FIM DE ANO

13º injetará R$ 7,8 bi na economia do DF, e comércio deve ter alta de 14%

Estimativas são do Sindivarejista. Cenário favorável é reflexo do avanço da campanha de vacinação contra a covid-19 e do fim das restrições ao comércio

O Natal e o dinheiro que o 13º salário injetará na economia do Distrito Federal devem aumentar em até 14% as vendas do comércio em comparação ao ano passado, que teve alta de 2,5%. A previsão é de que o 13º coloque cerca de R$ 7,8 bilhões na economia do DF. Em 2020, o valor foi de R$ 6,6 bilhões, contra R$ 7,6 bilhões em 2019. As estimativas são do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista).

O cenário favorável é reflexo do avanço da campanha de vacinação contra a covid-19. No primeiro ano de pandemia, o comércio enfrentou restrições e, consequentemente, apresentou resultados tímidos. O presidente do Sindivarejista, Edson de Castro, explica que neste ano, com a recuperação gradual da economia, mais trabalhadores foram admitidos por empresas, o que eleva o total a ser distribuído em dezembro a título de 13º. “No ano passado, esse valor caiu porque muita gente não recebeu o 13º, uma vez que houve bastante demissão”, pondera.

Estima-se que, hoje, o DF tenha cerca de 320 mil desempregados. Porém, segundo Edson, as contratações temporárias devem contribuir para a redução desse total. “A expectativa começa pelos trabalhadores temporários. Nós estamos encaminhando para as 30 mil lojas do DF, mais ou menos, dois mil funcionários, que serão contratados por lojas de entrequadras e shoppings para período de experiência. Ano passado, foram, mais ou menos, 1.100 empregados contratados. O mercado teve uma queda devido ao lockdown”, diz. De acordo com o presidente do Sindivarejista, tradicionalmente, 20% dos empregados temporários são efetivados após as festas de final de ano.

A pedagoga Vera Lúcia de Brito, 56, faz parte do grupo de brasilienses que esperará o 13º salário sair para comprar os presentes da família. Ela conta que, neste ano, a reunião com os familiares continuará diferente. “No último Natal, ninguém se encontrou. Então, neste ano estamos animados, mas vamos nos reunir só com algumas pessoas. Cada um vai levar seu prato, para economizar, fazer um amigo oculto com um preço determinado, e todo mundo se diverte”, diz. Neste ano, a lembrancinha será só para quem participar da celebração em família, conta a pedagoga. “Vou esperar o 13º salário, no início de dezembro. E, ainda assim, os presentes serão só para pessoas mais próximas. Acabou isso de dar presente para amigo ou coisa do tipo”, diz.

Vera aproveitou que as lojas já estão vendendo itens natalinos para ir às compras. Ela conta que o costume virou tradição. “A gente encontra tudo com mais facilidade e variedade. Além disso, não deixo tudo para última hora”, diz. Ela ressalta que os preços continuam altos mesmo para quem antecipa as compras. “Por conta da pandemia, a nossa economia está daquele jeito. E já chegou o Natal, né? As coisas tendem a ficar mais caras mesmo”, comenta.

Para a pedagoga, é impossível falar de Natal e não sair para procurar algo novo para decorar a casa. “Todo ano eu compro coisas novas. Sempre falo que não vou comprar, mas não aguento. Acabo querendo trocar os laços da árvore de Natal, sempre fico querendo algo novo. Ano passado, não conseguimos viver isso por conta da pandemia, mas nesse ano já vamos poder encontrar a família. Então, é a oportunidade de investir na decoração da casa.”

Novas contratações

Assim como Vera, centenas de brasilienses já começaram a ir às ruas para antecipar as compras de Natal. Por isso, lojas que vendem estes tipos de produto investiram, também, em novas contratações. A loja Cei Norte Decorações, em Taguatinga, é um exemplo. O local, que é tradicionalmente conhecido pela venda de artigos natalinos, inicia os trabalhos em setembro e, por isso, precisa aumentar a mão de obra durante este período. De acordo com a sócia-proprietária do espaço, Cremilda da Cunha, 56 anos, neste ano, foram contratadas 33 pessoas sob regime temporário, 14 jovens-aprendizes e seis estagiários. “Cerca de 50% das pessoas contratadas são efetivadas após as festas de fim de ano”, garante.

As contratações aconteceram entre setembro e novembro porque é o período de maior faturamento da loja. Neste ano, a empresa resolveu tentar algo novo, e contratou jovens aprendizes e estagiários. “Eu tinha uma resistência com eles, mas estão vindo com vontade de trabalhar. São jovens muito bons e, de certa forma, ajudamos a investir no futuro deles também, capacitando-os”, explica a empresária. “Eles estão satisfeitos, se desenvolvendo. Tem um que estou pagando, inclusive, curso, por conta do potencial dele. É um jeito de investir”, complementa.

As contratações só foram possíveis devido à organização prévia da empresa para a venda de artigos natalinos. A proprietária diz que, neste ano, precisou se reorganizar para lidar com os aumentos de preços e não pesar o bolso do cliente. Segundo Cremilda, o motivo desse aumento é a alta do dólar. “O mais impactante é o frete, que antes da pandemia estava na faixa de U$ 2 mil. Agora, está entre U$ 11 mil e U$ 14 mil. Acho difícil esse valor abaixar”, pondera.

Apesar do aumento nos valores do produto, a proprietária diz que as vendas não sofreram alteração. “O faturamento do ano passado foi bom, tivemos mais que o esperado. E, se neste ano for igual, já está bom. Aumentamos o faturamento em 20% durante o Natal de 2020”, conta. Para Cremilda, o motivo do bom retorno é reflexo do investimento que fizeram na loja. “Os proprietários recuaram, ficaram com medo. O comerciante não investiu, enquanto nós decidimos apostar. O comércio é um jogo, você precisa jogar, apostar e acreditar. É por isso que a loja está cheia”, complementa.

Organização financeira

Segundo levantamento do Sindivarejista, o gasto médio por consumidor para o Natal deve subir de R$ 230, em 2020, para R$ 310, neste ano. Para não haver gastos acima do esperado, a família deve se programar. “Este Natal vai ser muito diferente. Muitas famílias estão enlutadas em razão da perda de entes queridos. Outras perderam o emprego ou tiveram queda na renda. E ainda temos de presente a inflação. Tudo isso requer muita prudência na hora de realizar gastos. Mas não se deve deixar de viver este tradicional momento de congregação da vida familiar”, explica o presidente do Conselho Regional de Economia do DF, César Bergo.

Para isso, o economista reitera que é importante que o brasiliense observe alguns procedimentos antes de sair às compras. “Atualize o orçamento efetuando um balanço financeiro deste ano e verifique o que restou de disponível, fazendo uma reserva financeira para as emergências. Com base no disponível, programe as compras e anote no papel os produtos e presentes a serem adquiridos e partir para pesquisa”, sugere. Segundo César, os gastos devem ser classificados em urgentes e não urgentes, prioritários e não prioritários. “Os itens de Natal prioritários são os alimentos para a ceia e alguns presentes. Prioritário é o que não pode faltar”, reforça.

Aproveitar ao máximo eventuais promoções também faz parte da organização financeira. “A black friday (que acontece em 30 de novembro) é uma boa oportunidade de antecipar as compras. Mas deve-se evitar as compras por impulso. Uma boa programação é fundamental. No mais, é evitar as falsas ofertas que, infelizmente, acontecem com frequência neste período”, pontua.

Para os empresários, também é preciso haver organização financeira, de acordo com César. “O ideal é que o lojista se programe para este momento, cuidando de ajustar os estoques para poder aproveitar o otimismo que sempre acompanha este momento. Na medida que as vendas aumentarem, é recomendável aproveitar para corrigir os problemas de caixa e financeiros, negociando as dívidas com os fornecedores e bancos”, diz. César explica, ainda, que deve haver organização com o faturamento e a hora de quitar dívidas. “Geralmente, trabalha-se com 20% do faturamento para a amortização ou liquidação das dívidas. Depende da rotatividade das vendas e da entrada de caixa”.

A proprietária da StokLar Decor, Alice Santiago, 48, conta que, anualmente, prepara uma decoração especial para encantar os clientes. Uma profissional de São Paulo vai até o local para decorar a loja. “Começamos o nosso Natal no final de setembro, para o cliente ter tempo de procurar, olhar com calma e amadurecer a ideia. Além disso, quando começamos mais cedo, trazemos um mix de produtos maior, porque vamos ter mais tempo para venda, e isso deixa o cliente feliz porque ele vai ter mais opções”, explica.

“Percebemos que os clientes foram se adaptando. No início de setembro, eles já começam a perguntar quando vamos montar a loja, já criam essa expectativa. Temos alguns fidelizados que, anualmente, procuram a nossa loja para fazer parte da festa em sua casa”, complementa. De acordo com a empresária, o Natal é responsável pelo período de maior faturamento da loja. “Essa festa sempre cria uma expectativa muito grande para o comerciante. É o nosso grande momento. Com a pandemia, ficamos um pouco receosos, mas acredito muito que vamos ter boas vendas, porque as pessoas poderão comemorar o Natal com seus familiares. Isso vai melhorar e fortalecer nossas vendas”, diz.

Planejando as compras

» Os gastos devem ser classificados em urgentes e não urgentes. Prioritários e não prioritários

» Cuidado para o importante não se tornar urgente

» Atualize o orçamento efetuando um balanço financeiro deste ano

» Verifique o que restou de disponível, fazendo uma reserva financeira para as emergências

» Com base no disponível, programe as compras e anote no papel os produtos e presentes a serem adquiridos e partir para pesquisa

» Aproveite eventuais promoções, mas evite compras por impulso. Cuidado com falsas ofertas

 

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