Saiba quem é o chefe do grupo que extorquia e tomava casas na Estrutural

Ederson França Cavalcante, 27 anos, conhecido como "Chininha", foi preso pela Polícia Civil do DF em 4 de abril e está na Papuda. Ele acumula passagens por extorsões, estelionatos, roubos, porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas, tentativa de homicídio, associação criminosa, esbulho possessório e dano

Darcianne Diogo

postado em 30/04/2022 09:30

Ederson França: mais conhecido como Chininha, chefe do grupo - (crédito: Material cedido ao Correio)

Os homens presos acusados de ameaçar e tomar lotes de famílias da Estrutural acumulam uma extensa ficha criminal, com passagens por roubos e até tentativas de homicídio. Neste sábado (30/4), o Correio revelou como funcionava o esquema criminoso. Apontado como o chefe, Ederson França Cavalcante, 27 anos, conhecido como “Chininha”, foi preso pela Polícia Civil do DF (PCDF) em 4 de abril, após ficar quase um ano foragido.

Os criminosos ainda são investigados por uma série de outros delitos, como estelionato, falsificação de escrituras e documentos públicos, porte ilegal de armas de fogo, tráfico de drogas, ameaças, injúrias e lavagem de dinheiro.

O grupo, composto por cinco homens, invadiu ao menos 15 residências em dois anos na região e amedrontou moradores , segundo as investigações. Ederson França, Wesley Carvalho Bezerra (o “Instalação” e braço direito de Ederson), Luis Antenor Cruz Silva, Jeferson Santos Teixeira e Pedro Henrique Ribeiro de Souza escolhiam vítimas mais vulneráveis, como idosos ou pessoas que moravam sozinhas. Em seguida, criavam subterfúgios para tomar posse dos imóveis.

Temido na região, Ederson ostenta uma vasta ficha criminal por extorsões, estelionatos, roubos, porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas, tentativa de homicídio, associação criminosa, esbulho possessório e dano. No começo do ano passado, ele também foi preso após constranger um morador da Estrutural. Na ocasião, a vítima havia firmado um contrato para trocar de casa com uma mulher e pagar R$ 25 mil a mais.

Grupo tomou ao menos 15 lotes de famílias em 2 anos (foto: Material cedido ao Correio)

A negociação acabou interrompida por Ederson, que ligou para o homem e determinou que ele não se mudasse e até saísse da própria casa, pois, segundo Chininha, a mulher “teria uma dívida com ele”. Em 1º de fevereiro de 2021, o rapaz estava na residência, quando ouviu gritos do lado de fora. “Saí para fora”, chamou Ederson. A esposa da vítima saiu e se deparou com Chininha segurando um pedaço de pau e quebrando o vidro do carro da família. “Vou ser bonzinho e dar para vocês até amanhã para sair da casa. Se vocês não saírem, vou matar todo mundo, você, seu marido e sua filha”, ameaçou.

Ficha criminal

Em abril do ano passado, Chininha ameaçou e mandou os comparsas invadirem a casa de mãe e filha, no Setor Norte da Estrutural. Braço direito dele, Wesley criou um artimanha para colocar o próprio sobrinho no telhado da casa da família. O menino caiu e se feriu, o que motivou o criminoso a acusar a dona da casa de ter deixado um fio de energia no telhado e a ameaçou. “Vai ser cobrado”, disse. Tanto "Chininha" quanto Wesley deram início a uma série de ameaças de morte.

Nas ligações feitas à mulher, Ederson afirmou que iria invadir o imóvel e matar a todos. “Elas se mudaram e deixaram um homem de confiança para tomar conta da casa. O novo morador, no entanto, não intimidou o grupo. Em um certo dia, quando chegava no imóvel encontrou dois homens armados. Com medo, ele fugiu”, afirmou o delegado-adjunto da 8ª DP, Luiz Gustavo Ferreira.

Ederson também tem uma passagem por um homicídio, motivada por uma desavença com um rival. A vítima acabou baleada por Chininha em um acerto de contas e morreu no local. Ederson também chegou a ser atingido por tiros, mas foi socorrido.

Em 2019, quando saía do presídio ao ser beneficiado pelo saidão do Dia das Mães, Ederson foi preso por porte ilegal de arma de fogo, logo depois que policiais militares abordaram um carro suspeito, com três homens e uma mulher, que estariam esperando por Chininha. Durante a revista, os PMs encontraram uma arma na bolsa da mulher e o preso assumiu a propriedade.

Assalto à luz do dia

Em 2016, Ederson na companhia de três rapazes assaltaram um posto de gasolina na Ponte Alta do Gama. Na ocasião, um dos criminosos desceu do veículo com arma em mãos, rendeu funcionários e levou R$ 106. No mesmo ano, Chininha tentou matar outro rival. Os tiros acertaram a mão direita da vítima, que foi conduzida ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT).

Um ano antes, em 2015, Ederson também cometeu outro assalto em uma padaria. Na companhia de um adolescente, o criminoso invadiu o comércio armado às 6h50 e roubou celulares de clientes e funcionários, além de dinheiro.

Antes do assalto, a dupla abordou e roubou um homem, na Avenida Principal do Recanto das Emas. A vítima sofreu uma pancada na cabeça e teve o celular, o casaco e a carteira levados.

Extorsões

Ederson foi preso pela PCDF em 4 de abril, em uma feira de Samambaia, pelos crimes praticados contra mãe e filha. De posse das casa, os criminosos anunciaram a venda do imóvel por R$ 70 mil e, inocentemente, sem suspeitar de nada, duas mulheres ofereceram um carro, uma motocicleta e R$ 10 mil para comprar a casa.

A empreitada criminosa contava, ainda, com uma escritura falsa, que ostentava até o timbre de um Cartório de Alexânia e teria sido registrado no Livro 185, do 2º Ofício de Notas, Protesto, Registro de Pessoas Jurídicas, Títulos e Documentos.

Em uma megaoperação, a 8ª DP chegou ao encalço de Wesley Carvalho, Jeferson Santos Teixeira e Pedro Henrique. Antenor não teve a prisão decretada. Jeferson e Pedro foram os primeiros a serem presos, em 27 de agosto do ano passado. Já Wesley, braço-direito de Chininha acabou detido em 18 de outubro do ano passado.

 

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  Grupo tomou ao menos 15 lotes de famílias em 2 anos Foto: Material cedido ao Correio
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  Jeferson Santos: encarregado de fazer ameaças e criar pretextos para tomar os lotes Foto: Material cedido ao Correio
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  Wesley Carvalho: o "Instalação", braço direito de Chininha Foto: Material cedido ao Correio
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  Pedro Henrique Ribeiro: encarregado de fazer ameaças Foto: Material cedido ao Correio
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  Luis Antenor: responsável pela falsificação da escritura dos imóveis Foto: Material cedido ao Correio
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  Carro dado pela vítima aos criminosos como parte do pagamento Foto: Material cedido ao Correio