A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, anunciou que serão aplicadas em todas as escolas da rede pública de ensino da capital uma avaliação diagnóstica com o objetivo de identificar os prejuízos causados pela pandemia e pelo ensino remoto na alfabetização das crianças. A prova será aplicada um mês após o início das aulas na rede pública, marcado para a próxima segunda-feira (14/2).
“Em março, vamos entrar com avaliação diagnóstica para a rede para que tenhamos noção das perdas que nossos estudantes tiveram nesse período e para que assim possamos entrar com ações pedagógicas para recompor essas aprendizagens perdidas”, disse a chefe da pasta nesta quarta-feira (9/2), durante coletiva de imprensa para apresentar as diretrizes para a volta às aulas 100% presenciais no DF.
Hélvia justificou a decisão baseada em uma pesquisa divulgada pela entidade Todos Pela Educação, que revela um aumento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos que estão analfabetas. “É uma situação extremamente delicada para nós gestores da Secretaria de Educação e do país como um todo”, disse a secretária.
Aumento do analfabetismo
Um levantamento feito pela ONG Todos pela Educação, divulgado na última terça-feira (8/2), apontou que houve um crescimento de um milhão de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler nem escrever durante a pandemia da covid-19. O número de crianças com essa idade que, segundo a percepção dos pais, não estão alfabetizadas passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021.
O aumento comprova os efeitos negativos da pandemia sobre a educação pública brasileira e tem maior impacto entre alunos negros, já que pesquisa também apontou a diferença entre esse índice em crianças pretas e pardas e crianças brancas.
Segundo os dados, os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos que não sabiam ler e escrever passaram de 28,8% e 28,2% em 2019 para 47,4% e 44,5% em 2021, respectivamente. Ao observar a não-alfabetização de crianças brancas, o aumento foi de 20,3% para 35,1% no mesmo período.