Organização criminosa

Estatuto do Comando Vermelho é encontrado dentro de cela de presídio

O manuscrito foi localizado dentro de uma penitenciária do MT pelos policiais civis do DF durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão

Darcianne Diogo
postado em 21/09/2022 18:46 / atualizado em 21/09/2022 20:18
 (crédito: Reprodução/PCDF)
(crédito: Reprodução/PCDF)

Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na Penitenciária de Rondonópolis (MT) contra integrantes do Comando Vermelho (CV), acusados de extorquir familiares de pacientes internados em hospitais do DF, policiais civis da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte) encontraram, escondido em uma das celas da cadeia, escritos que trariam o estatuto da facção carioca. Parte do documento, obtido em primeira mão pelo Correio, detalha as regras impostas pelo grupo criminoso, além de informações sobre a cúpula da associação e a lista dos direitos e deveres estipulados para os membros.

 

  • Escrito PCC Reprodução


As primeiras linhas trazem o nome da facção e um breve histórico do Comando Vermelho, fundado em 1979 no presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Na parte a que o Correio teve acesso são detalhados oito artigos do regimento da facção. Além de elencar o que deve nortear os criminosos, as anotações trazem ameaças. “Cortaremos na própria carne as decepções, punindo sempre o errado, aqueles que se omitirem diante dos erros”, descreve o artigo 5º.

Golpe

Foi dentro da penitenciária que os faccionados fizeram mais de 20 vítimas no DF ao aplicarem o golpe do falso médico. Os estelionatários ligavam diretamente nos quartos de pacientes internados em hospitais da capital e, de posse dos dados exigiam dinheiro para realizar "procedimentos de urgência", que teriam sido negados pelos planos de saúde. "A unidade está só no aguardo das documentações para liberação dos equipamentos de imagem", diz o preso em uma das mensagens enviadas à uma vítima.

Em resposta, a pessoa diz que está com o dinheiro e pede o valor exato e onde pode fazer o pagamento. O criminoso responde que, antes de qualquer procedimento, precisa dos documentos para a liberação. E complementa: "Até agora não consegui entender a posição da família. Está mais preocupada em arrumar dinheiro do que fazer a liberação dos equipamentos."

Além do golpe do falso médico, os presidiários também clonavam o anúncio de veículos em sites da internet, causando prejuízos a vítimas de diversos estados da federação. Nas buscas no presídio, a polícia também apreendeu celulares utilizados pelos autores e documentos que serão analisados para identificação da participação de cada um dos envolvidos.

Ao término da investigação, os autores poderão responder pelos crimes de extorsão, estelionato, associação criminosa e lavagem de capitais.

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