Organização criminosa /

Advogadas recém-formadas eram escolhidas para transmitir recados de facções

Polícia Civil do Estado de Goiás prendeu 16 advogados que levavam e traziam recados para líderes de facções presos em Planaltina GO

Darcianne Diogo
postado em 07/09/2022 06:00 / atualizado em 07/09/2022 07:53
Acusados recebiam até R$ 10 mil pelos serviços prestados -  (crédito: PCGO/Divulgação)
Acusados recebiam até R$ 10 mil pelos serviços prestados - (crédito: PCGO/Divulgação)

Cooptados por facções, os advogados presos na operação Gravatas, desencadeada pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO), eram selecionados pelos líderes das organizações criminosas para atuar na função de "pombo-correio", ou seja, levar e trazer recados dos detentos do Presídio Especial de Planaltina (PEP) para o mundo externo. Ontem, a Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) prendeu 16 advogados no Distrito Federal e em três cidades do estado de Goiás: Planaltina, Anápolis e Goiânia.

Foram cumpridos, ainda, 48 mandados de prisão preventiva contra os líderes de facções presos no PEP. Segundo as investigações, os criminosos tinham preferência por advogadas mulheres, jovens e que morassem na capital federal. A preferência pela região dava-se pela proximidade com o Presídio de Planaltina, que fica distante cerca de uma hora do Plano Piloto. "Nas investigações descobrimos que alguns presos recebiam cerca de 600 visitas de advogados em apenas um ano. Então, eles atuavam fortemente na entrega e recebimento de recados", afirmou, ao Correio, o delegado-titular da Deccor, Thiago Martimiano.

No DF, os cinco mandados de prisão foram cumpridos nas regiões de Ceilândia Sul, Vicente Pires e Samambaia. De acordo com o delegado, alguns desses profissionais recebiam R$ 5 mil por 20 atendimentos. Para outros havia um "salário", que variava entre R$ 5 e R$ 10 mil. Aos que se envolviam diretamente na organização criminosa, eram concedidas mais vantagem e quantias milionárias, até mesmo participando da movimentação financeira das facções.

No geral, o conteúdo dos recados era sobre o tráfico de drogas, funcionamento da organização e até ordens para cobrar dívidas. "Por causa da dificuldade de acesso aos celulares nos presídios, os criminosos acabaram recorrendo a esses meios. Então, os advogados eram os garotos de recado do crime organizado", disse o delegado. A reportagem não localizou a defesa dos presos.

 

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