BEM-ESTAR

Modelo do Guará 2 representará o DF em concurso internacional de miss plus size

Corpos reais ganham destaque na moda, e Talita Beda Hostensky, 33 anos, vai representar a capital do país em concurso internacional

Cibele Moreira
postado em 28/10/2021 06:00
Concorrente do Miss Continente Brasil Plus Size, Talita Beda Hostensky, 33 anos, passou por um processo de autoaceitação -  (crédito: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
Concorrente do Miss Continente Brasil Plus Size, Talita Beda Hostensky, 33 anos, passou por um processo de autoaceitação - (crédito: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Disputar um título de beleza pode parecer um sonho distante para muitas mulheres que não se enxergam dentro de um padrão estético socialmente desejado. Uma realidade que vem mudando com o aumento de segmentos que valorizam diferentes tipos de corpos, e foi justamente esse potencial que atraiu a modelo brasiliense Talita Beda Hostensky, 33 anos. Moradora do Guará 2, ela está de malas prontas para representar o Distrito Federal no concurso Miss Continente Brasil Plus Size, que ocorre na próxima semana, em Salvador — de 4 a 6 de novembro.

A competição é o ponto alto de uma carreira que começou há quatro anos, quando ela descobriu que finalmente poderia trabalhar como modelo mesmo não sendo uma mulher magra. Ela desfilará com outras 15 representantes de outros estados. "Sempre quis ser modelo, mas, para mim, era algo totalmente inviável porque eu nunca tive um corpo padrão. Sempre tive aquela coisa de viver de dieta para tentar ser magra, mas não conseguia chegar nesse corpo. Eu cheguei a ficar doente, anêmica, durante esse processo", lembra.

Aceitação

Encarar a pressão estética para quem deseja brilhar no mundo da moda é uma constante e, com ela, não foi diferente. Após várias frustrações, e um processo de reflexão, Talita começou a acompanhar as carreiras de modelos plus size e percebeu que ela se encaixaria ali. "O começo foi bem difícil, eu acabei tomando um golpe de um book. E isso quebrou minhas pernas, porque eu não tinha dinheiro, na época, e foi meu marido que pagou pelas fotos. Depois desse episódio, pensei em desistir de tudo", conta. No entanto, o apoio do companheiro, que a incentivou a insistir, e o de uma amiga, que a convidou para o primeiro desfile, a carreira da brasiliense começou a prosperar.

Desde 2019, ela atua como modelo profissional e concilia a atividade com o cargo de gerente comercial que exerce na empresa da família. A trajetória de superação de Talita é acompanhada com vibração pelo seu fã clube particular, composto pelo marido e pela filha Esther Beda, 8, que não escondem o orgulho.

Para Talita, eventos destinados ao mercado o plus size são essenciais. "É preciso normalizar os corpos gordos. O normal não é o 36. Cerca de 60% da população está acima do peso, e como essas pessoas vão comprar uma roupa se elas não se veem representadas nas modelos?", ressalta. "Ser gorda não é sinônimo de doença e nem a magreza é sinônimo para saúde. Quando eu estava mais magra foi o período em que eu estava mais doente", finaliza a brasiliense.

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Corpos reais e bonitos

 (crédito: Minervino Júnior/CB)
crédito: Minervino Júnior/CB

Para a modelo e produtora de eventos plus size Janaina Graciele de Brito, 45, é importante que mais mulheres se empoderem na relação com a autoimagem. Ela afirma que o maior desafio para quem não é magra é o da autoestima e o do autoamor. "Muitas mulheres se sentem feias por essa pressão que vem da sociedade, por corpos magros. E a desvalorização, muitas vezes vem de dentro de casa. Com comentários, 'nossa como você está gorda'. E isso tem um impacto muito grande", afirma Janaína, que atualmente faz um trabalho de valorização voltado para mulheres.

"Eu busco dar apoio a elas, pois eu entendo o que elas estão passando. Eu saí de um relacionamento abusivo, onde meu marido me largou com três filhos porque eu engordei. Não foi fácil, mas eu comecei a me amar e aceitar como eu sou. E em 2012, eu participei do meu primeiro concurso de miss plus size. Fiquei em 2º lugar, e isso me deu um incentivo a mais. Uma confiança de que eu era bonita", ressalta.

O primeiro evento em que trabalhou como modelo, Janaína não esquece. Desde então, ela acumula 21 títulos de beleza, entre eles o de Miss Universo Plus Size e Miss America Latina Plus Size. "Lembro que estava pesquisando na internet sobre moda plus size quando eu vi o anúncio do concurso. Fui a primeira a me inscrever. Na época, os meus filhos eram pequenos e fiquei três dias confinada em um hotel. Quando eu saí, a reação dos meus filhos e do meu pai foi maravilhosa. Meu pai foi um grande incentivador. Ele falava que eu era a menina dos olhos dele", relata emocionada ao relembrar do início da carreira.

Em 2016, ela começou a promover os próprios eventos. Ela assevera que todo esse processo é mais do que um evento de moda, é o reconhecimento do potencial de cada uma das participantes, independente da numeração da roupa. "E eu não estou falando para exaltar a obesidade. Inclusive, existem muitas pessoas saudáveis que não tem uma estrutura física magra e isso não as tornam menos bonitas", pontua.

Janaína conta que a maior realização dela é quando escuta dos familiares das participantes do evento que promove, como essa ação mudou a vida delas. "Tive uma modelo que descobriu um câncer e desfilava para mim. Depois que ela morreu, a filha dela veio me agradecer. Dizendo que a mãe vivenciou, num momento difícil, os melhores dias da vida dela. Escutar isso não tem preço", relata.

A produtora está com um novo evento marcado para 15 de novembro, no espaço do Centro de Ensino Médio Integrado (Cemi) do Cruzeiro. Podem participar mulheres entre 18 e 55 anos, que vestem manequim acima da numeração 44. As inscrições estão abertas até 30 de outubro. Para saber mais pode entrar em contato com a Janaína pelo número (61) 9 9227-5155.

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