Beleza

Nem no passado nem no futuro, a hora é de focar na florada amarela dos ipês

Está aberta a temporada de admirar a beleza dos ipês esparramados pela cidade. Todos querem fazer aquela foto perto da árvore. Vale até enquadrar movimentos de pole dance no belo cenário que a natureza nos propicia todos os anos

Júlia Eleutério
postado em 16/08/2022 06:00
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

No caminho de ida para o trabalho, no trajeto de volta para casa, na saída para um exercício físico e até numa pausa da correria, os brasilienses podem contemplar a beleza dos ipês amarelos nesta época do ano, em vários pontos da cidade. Florescendo entre os meses de julho a setembro, as árvores colorem a cidade mesmo com a seca do cerrado. Os admiradores da beleza encantadora do ipês param, nem que seja rapidinho, para tirar uma foto e registrar o momento.

É o caso da aposentada Conceição Martins, 62 anos, que parou para contemplar a beleza do ipê amarelo florido da 402 Norte, quando voltava para casa, após ir ao comércio local. Fazendo selfies para registrar o momento, a moradora da quadra conta que todo ano tira fotos das árvores. "Eu amo essa planta maravilhosa. É lindo demais!", disse enquanto admirava o amarelo vibrante. Ela conta que todo ano a quadra vira um ponto turístico. "Ainda estão faltando uns oito ou nove, mas acho que até quarta-feira vão estar todos pipocados de amarelo", espera.

Natural do Maranhão, Conceição mora em Brasília desde a década de 1970 e comenta que viu muitas dessas árvores da quadra serem plantadas. A moradora conta que, de frente para a janela do apartamento onde vive, tem uma alameda de ipês. "Quando eu acordo de manhã e abro minha janela, a casa fica toda amarela. É uma sensação maravilhosa", descreve a aposentada.

Diego Gomes, 31, ouviu de um amigo que a quadra da Asa Norte estaria cheia de ipês. O corretor de imóveis não pensou duas vezes e foi até o local fazer registros das árvores. "Tem uma calçada no meio e tem os ipês que plantaram de um lado e do outro. Fica bem bonito", descreve. Andando sempre com a câmera, o morador de Samambaia conta que a fotografia é um hobby.

Andando para vários lugares por conta do trabalho, Diego destaca que se deparar com a beleza dos ipês traz mais leveza para o dia. "Quando é amarelo então, eu fico andando de carro bem devagarzinho justamente para admirar mais", comenta. Nascido e criado na capital, o corretor ressaltou que adora fotografar as paisagens da cidade, como o Lago Paranoá. "É bonito em todos os pontos", conta.

O casal Juliano Cordeiro, 37, e Vanessa Patriota, 31, estavam passeando pela quadra da Asa Norte e tirando fotos das árvores. Os pais de Juliano vieram passar o Dia dos Pais em Brasília, com o filho. "A gente sempre aproveita para passear e tirar fotos. Muito bonito e deixa a cidade colorida", conta Vanessa, que é natural de Pernambuco.

Morador da capital há dois anos, Juliano, que nasceu no Rio de Janeiro, comenta que a secura de Brasília incomoda um pouco o casal. "O Plano (Piloto) é muito arborizado, realmente a qualidade de vida melhora bastante", ressalta o militar. "A sensação de tranquilidade de estar mais próximo da natureza traz um bem-estar muito grande, principalmente ao ver os ipês amarelos", completa, dizendo que essa é a cor de ipê favorita do casal. A esposa concorda, mas diz ser apaixonada pelo branco também. "O amarelo contrasta com o céu de Brasília. Fica lindo. Mas tem o branco que é muito bonito, pena que as flores caem rápido", comenta a advogada.

A chinesa Amanda Zhu, 31, como é chamada pelos amigos brasileiros, diz nunca ter visto nenhuma árvore parecida em nenhum lugar. "É a mais bonita que ela já viu", traduziu o enteado da professora de pole dance, Rodolfo Taruhn, 21. Enquanto ela fazia as mais diversas poses no pole, Rodolfo fotografava a beleza da arte com a natureza. Morando na Asa Sul, o enteado contou que Amanda passou pela quadra e viu o colorido das árvores, logo o convidou para ir junto contemplar.

A psicóloga Amanda Leite destaca que muitas vezes as pessoas podem se sentir desconectadas de si mesmas e do mundo ao redor diante das demandas no trabalho, com a família ou em outros aspectos da vida. "Olhar os ipês floridos de nossa cidade, por exemplo, é um ótimo exercício para estarmos mais presentes. Nem que sejam por poucos instantes, vale a pena respirar e observar como o dia pode fluir de maneira mais tranquila", ressalta a especialista.

Para Amanda, muitas pessoas não identificam que essa desconectividade pode impactar na saúde mental. "Ao focarmos muito no futuro, consequentemente estamos propícios a sentir mais ansiedade. Ao nos prendermos muito no passado, é possível que sentimentos como culpa e tristeza se tornem mais presentes em nosso cotidiano", destaca Amanda sobre a necessidade de focar no presente. "É preciso um esforço ativo para nos conectarmos no aqui e no agora. Essa atenção plena (Mindfullness), é muito benéfica para a saúde mental, trazendo calma e conexão", completa.

Colaborou Isabela Berrogain

 


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