no combate à pandemia da covid-19. “O comerciante já fez pedido de mercadoria vendida no Dia das Mães, até mesmo porque, nesses diversos lockdowns, está faltando produtos e matéria prima. Se fechar novamente, os comerciantes não recebem a mercadoria e não pagam fornecedores”, acrescenta Sebastião.

Ainda de acordo com o vice-presidente do Sindivarejista, a briga entre poderes em torno do fechamento do comércio não essencial no DF prejudica diretamente a população. “Quem sai perdendo é o setor produtivo e a sociedade civil. Se é de competência do Executivo local decidir se fecha ou abre (o comércio), tem que deixar ele acompanhar, mesmo porque é o governo que tem capacidade de aumentar leitos de UTI e fazer a gestão da pandemia. Desde o início deste período nós falamos que temos que arrumar uma forma de manter a economia aberta e preservar vidas. Temos que concentrar força e união na vacinação em massa”, declara.

Dono de uma perfumaria na 206 Sul, o empresário Roberto Melo, 51 anos, criticou o posicionamento do MPF em recorrer da decisão do STJ. Com investimento de R$ 100 mil em produtos para venda no Dia dos Namorados, em 12 de junho, e no Dia das Mães, em 9 de maio, ele se mostrou preocupado com a instabilidade do negócio.

“Estou com uma incerteza gigante porque precisamos pagar funcionários, aluguel e esse pessoal fica brincando com os empresários de Brasília para saber quem tem mais poder de decisão. Eles têm o salário garantido de dinheiro público, então é fácil mandar fechar. A gente está sem saber o que fazer porque é um jogo de poder. Alguém precisa dar um basta nisso”, protesta Roberto.

Roberto Melo é dono de uma perfumaria na Asa Sul: "O governo tem de fazer uma contraproposta, criar uma linha de crédito para a gente", sugeriu
Roberto Melo é dono de uma perfumaria na Asa Sul: "O governo tem de fazer uma contraproposta, criar uma linha de crédito para a gente", sugeriu (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Com 10 funcionários na loja, o empresário conta que teve de negociar a redução do aluguel do ponto em 50% com o proprietário durante o último lockdown, além de administrar as dívidas causadas pelas medidas restritivas impostas pela justiça. “Ainda tenho conta de luz e água atrasadas em três meses, e temos que pagar, senão, cortam. Estamos em uma situação em que o governo precisa tomar uma atitude. Ninguém sabe quem manda, porque uma hora abre e depois fecha. Qual certeza que a gente tem?”, contesta o dono de perfumaria.

 

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