Meio Ambiente

Professora cria projeto para mostrar riqueza do Cerrado aos estudantes

Projeto de professora da rede pública apresenta na prática as características do Bioma aos alunos do Centro de Ensino Médio (CEM) de Taguatinga Norte. Edijane Amaral revela que a iniciativa nasceu há mais de 20 anos

Edis Henrique Peres
postado em 04/07/2022 06:00 / atualizado em 04/07/2022 07:06
Pausa para conversar sobre a importância dos insetos no Projeto Cerrado Vivo -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Pausa para conversar sobre a importância dos insetos no Projeto Cerrado Vivo - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Em fila indiana, os estudantes do Centro de Ensino Médio (CEM) de Taguatinga Norte se organizam na Trilha Ecológica do Jardim Botânico para conhecer as fitofisionomias do cerrado. As árvores tortuosas do cerradão são as primeiras a receber os 39 alunos do 1º ano do ensino médio. A visita é uma iniciativa do Projeto Cerrado Vivo, em execução há mais de 20 anos e idealizado pela professora Edijane Amaral, com o objetivo de ensinar na prática o que é aprendido em sala de aula. A reportagem do Correio, na última terça-feira (28/6), também viveu essa experiência e acompanhou a escola durante os quase 4km de trilhas feitas ao longo da manhã.

Familiarizada com o percurso, Edijane é quem lidera o caminho e indica as curiosidades encontradas em cada parada: as adaptações das plantas para o solo ácido, típico do cerrado; os cupinzeiros e a importância dos insetos, junto com as formigas, no papel de decompositores. A vegetação se transforma e a professora de geografia indica as novas fitofisionomias do bioma: do cerradão para o cerrado típico; do campo sujo para o campo limpo; da mata de galeria para o cerrado denso, por exemplo.

Edijane conta que o Projeto Cerrado Vivo nasceu do desejo de dar aos alunos a oportunidade de ter um contato mais próximo com a natureza. Assim, em 2020, o trabalho ficou entre os 50 finalistas do país no Prêmio Educador Nota 10. "A maioria dos alunos nunca sequer veio ao Jardim Botânico. Como vimos, apenas um deles já tinha visitado. Além disso, depois que fazemos a trilha, eles ficam mais atentos à conscientização e começam a identificar espécimes no dia a dia. Quando chegam à sala de aula estão super empolgados porque encontraram, por exemplo, alguma planta que vimos aqui na casa de algum familiar que visitou nas férias", detalha. A professora afirma que os alunos começam a se importar, também, com a defesa do ecossistema. "Quando tem alguma queimada, eles ficam super chateados. Eles se despertam para a importância da preservação", diz.

A educadora defende, também, a experiência que o passeio proporciona. "Durante a trilha, eles apresentam o que aprendem, trabalham o conteúdo da sala de aula, mas o que verdadeiramente marca é a experiência de beber água na fonte, de tocar nas plantas e sentir a textura, de ver as mudanças que acontecem nas características. Isso é algo que eles guardam e compartilham juntos, e é levado para a vida", opina.

Conscientização

Divididos em grupos, os estudantes recebiam, em cada parada, explicações sobre vegetações próprias. Além das informações, eles puderam sentir as transições de bioma: das temperaturas amenas do cerradão, de 26ºC, passando para o cerrado típico, com temperatura de 28ºC e queda da umidade relativa do ar, até o campo sujo, com 32ºC. A cor do solo foi outro detalhe que chamou a atenção dos alunos. Professora de Química e colaboradora do Projeto, Gabriela Pereira da Silva, explica o motivo da variação. "No cerradão o solo é vermelho vivo devido a alta presença de ferro e de oxigênio, no entanto, mais para frente veremos ele ficar em tons amarelos, depois o solo fica até mesmo cinzento, com outras características", salienta.

Para o estudante de 15 anos, Paulo Henrique Liberal, visitar o Jardim Botânico foi algo único. "Já tinha vindo uma vez aqui, mas nunca tinha feito a trilha. Desse jeito vemos a importância e a riqueza que temos e o porquê devemos proteger", afirma. Paulo já pensa no futuro e enxerga os benefícios da visita. "Diversos conteúdos do cerrado costumam cair no PAS (Processo Seletivo de Avaliação Seriada) e também no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), então vai ser positivo".

Maria Souza, 15, de cara se interessou pela temática do estudo dos biomas. "Desde o início estava muito interessada na disciplina. Agora, com a oportunidade de vivenciar tudo que foi dito em sala de aula presencialmente, ver as características da vegetação de um lugar ficando mais seco, a temperatura mais quente, isso é muito legal", comenta.

Sensorial

Durante o trajeto, os alunos tiveram a oportunidade de tocar na maciez característica da folha de pequi, sentir a umidade e o frescor próximo de umas das nascentes do Córrego Cabeça de Veado, além de aspirar o cheiro produzido pelo Breu, árvore típica. Felipe Sousa Pereira, 16 anos, diz que ficou encantado com o contato direto com a natureza. "Isso ainda ajuda a gente a aprender na prática o conteúdo da sala de aula, juntar a teoria e a prática", constata.

Maria Eduarda Gonçalves, 15 anos, concorda e diz que aprender de perto é diferente. "A gente conseguiu ver coisas que não tem como ver nas escola, como a mudança da vegetação, ou da temperatura aumentando quando as árvores iam ficando mais abertas", diz. Além da trilha, os alunos visitaram o acervo de animais do Jardim Botânico durante o período da tarde, um dos grandes interesses de Alex Paz, 17 anos. "O que mais gostei é das árvores e os bichos e os animais", disse comemorando a chegada ao destino.

 

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  •  28/06/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Parque Jardim Botânico. Projeto Cerrado Vivo, Alunos do  Centro de Ensino Médio deTaguatinga Norte participam do Projeto Cerrado Vivo com a professora Edijane Amaral.
    28/06/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Parque Jardim Botânico. Projeto Cerrado Vivo, Alunos do Centro de Ensino Médio deTaguatinga Norte participam do Projeto Cerrado Vivo com a professora Edijane Amaral. Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
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    28/06/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Parque Jardim Botânico. Projeto Cerrado Vivo, Alunos do Centro de Ensino Médio deTaguatinga Norte participam do Projeto Cerrado Vivo com a professora Edijane Amaral. Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
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  • Alunos percorreram trilhas do Parque Jardim Botânico
    Alunos percorreram trilhas do Parque Jardim Botânico Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  •  28/06/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Parque Jardim Botânico. Projeto Cerrado Vivo, Alunos do  Centro de Ensino Médio deTaguatinga Norte participam do Projeto Cerrado Vivo com a professora Edijane Amaral.
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    28/06/2022 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Parque Jardim Botânico. Projeto Cerrado Vivo, Alunos do Centro de Ensino Médio deTaguatinga Norte participam do Projeto Cerrado Vivo com a professora Edijane Amaral. Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Professora Edijane Amaral do projeto Cerrado Vivo
    Professora Edijane Amaral do projeto Cerrado Vivo Foto: Reprodução Instagram

Saiba Mais

Mata Ciliar

Vegetação que ocorre às margens de rios e mananciais. O termo refere-se ao fato de que ela pode ser tomada como uma espécie de "cílio" que protege os cursos de água do assoreamento. Estão sujeitas a inundações frequentes.

Mata de Galeria

Vegetação sempre verde, acompanha os córregos e riachos da região central do Brasil, e não perdem suas folhas durante a estação seca.

Mata Seca

Vegetação florestal com predomínio de árvores caducifólias, que perdem suas folhas durante a estação seca.

Cerradão: caracterizado pela presença de substrato arbóreo alto, onde as copas das árvores se juntam formando um maior grau de sombreamento do solo.

Cerrado Denso

Substrato lenhoso mais alto que o do Cerrado Típico e mais baixos que os do Cerradão. Apresenta também substrato de gramíneos e arbustivo.

Cerrado Típico

Caracteriza-se pela presença de árvores baixas, retorcidas, cascas grossas, folhas pilosas, arbustos, subarbustos, ervas e gramíneas. O Pequi está entre as árvores comuns.

Campo Sujo

Formação campestre, com substrato herbáceo/gramíneos e arbustivo.

Campo Limpo

Extensão de terras sem mata, recoberto por plantas herbáceas, principalmente gramíneas, podendo ter árvores esparsas. Ocorre em terrenos planos, vales e colinas.

Vereda

Tipo de formação vegetal que ocorre nas florestas-galeria. Caracterizada pelos solos hidromórficos.

fonte: Jardim Botânico

Funcionamento


De terça a domingo, inclusive feriados
Horário: das 9h às 17h, com entrada permitida até às 16h30
Ingresso: R$5
Entrada gratuita para pedestres e ciclistas entre 7h30 e 8h50
Isento de pagamento, com documento de identificação: crianças de até 12 anos incompletos, pessoas com deficiência e pessoas maiores de 60 anos.

Fitofisionomias

Termo utilizado para designar a vegetação típica de um determinado bioma, que descreve a aparência geral e as características das plantas. Alguns critérios usados são substrato de crescimento e composição da flora, por exemplo.

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