Investigação

Entenda o esquema de rifas ilegais e lavagem de dinheiro do youtuber Klebim

Na manhã desta segunda-feira (21/3), policiais civis do DF prenderam quatro pessoas temporariamente. Klebim é considerado o "01" do esquema. Segundo as investigações, o dinheiro das rifas ia para a EstiloDUB Publicidade, empresa de fachada

Darcianne Diogo
postado em 21/03/2022 19:13
O youtuber Kleber Rodrigues usava um esquema de empresas laranjas para lavagem do dinheiro -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
O youtuber Kleber Rodrigues usava um esquema de empresas laranjas para lavagem do dinheiro - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

O esquema milionário de rifas ilegais e lavagem de dinheiro, que colocou atrás das grades o youtuber Kleber Moraes, mais conhecido como Klebim, 27, Vinícius Couto Farago, 30, Pedro Henrique Barroso Neiva, 37, e Alex Bruno da Silva, 28, utilizava empresas de fachada para a lavagem dos recursos obtidos ilegalmente com a venda de rifas de carros de luxo. Os quatro envolvidos foram presos na manhã desta segunda-feira (21/3) durante uma megaoperação da Polícia Civil do Distrito Federal.

Klebim acumula cerca de 4 milhões de seguidores nas redes sociais (Youtube e Instagram), incluindo as outras contas monitoradas por ele, como a EstiloDUB Publicidade, a Guincho Dub, a Dub Shop e a Dub House. Por meio desses canais, ele divulgava veículos auto esportivos equipados com rodas, suspensão e sons especiais e, em seguida, estipulava o valor da rifa e anunciava o automóvel no site www.dfrifas.com.br (retirado do ar logo após o início da operação).

Na Lei nº 3.688/41, que está em vigor, a rifa é considerada modalidade de jogo de azar, tipificado, no Brasil, como contravenção penal. Apenas organizações da sociedade civil, que tem o intuito de arrecadar recursos adicionais destinados à manutenção ou custeio, podem promover “sorteio filantrópico”, mediante autorização do Ministério da Economia.

Além da contravenção penal, Klebim, considerado o “01” do esquema, praticava lavagem de dinheiro quando destinava o valor arrecadado com a venda das rifas em uma conta do Mercado Pago e, em seguida, na empresa EstiloDUB Publicidade, utilizada como fachada. “O dinheiro sai da empresa e segue para a aquisição de veículos. Aí que está a lavagem, porque ele (autor) queria dar uma aparência (aos seguidores) de que os automóveis teriam sido adquiridos fruto da atividade de publicidade, quando na verdade não existe isso, mas, sim, jogos de azar”, explicou o delegado Fernando Cocito, da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF).

A sede da empresa de fachada, situada em Samambaia, sequer estava pronta. As investigações revelaram que o dinheiro das rifas também era empregado na construção da loja. Por dois anos, Klebim usou o nome da mãe (laranja) para comprar automóveis.

Ostentação


Os policiais cumpriram quatro mandados de prisões temporárias e sete de busca e apreensão. Nove carros de luxo foram apreendidos, incluindo uma Mercedes, uma Lamborghini e uma Ferrari; bem como R$ 10 milhões das contas dos investigados e de empresas foram bloqueados pela Justiça.

Alvo da operação, uma mansão localizada no Park Way avaliada em R$ 4 milhões, de propriedade de Klebim, também foi confiscada. Com 2,5 mil m² de área, o imóvel tem cinco quartos, cinco suítes, três salas, nove banheiros e nove vagas para carros, além de espaço de lazer completo, com piscina aquecida em três níveis, churrasqueira, sauna, espaço para fogueira, ofurô e sala de jogos.

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  • Klebim realizava sorteios de rifas de carros de luxos pelas redes sociais e depois comprava novos veículos no nome de empresas laranja
    Klebim realizava sorteios de rifas de carros de luxos pelas redes sociais e depois comprava novos veículos no nome de empresas laranja Foto: Reprodução/Redes sociais
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    Conhecido como Klebim, o influenciador digital de Brasília responde em liberdade Foto: Reprodução/Redes Sociais
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    Em apenas dois anos, esquema criminoso movimento R$20 milhões, segundo apuração da PCDF. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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    A Polícia Civil cumpriu oito mandados de busca no DF, com o sequestro de nove veículos. Alguns deles, com o valor médio de R$ 3 milhões, de acordo com a corporação. Keber Moraes, 27 anos, foi detido ontem Foto: Reprodução/Redes Sociais
  • O titular da DRF, Fernando Cocito, revelou que a lavagem de dinheiro era feita por empresas de fachada
    O titular da DRF, Fernando Cocito, revelou que a lavagem de dinheiro era feita por empresas de fachada Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
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