Facção criminosa

Sucessor de chefe do Comboio do Cão negociava entrada de armas e drogas no DF

Leandro de Matos foi preso pela Polícia Civil do DF em uma casa em Corumbá (MS), na fronteira do Brasil com a Bolívia. Até março, o criminoso estava preso no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) e fugiu, após saidão

Darcianne Diogo
postado em 28/05/2021 22:02
Suspeito de integrar a maior facção criminosa da capital, o Comboio do Cão -  (crédito: divulgação/PCDF)
Suspeito de integrar a maior facção criminosa da capital, o Comboio do Cão - (crédito: divulgação/PCDF)

Abrigado em um ponto estratégico para facilitar a entrada de armas e drogas no Distrito Federal, Leandro de Matos Ferreira, 33 anos, mais conhecido como “Baianinho”, assumiu a chefia da maior facção da capital, o Comboio do Cão, após o líder, Wilian Peres Rodrigues, o “Wilinha”, ter sido preso em uma operação desencadeada pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil (Decor/PCDF). Nesta sexta-feira (28/5), investigadores da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) prenderam o criminoso, que tem uma extensa ficha criminal, em uma casa situada em Corumbá (MS), na fronteira do Brasil com a Bolívia.

A suspeita é de que Leandro teria chegado à casa supostamente alugada na terça-feira passada. Ele estava na companhia de um colega, que conseguiu fugir. “Conseguimos identificar que ele (autor) estava no local para tomar conta da facção. A área é um ponto estratégico da organização e tomado por traficantes”, detalhou o delegado à frente do caso, Tiago Carvalho, da 10ª DP. Policiais do DF descobriram o endereço do investigado e, em operação conjunta à polícia boliviana, conseguiram prender Leandro.

Casa onde criminoso estava fica na fronteira com a Bolívia
Casa onde criminoso estava fica na fronteira com a Bolívia (foto: PCDF/Divulgação)

No momento da abordagem, o criminoso usava um documento falso, expedido em Goiás. Ele tentou reagir à prisão e chegou a ameaçar os investigadores de morte. Com o faccionado, foram apreendidas duas pistolas, sendo uma Glock e outra Taurus. A hipótese de que Leandro teria chegado a pouco tempo em Corumbá (MS) é reforçada pela situação a qual os policiais encontraram a casa: colchões ainda novos e embalados e poucos móveis.

Envolvimento no crime


A investigação foi conduzida pela 10ª DP porque, no começo do ano passado, os agentes da respectiva unidade policial desencadearam uma operação para prender um grupo acusado de invadir uma residência no Lago Norte e levar diversos pertences. “Todos foram presos, e Leandro era o último envolvido, que ainda estava foragido”, completou o delegado.

Constatou-se à época que os crimes eram cometidos por integrantes do Comboio do Cão. Os investigados usavam o mesmo modus operandi para cometer os crimes: com restrições de liberdade e emprego de arma de fogo. Até março deste ano, Leandro estava preso no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e fugiu após “saidão”.

Preso, Leandro ficará à disposição da Justiça e responderá, além dos crimes os quais já se encontrava cumprindo pena antes de fugir da unidade (furto, receptação, roubo, tráfico de drogas), pela prática de roubo circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (reclusão, de 4 a 10 anos) e por integrar organização criminosa (reclusão de 3 a 8 anos).

Comboio do Cão


Concentrados em regiões como Riacho Fundo 2, Recanto das Emas e Taguatinga, o Comboio do Cão participou de assassinatos, tráfico de drogas e armas, lavagem de dinheiro e roubos de veículos. A facção se instalou na capital em meados de 2013, fruto de uma disputa de gangues por pontos de drogas no DF. A polícia estima que o grupo esteja envolvido em mais de 500 ocorrências criminais e cerca de 30 homicídios.

O chefe da facção, Wilian Peres Rodrigues, estava foragido desde 2017 e instalou-se em uma residência luxuosa em Paranhos (MS), divisa com o Paraguai, para tentar se esconder da polícia e, de lá, articular a entrada de armas e drogas na capital e encomendar assassinatos de rivais. Wilinha atuava na cúpula como “atacadista”, uma tarefa que exigia jogo de cintura para investir capital nas mercadorias ilícitas e planejar as rotas que os produtos deveriam seguir para evitar as fiscalizações. No começo de abril, ele foi preso e atualmente encontra-se no Complexo Penitenciário da Papuda.

 

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  • Casa onde criminoso estava fica na fronteira com a Bolívia
    Casa onde criminoso estava fica na fronteira com a Bolívia Foto: PCDF/Divulgação
  • Polícia boliviana auxiliou na operação
    Polícia boliviana auxiliou na operação Foto: PCDF/Divulgação
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