Educação

Projeto Mulheres Inspiradoras passa a integrar política pública

Programa vai assegurar curso de formação anual para os professores. Iniciativa focada em abordagem humanista da educação incentiva leitura de obras literárias de histórias de mulheres

Jéssica Moura
postado em 28/05/2021 11:19 / atualizado em 28/05/2021 11:19
Gina Vieira começou com o projeto em escola pública do DF -  (crédito: Tailana Galvao/Esp. CB/D.A Press - 3/2/2020)
Gina Vieira começou com o projeto em escola pública do DF - (crédito: Tailana Galvao/Esp. CB/D.A Press - 3/2/2020)

O Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI), idealizado pela professora Gina Vieira, agora faz parte da política pública de valorização de meninas e mulheres do Distrito Federal. A medida faz parte de uma portaria assinada pelo secretário de Educação, Leandro Cruz, publicada nesta sexta-feira (28/5) no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).

Para Gina Vieira, a publicação da portaria é um marco para o programa. "Temos um problema sério de descontinuidade das políticas públicas", pontua. "Quando a gente está falando de educação em e para os direitos humanos, que é uma política fundamental para seguirmos avançando nos marcos civilizatórios, a gente precisa de documentos que consolidem essas políticas", afirma.

Segundo o ato, o programa consiste na "formação continuada de profissionais de educação, para o desenvolvimento de práticas de leitura e escrita". Além disso, a iniciativa ainda visa fomentar "a construção de projetos autorais nas diferentes realidades alcançadas pelo programa na rede pública de ensino do Distrito Federal".

"A gente espera que uma política que promova o fortalecimento das identidades e que provoque os meninos a pensarem sobre masculinidades insurgentes que não sejam tóxicas, que isso não seja política de um governo, mas que seja política de Estado", frisou a professora Gina. "Interessa a toda sociedade trabalhar para a construção de um mundo pautado pela igualdade entre meninos e meninas

Para esse aperfeiçoamento das práticas educacionais nas escolas, o PMI é baseado na leitura de obras escritas por mulheres "abarcando as diferentes narrativas de mulheres negras, indígenas, periféricas, entre outras, de modo a proporcionar maior ampliação dos usos e intersecções curriculares em sala de aula, para a construção do pensamento crítico".

Por isso, a portaria prevê ainda que um acervo de livros selecionados dentro desse escopo seja garantido. A ideia é valorizar o "legado de mulheres para a construção do conhecimento e da cultura brasileira e global". E mais do que a leitura, outra frente de atividades é voltada para o incentivo à escrita autoral pelos estudantes.

Pelo texto, a proposta pedagógica deve contemplar uma metodologia de educação voltada para a cidadania, direitos humanos e diversidade, com o objetivo de identificar as formas de violência contra meninas e mulheres, e produzir ferramentas para que essa discriminação seja desconstruída.

O curso

O curso "Mulheres Inspiradoras" para os professores passa a ser ofertado anualmente pela Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação. Os projetos podem ser desenvolvidos com os estudantes em salas de leitura ou bibliotecas.

O projeto

O Projeto Mulheres Inspiradoras começou em 2014, em uma escola pública em Ceilândia, onde Gina Vieira trabalhava. Tudo começou quando a docente passou a levar para as aulas obras de diversos gêneros literários com relatos de mulheres de diferentes classes sociais, raças, escolaridades e idades.

Motivados pela leitura dos textos, os estudantes escreveram uma dissertação sobre a história de uma mulher com a qual convivessem e que fosse uma inspiração para eles. Para isso, entrevistaram, em sua maioria, as avós, mães e líderes religiosas da região.

Os relatos dão conta de experiências diversas dessas mulheres, como cuidar dos irmãos mais novos ou ter que trabalhar de empregada doméstica ainda criança, as dificuldades de ser mãe sozinha ou de conviver com violência doméstica.

Todos foram reunidos e publicados em livro, que conquistou vários prêmios nacionais e internacionais. Depois do sucesso, o programa foi replicado em outras 15 escolas públicas em Ceilândia, Gama, Taguatinga, Riacho Fundo e Santa Maria. Com isso, foi necessário promover a capacitação dos professores que passariam a multiplicar as atividades em seus colégios.



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