TAGUATINGA

Encontro anual celebra 50 anos de amizade entre ex-moradores da QNF

Hoje, ao menos 130 pessoas são esperadas para lembrar da juventude vivida na região e reforçar laços de afeto, no Bar do Kareka

Isabela Berrogain
postado em 09/07/2022 00:01 / atualizado em 09/07/2022 11:03
 (crédito:  Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

Para os moradores que viveram a infância e a adolescência na QNF de Taguatinga, os anos 1970 e 1980 são fonte de memórias mais do que especiais. Na época, os estudantes do Sesi Taguatinga e da Escola Classe 27 de Taguatinga Norte passaram momentos inesquecíveis no setor.

"Taguatinga é nossa história", define a aposentada Shirley Caixeta, moradora da quadra. "O que a gente mais fazia na adolescência era bater papo nas esquinas da QNF. A gente tinha amigos que moravam em cada uma das 24 quadras, então a gente se encontrava na rua mesmo ou na casa uns dos outros. Nosso divertimento era esse", relembra Shirley. "Como na época a gente não tinha acesso a outras coisas, tipo clube ou cinema, essa era a forma que a gente encontrava de se manter junto", complementa o advogado Ruy Correa, que morou na QNF por 15 anos.

Os anos passaram. As crianças e os adolescentes que cresceram na QNF, se tornaram adultos, casaram, mudaram para outros lugares e acabaram se distanciando. Foi em 2016 que, movido pela nostalgia e pela saudade dos amigos, Ruy, que mora na Bahia, resolveu criar o grupo Amigos para sempre no WhatsApp, com o intuito de diminuir a distância entre os colegas do bairro. "Eu botei umas três ou quatro pessoas que mantive uma relação mais próxima e, de repente, tinham mais de 100 no grupo", relata.

Fora do virtual

A partir do WhatsApp, surgiu um projeto maior: o encontro presencial dos moradores da QNF, ou Encontro dos Amigos da QNF. O evento, que ocorre em Taguatinga Norte, nasceu como forma de celebrar a amizade e promover o reencontro de quem morou no setor entre as décadas de 1970 e 1980. Hoje, os ex-moradores realizam a quinta edição, honrando as histórias e memórias do local. "Atualmente, o Encontro dos Amigos parece um evento cultural da QNF, está inserido na cultura de lá. Para mim, já poderia figurar como um evento de Taguatinga", avalia Ruy. A celebração terá início às 15h na Cervejaria Caixa D'Água (Bar Do Kareka), na Praça da CNF, e contará com as atrações The Funk Brothers, Os Naftalinas e Dj Liu Pinheiro para animar a tarde com muita música.

Nesta edição, os participantes terão motivos de sobra para celebrar: o encontro de hoje é o primeiro desde o início da pandemia da covid-19. "É um sentimento de alegria imenso, principalmente depois dessa pandemia. Na verdade, o sentimento maior é de gratidão, pelo simples fato de estarmos vivos", declara o aposentado Francisco Vieira da Silva. "Além de matar a saudade, nós vamos comemorar a preservação da vida, depois de passarmos por muitas dificuldades nesses últimos dois anos", diz.

Do colégio

Além de tesoureiro do evento, Francisco é participante assíduo das reuniões. Acompanhado da esposa, que conheceu durante os tempos de colégio na QNF, o aposentado encontra os amigos anualmente. "Como a gente passa muito tempo sem se ver, todo mundo volta a ser criança quando a gente se reencontra", admite.

Dentre os 130 participantes da edição, encontram-se pessoas do Distrito Federal, outros estados e países. Morando no exterior há 35 anos, o professor Carlos Menezes veio direto dos Estados Unidos para participar da celebração. "A QNF fez parte fundamental no meu desenvolvimento como pessoa", conta o professor, que morou no setor por 18 anos. "Lá, fiz amizades verdadeiras e duradouras. Algumas dessas pessoas eu procurei manter contato durante todo esse tempo. Mais recentemente, com as redes sociais, as coisas ficaram mais fáceis", explica. Sem os encontros anuais, o grupo de WhatsApp foi o que manteve os amigos conectados durante 2020 e 2021.

Nos eventos, Carlos tem reencontrado colegas que não via há mais de 40 anos. "Esses encontros nos fazem voltar ao passado. É muito emocionante poder abraçar, sorrir e ouvir as histórias das pessoas que tomaram direções diferentes nas vidas. Cada um tem uma história, e todas são igualmente importantes", pontua. "Com o passar do tempo, e com as pessoas consequentemente seguindo direções diferentes, é óbvio que as pessoas passam a pensar de formas diferentes. Isso acontece e é parte do processo. No grupo, temos discussões políticas e religiosas, o que não é fácil nos dias atuais, mas no dia do encontro esquecemos essas divergências e somos simplesmente "amigos para sempre", finaliza.

 


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