Luto

Jogador brasiliense morre na França e família pede ajuda para translado

Iago Victor, de 26 anos, fazia teste para entrar em um time de futebol francês, mas teve uma parada cardiorrespiratória e morreu antes de chegar ao hospital. Família faz vaquinha para custear o traslado do corpo: ‘nem tive tempo de sentir minha dor’, diz irmão

Jéssica Gotlib
postado em 01/03/2022 18:00
"O sonho dele sempre foi futebol, não sabia fazer outra coisa", diz irmão de Iago - (crédito: Vakinha/Reprodução)

A família do jogador Iago Victor Santos, 26 anos, recebeu uma inesperada e triste notícia no domingo (27/2). O atleta morreu logo após fazer um jogo teste em um time de futebol na França. Segundo o relato do irmão de Iago, Pedro Gabriel Felipe dos Santos, 34, o jovem começou a se sentir mal logo após a partida. Então, ele foi a um restaurante almoçar e, logo depois, piorou.

Em casa, ele teve uma parada cardiorrespiratória. A noiva de Iago ligou para o irmão dele que acompanhou o atendimento dos paramédicos por chamada de vídeo. “Somos quatro irmãos e nós nunca imaginamos que ele fosse o primeiro a morrer. Perdemos nosso pai em 2020 e, agora, o Iago”, conta Pedro ao Correio.

O rapaz diz que o irmão sempre foi saudável. “A única coisa que ele teve foi covid, em janeiro, mas já tinha passado o período de isolamento e a recuperação tinha sido boa”, lembra Pedro. De acordo com o irmão, o laudo cadavérico com os detalhes do que ocorreu com Iago só sairá na quarta-feira (2/3).

Em busca do sucesso

Iago sempre amou futebol. “Ele não sabia fazer outra coisa que não fosse jogar bola”, diz Pedro. Desde criança, treinou em escolinhas de Vicente Pires, onde a família mora até hoje, e chegou a jogar em times do Distrito Federal. A primeira oportunidade internacional foi em um clube da Bélgica e, de lá, passou por diversos países antes de voltar ao Brasil em 2018.

No Brasil, fez testes para grandes clubes da primeira divisão. Mas foi em Portugal que encontrou a casa mais duradoura. Em 2020, Iago resgatou o sonho de alcançar a fama em um clube europeu e foi jogar no FC Avintes, em terras lusitanas. O jovem só deixou o time neste ano para participar do teste que fazia logo antes de morrer, na França.

Ainda no dia 27, o Avintes postou nota lamentando o falecimento do atleta. “Em nome de todos os órgãos sociais do nosso clube, endereçamos os nossos pêsames e manifestamos todo o nosso apoio para com os familiares e amigos do atleta. Uma vez um de nós. Para sempre um de nós”, completa a nota publicada no perfil oficial do clube no Instagram.

Burocracia em meio à dor

Pedro ressalta que a família só tem a noiva do irmão de contato na Europa. Isso torna mais difícil lidar com os trâmites intercontinentais para repatriar o corpo de Iago. Foi por isso que amigos do jovem criaram uma campanha de financiamento coletivo para tentar arrecadar um valor próximo ao que será gasto com o traslado.

“Nossos amigos abriram a campanha com a meta inicial de 20 mil reais, mas a pessoa que está nos orientando com o processo de repatriação falou que são gastos entre 12 e 15 mil euros. Com a pandemia, eles acabaram fazendo muito esse tipo de processo e estão nos ajudando bastante”, explica Pedro.

Segundo ele, quem deu as informações que a família tem até agora sobre o traslado de Iago foram pessoas que trabalham na embaixada brasileira na França. Entretanto, a família ainda não conseguiu começar o processo para trazer o corpo do jovem porque depende da liberação do laudo do equivalente francês do IML.

Além disso, o rapaz conta que o feriado de Carnaval no Brasil também dificultou que a família pudesse conseguir mais informações do Itamaraty. Por isso, eles tentam adiantar tudo o que conseguirem por conta própria nestes dias para que, quando tiverem acesso ao Ministério das Relações Exteriores, o processo ande o mais rápido possível.

“A família inteira está destruída, especialmente minha mãe. Mas eu ainda não tive nem tempo de sentir minha dor porque estou tendo que resolver tudo isso. Só queremos trazer meu irmão para casa, para que possa receber a despedida que merece ao lado da família. Queremos tentar trazer a noiva dele também”, conta.

Despedida

Pedro prevê que o luto será difícil depois que resolver todos os trâmites necessários. “Espero conseguir resolver o máximo possível, mas que a embaixada possa nos ajudar com o que faltar também. Não temos ninguém da família lá na França, precisamos trazer meu irmão para casa”, diz.

Ele conta que Iago planejava vir ao Brasil conhecer o sobrinho e passar o natal com a família em 2022. “Quando ele foi embora, minha esposa estava grávida de quatro meses. Ele não conhecia meu filho a não ser por chamada de vídeo. Estávamos empolgados combinando um reencontro, mas não deu tempo”, lamenta.

O irmão de Iago diz que o mais importante agora é que o irmão volte. “Precisamos fazer isso para confortar o coração da minha mãe, de toda a família”, pontua.

Como ajudar

A família já conseguiu arrecadar R$ 17,7 mil reais dos cerca de R$ 70 mil necessários. O projeto de financiamento coletivo está hospedado no site Vakinha com a ID: 2714520. Quem puder doar qualquer valor pode acessar este link. Pedro Gabriel Felipe também irá compartilhar as atualizações sobre o caso nas redes sociais através dos perfis @pedrogabriellfs, no Twitter, Instagram e Facebook.

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