Consciência negra

Ações antirracistas na esfera criminal são temas de seminário no DF

A jornalista do Correio Braziliense, Carmen Souza foi uma das convidadas do seminário e defendeu a necessidade de todos terem um olhar apurado para identificar condutas e mensagens racistas

Edis Henrique Peres
postado em 26/11/2021 13:03 / atualizado em 26/11/2021 15:52
Debate com o tema
Debate com o tema "Racismo se combate em todo lugar" foi organizado aos defensores públicos, nesta sexta-feira (26/11). - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)

"Atuação antirracista da Defensoria Pública na perspectiva Criminal", foi o tema de um seminário promovido pela Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep) e pela  Comissão Temática da Igualdade Étnico-Racial, nesta sexta-feira (26/11), no Distrito Federal. No debate, os participantes analisaram, entre outras questões, como os discursos contribuem para a imagem da pessoa negra na sociedade. 

Entre os participantes do primeiro painel estavam a jornalista e editora do Correio Braziliense, Carmen Souza, titular da coluna Pretos no Topo; e o jornalista Luiz Fara Monteiro, apresentador do Jornal da Record, repórter do R7 e radialista. A defensora pública da Bahia e coordenadora da Comissão Temática da Igualdade Étnico-Racial da Anadep, Clarissa Verena, mediou o debate.

Ao falar sobre a repercussão da Pretos no Topo, Carmem contou que, ao assumir a coluna, tinha o propósito de diversificar o debate. "Tenho uma certa birra de focar apenas no tema preconceito. Tenho muito mais a dizer", garantiu.

A editora ressalta que os demais profissionais no processo de comunicação também precisam ser sensibilizados quanto as questões raciais. "O cuidado com o discurso racista não deve ser só meu, deve ser de todos. Principalmente porque os profissionais que têm mais tempo, ou que ocupam os cargos mais altos, são pessoas brancas", salienta.

Na avaliação da jornalista, a reflexão sobre os temas raciais deve partir também da sociedade. "As pessoas costumam dizer que não percebem que determinada propaganda ou posicionamento é racista. Mas na comunicação, por exemplo, faz parte da formação do profissional ter um olhar apurado. Se ele tem um olhar atento em outros temas, porque não nas questões raciais? Esse argumento de 'eu não percebi', parece uma desculpa para não entrar numa discussão estrutural do racismo", acredita.

Oportunidades

O jornalista Luiz Fara compartilhou na mesa de debate sua percepção sobre as cotas das universidades. "Acreditava que as questões de cotas não eram necessárias, que cada um com seu esforço seria capaz. Até que fui ser correspondente na África e encontrei juízes, médicos, promotores e líderes negros. Nesse período me dei conta do grande trabalho de conscientização que precisávamos fazer no Brasil e entendi a importância das cotas", detalhou.

O trabalho de Luiz Fara também serviu para motivar jovens negros a seguir o mesmo caminho profissional. "Um dia eu estava na rua, fazendo uma reportagem, quando uma senhora me parou e disse que o filho dela, adolescente, não era encorajado, até que me viu apresentando um programa de TV e se sentiu animado e capaz de chegar aonde queria. Essas iniciativas são importantes", finalizou.

Consciência negra

As discussões sobre igualdade racial são abordadas nas páginas do Correio no decorrer do ano. O enfoque é ainda maior no mês de novembro, período dedicado à reflexão sobre a necessidade de combate ao racismo e promoção da igualdade entre negros e não negros. Este ano, o tema do projeto é Consciência negra, e será encerrado no dia 30. 

Ano passado, o Correio ficou entre os finalistas em um dos mais importante concurso do jornalismo brasileiro, o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com a série Histórias de Consciência, publicada ao longo de novembro de 2019. Nas reportagens, os jornalistas de diferentes editorias contaram histórias de pessoas negras do Distrito Federal que se destacam nas mais diversas áreas do conhecimento.

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