Mercado de trabalho

Mulheres se reinventam durante a pandemia e apostam no empreendedorismo

Para contornar o desemprego ou a queda no faturamento, elas decidiram tirar sonhos antigos do papel

Débora Oliveira
postado em 16/03/2022 06:00 / atualizado em 16/03/2022 13:06
 (crédito: Foto cedida ao Correio)
(crédito: Foto cedida ao Correio)

O empreendedorismo feminino é um movimento que tem crescido no mundo inteiro e mudado a vida de muitas mulheres, tornando-as protagonistas das próprias histórias. Um levantamento da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) em parceria com o Dieese apontou que, no segundo semestre de 2021, o número de mulheres inseridas no mercado de trabalho, 36 mil, foi maior que o número das que se tornaram aptas ou demonstraram interesse em ingressar no mercado de trabalho, 31 mil, no comparativo do mesmo período em 2020, causando uma diminuição na porcentagem de mulheres desempregadas.

A pandemia, causada pela covid-19, trouxe uma nova realidade e fez com que muitas pessoas precisassem se reinventar. É o caso da estudante de publicidade Suellen Araújo, que com a chegada da pandemia, acabou perdendo o emprego fixo e, aos 22 anos, em um momento difícil, enxergou a oportunidade de tirar um sonho antigo do papel: trabalhar com moda e empreender.

“Em uma conversa com o meu namorado, expressei um sonho individual que tinha guardado só para mim: ter uma loja, pois era aquilo que eu amava fazer, que me dava prazer; ele foi a pessoa que mais me apoiou. Antes da pandemia, eu estava juntando um dinheiro com a finalidade de viajar, mas peguei esse dinheiro e dei início à minha marca, “Viva Brand”. Desde o princípio, eu me dispus a dar o meu melhor e me dediquei completamente a esse sonho”, conta Suellen sobre como começou.

Com as restrições de circulação, a pandemia acabou gerando grande impacto na economia. Sarah, 29 anos, atuava como fotógrafa em eventos familiares e festas, o trabalho ficou inviável de ser exercido, em consequência ao distanciamento. Todos os eventos agendados foram desmarcados e todos os ensaios cancelados. “A fotografia sempre foi minha renda para o sustento do meu lar, com isso foi uma fase muito difícil, realmente não havia como ficar parada e tive que me reinventar”, conta Sarah.

Mãe solo, como uma casa para sustentar, a fotógrafa mudou o nicho de trabalho. Entrando no segundo semestre de 2020, começou a fotografar mulheres em ambientes abertos respeitando todas as medidas preventivas. “Na época foi um sucesso, muitas outras mulheres sentiram esse dispersar para se enxergarem sob uma nova perspectiva, através do meu olhar fotográfico. Acredito que a quarentena trouxe isso com muita força, do autoconhecimento, de passar mais tempo consigo mesma. Todo mundo teve que parar, parar seus trabalhos, suas funções, suas atividades, tivemos que parar tudo”, explica a fotógrafa.

Hora da mudança 

Com as regras de distanciamento, as compras realizadas de forma online cresceram significativamente. Nesse contexto, a idealizadora da “Viva” usou dos meios digitais para criar uma persona que se conectava com o público alvo da marca, atingindo o objetivo final de vender. “Tive que me reinventar, era um momento difícil no qual muitas pessoas foram afetadas financeiramente. Um dos diferenciais que levo na marca para conquistar minha persona está em seu designer e sua mensagem para vida. Em todos os editoriais, por mais difíceis que sejam – devido ao distanciamento – busco levar amor através de uma frase motivadora e aroma nas peças. Em todas as coleções escolho um nome baseado na história que será entregue ao meu público, entendendo que não é só vender, é se conectar e deixar algo de valor para as pessoas. Me esforço para enfatizar o “PERMITA-SE”, trazendo diversos tipos de beleza para as pessoas”, explica a empresária.

Editorial, Viva Brand
Editorial, Viva Brand (foto: Foto cedida ao Correio)

Também aproveitando o cenário digital em crescimento, a fotógrafa Sarah viu a oportunidade de expandir seu negócio, criando uma agência criativa que tem como intuito auxiliar empreendedores na criação de conteúdos para suas mídias sociais. Intitulada de “Cnarium”, a agência oferece serviços completos que resolvem toda a demanda de comunicação de empresas e marcas, como fotografia, filmagens, design gráfico e social media.

“Depois dessa fase de fotografar mulheres, comecei a ser muito requisitada em serviços empresariais, em consequência a crise que alcançou nosso país na pandemia, muitas pessoas tiveram também que se reinventar, e as mídias sociais sempre trouxeram essa facilidade de venda, de expor o que se faz, de expor seus produtos enfim. Fui muito procurada para fotografar empresárias, produtos e diversos serviços. E o mercado digital só vem aumentando cada vez mais, e quando isso é realizado de maneira bem produzida e planejada, dá muito certo”, conta Sarah.

Iniciativa apoia empreendedorismo local

Vendedora separando caixas
Vendedora separando caixas (foto: Foto cedida ao Correio)

Desde que a pandemia da covid-19 chegou ao Brasil, o e-commerce se tornou o principal meio de compra de muitos consumidores. Com o intuito de apoiar pequenos e médios empreendedores locais, surgiu o BringU, uma plataforma de vendas onlines com um sistema simples, prático, seguro e moderno. “O BringU surgiu para apoiar pequenos empreendedores e lojistas de Brasília. Nosso aplicativo é multifuncional e atende às necessidades de soluções de gestão e venda, tudo em um único ambiente”, explica o CEO da plataforma, Mário James.

A ferramenta de vendas e logística alia as vantagens de uma vitrine virtual às facilidades de um sistema bancário próprio, permitindo, ainda, que o empreendedor passe a integrar uma cartela de clientes para realizar agendamentos, acompanhar pedidos, entregar orçamentos, receber documentos e operar pagamentos.

Para os consumidores finais, o aplicativo oferece um ambiente de shopping virtual na internet, que vai lançar a público com mais de 150 lojas de todos os ramos. “Para os consumidores finais, somos uma plataforma de vendas com lojas de todos os segmentos, oferecemos contato direto com a loja e suporte de vendas, desde a pesquisa do produto até a entrega das suas compras em sua residência”, explica Ana Carolina, diretora de marketing da plataforma.


Ambas as formas de abrir uma loja, seja física ou virtual, requerem atenção e disposição igual. “O diferencial do on-line, principalmente quando se tem e-Commerce, é que a venda por ele ocorre 24 horas. Devido a esse cenário atípico em que nos encontramos, as pessoas estão optando pelo mais prático, já que a venda on-line permite que você realize compras de onde estiver — rompendo as barreiras do lugar físico e do tempo — desde que se tenha um celular/computador/tablet e, para facilitar ainda mais esse processo, procuro mostrar a realidade do produto bem como suas especificações e variações”, conta Suellen sobre a escolha.



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  • Suellen Araujo
    Suellen Araujo Foto: Foto cedida ao Correio
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    Editorial, Viva Brand Foto: Foto cedida ao Correio
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    Vendedora separando caixas Foto: Foto cedida ao Correio
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