INVESTIGAÇÃO

Família apresenta novo laudo questionando causa da morte de médica no Lago Sul

Laudos de peritos particulares afirmam que existem contradições no inquérito da morte de Sabrina Nominato e que ela teria sido vítima de feminicídio e não suicídio. Defesa do marido afirma que ele não tem relação com a morte da esposa

Luana Patriolino
postado em 10/08/2021 19:37
 (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
(crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Dez meses se passaram desde a morte da médica cardiologista Sabrina Nominato Fernandes, 37 anos, no Lago Sul, e a família ainda não se conforma com a hipótese de que a mulher tenha tirado a própria vida. Um novo laudo questiona a versão de suicídio e aponta contradições na causa da morte, principalmente em relação à quantidade de remédios ingeridos e horário do óbito. A investigação corre em segredo de Justiça.

Ao Correio, a advogada criminalista Sofia Coelho, que atua na defesa da família, afirmou que a família da médica contratou uma perícia particular e os novos laudos levantaram pontos que nem ser revistos pela investigação do caso. O primeiro deles é sobre o número de remédios necessários para provocar a morte. “Teria que ser uma quantidade muita alta de comprimidos, no mínimo 60. E essa quantidade não foi encontrada. Foi encontrada apenas uma caixa e que nem estava completamente vazia”, aponta.

O laudo dos peritos particulares afirma que “a faixa de alcoolemia estimada para o caso estaria em níveis capazes de alcançar alterações, porém ainda distante de níveis que colocassem sua vida em risco”. Sobre o medicamento, o documento destaca que é apenas possível saber que a médica ingeriu a substância, mas não a quantidade. Segundo os profissionais, a ocorrência de depressão respiratória com o uso de zolpidem (remédio ingerido pela médica) é um acontecimento extremamente raro.

A advogada da família afirma que existem provas contundentes de que Sabrina foi vítima de feminicídio. “O que merece destaque é a questão do seguro de vida que ela fez em nome do André, dois meses antes de falecer, e um empréstimo no valor de R$ 200 mil e, sem dúvida nenhuma, é muito suspeito porque ela veio a falecer pouquíssimo tempo depois, ele tenta sacar esse seguro de vida”, defende.

Outra contradição apontada pela perícia particular é sobre o horário da morte da médica. De acordo com a defesa, todos os elementos apontam que Sabrina teria morrido na madrugada do dia 10 de outubro de 2020. E não depois das 8h da manhã, quando o marido, o personal trainer André Vilela, saiu de casa.

Sofia Coelho conta que a família está inconformada com o rumo do inquérito da morte. “Estão revoltados. Infelizmente, a Justiça tem um tempo. Tem que aguardar as investigações, ele ser indiciado. As provas são muito claras”, diz. “A Sabrina era uma pessoa feliz, tinha planos e viagem marcada. Era uma pessoa muito de bem com a vida”, destaca, afastando a hipótese de que o caso seria suicídio.

O objetivo da família é incluir os laudos da nova perícia no inquérito policial e enviar o documento para a médica responsável pelo laudo cadavérico para esclarecer a causa da morte. Em maio deste ano, o inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público a pedido da Polícia Civil do Distrito Federal, com solicitação de retorno a delegacia para prosseguimento das investigações. Até o momento, o documento ainda não retornou. As investigações são conduzidas pela 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá).

Outro lado

Procurada pelo Correio, a defesa do personal André Vilela, ex-companheiro da médica Sabrina Nominato, disse, por meio de nota, que as investigações ainda estão em andamento e que está aguardando a conclusão do inquérito policial, bem como, a manifestação do Ministério Público sobre o caso. “Logo, não existe qualquer acusação formal contra ele e, por isso, não há motivos para exercer qualquer tipo de defesa neste momento”, ressaltou.

Os advogados afirmaram que não podem comentar o teor dos laudos dos peritos particulares, pois não tiveram acesso aos documentos. “No direito, não existem provas absolutas e inquestionáveis. André continua afirmando, veementemente, que não tem qualquer participação em qualquer evento criminoso, muito menos relacionado à morte de sua esposa”, concluíram.

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