Uma das lideranças do movimento negro do Distrito Federal, Lecino Ferreira da Silva Filho, mais conhecido como Leléu, morreu no domingo (16/5) aos 64 anos, com um quadro de enfisema pulmonar, infecção bacteriana e pneumonia. Ele é lembrado como um repórter fotográfico apaixonado e sindicalista aguerrido.
O quadro de saúde se agravou após uma insuficiência renal e problemas pulmonares. O velório está marcado para começar às 14h desta terça-feira (18/5) no templo 2 do cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. O enterro ocorrerá às 16h30.
Além de diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) e do Clube da Imprensa, ele integrou a Comissão de Ética do sindicato. Na vida profissional, atuou como assessor de comunicação do Conselho Nacional de Serviço Social e repórter fotográfico dos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Lecino também trabalhou no Jornal Comunidade, na Revista Plano Brasília, no Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep) e no Sindicato dos Servidores e Empregados da Administração Direta, Fundacional, das Autarquias, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista do Distrito Federal (Sindser).
Quando chegou da Bahia, na década de 1980, Leléu e outras lideranças negras conceberam o bloco afro Asé Dúdú, pioneiro na valorização das raízes africanas no carnaval de Brasília e importante projeto cultural para a juventude. Militante da União de Negros pela Igualdade (Unegro) e capoeirista, Lecino também se destacou na defesa das religiões de matriz africana, tendo sido Ogã da falecida Yalorixá Tininha de Xangô.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) e a Comissão de Jornalistas Profissionais do DF (Cojira-DF) lamentaram a partida de Lecino. “Nos despedimos na certeza de que seu exemplo de compromisso, alegria e força seguem a inspirar as novas gerações. Enlutados, nos solidarizamos com os amigos e com a família, especialmente a filha Anna Clara Adami”, diz a nota de pesar dos órgãos.
“Divisor de águas”
Amigo de Leléu assim que chegou a Brasília, o morador da Asa Norte e aposentado Jorge Amâncio, 68, destacou a importância de Lecino para a luta do movimento negro do DF. “Ele fez as pessoas pensarem na causa social. Ele deixou um legado de que não existia o impossível, que era só correr atrás e fazer. E ele fez muito isso na negritude. É uma figura maravilhosa, que não media esforços para conseguir as coisas”, conta Jorge.
Perguntado sobre momentos marcantes ao lado do amigo, Amâncio relembrou as atitudes solidárias com pessoas vulneráveis. “Já o vi pegar cestas de roupas novas e dar para o rapaz que cuidava do carro dele. Ele estava vivendo em uma dificuldade porque teve um acidente de moto, em 2010, que deixou sequelas, como um enfisema pulmonar, que se agravou. Ele não andava bem, ficou sem emprego. Ele foi um divisor de águas na militância”, acrescentou.
No Facebook, o bloco Ase Dudu postou uma nota de pesar sobre um dos criadores do bloco de carnaval afro. “O Grupo Cultural Ase Dudu vem, por meio desta, expressar seus verdadeiros sentimentos de pesar e de condolências, aos familiares e amigos de Lecino Ferreira, Leléu. Que o espírito de nosso irmão, amigo, idealizador e fundador seja conduzido para junto de seus ancestrais”, diz o texto.
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