Mudança, crença e expectativa. As eleições aparecem como uma oportunidade para continuar acreditando em um país marcado por traumas e cicatrizes, principalmente nos dois últimos anos, com as incertezas do período de pandemia da covid-19. Hoje, no primeiro turno, familiares e amigos se reunirão, em frente à televisão — seja dentro de casa ou na mesa do bar — para aguardar o resultado das urnas. Tudo isso, em clima de festa, perto de pessoas com laços de parentesco e de amizade, para comemorar e celebrar o respeito ao próximo, unindo forças para levar o Brasil para frente e reerguer a fé do povo brasileiro.
Os encontros para acompanhar as votações são uma tradição na família de Edilene Carneiro, 54, moradora da Candangolândia. A cada quatro anos a data torna-se um evento entre os parentes. Desta vez, não será diferente. De acordo com a psicanalista, o primeiro turno é um dia muito importante, já que o futuro do país está sendo decidido. Para hoje, a programação conta com mais de 20 pessoas, de familiares a amigos. "Depois de votarmos vamos para minha casa esperar ansiosamente o resultado, fazer um lanche, nos divertir e ficar até o último minuto da apuração", detalha.
Edilene descreve que a "família é muito engajada politicamente". Com isso, todos fazem uma verdadeira torcida na hora da contagem de votos, sem parar por um minuto sequer, como ela mesma relata. Caso a decisão final fique para o final do mês, a comemoração não somente se estenderá, mas deve se misturar com os preparativos para copa do mundo e o Natal. "Vai ser uma festa para o resto do ano, até o 1º dia da posse do candidato", comenta em tom de brincadeira.
Esperança
Diferentemente de Edilene, as celebrações na casa da professora Alana Souza, 30, ocorrerão apenas no domingo. Como ela é mesária nas eleições e amanhã precisa levar os três filhos cedo para a escola, a moradora da Asa Sul quer evitar o cansaço, que pode se estender para o restante da semana. No entanto, ela está ansiosa para se reunir com aqueles que ama. O plano é acompanhar as apurações com a presença de oito pessoas, dentro de casa mesmo.
"Acredito que será mais prudente comemorar na intimidade, pois há casos de violência pelo não entendimento e falta de respeito à opinião e às escolhas políticas", lamenta. Para ela, o ideal seria que o período eleitoral terminasse logo no primeiro turno, devido ao medo e à hostilidade proporcionada pela falta de empatia e pelo fanatismo de muitas pessoas. Além disso, as votações são uma grande oportunidade para renovar as esperanças e aguardar por novas mudanças no país. Algo que, na avaliação da professora, é uma necessidade atual do povo brasileiro.
Na mesma perspectiva, Nathália Barros, 26, também vai assistir as apurações em casa. A moradora da Asa Norte aguarda com expectativa a decisão das urnas. Os lanches e as bebidas, segundo ela, estão comprados, esperando apenas para serem desembalados e degustados. A escolha de não acompanhar em outro lugar partiu do receio de que algo pior aconteça nas ruas, como a jovem mesmo afirma. "Até pensei em assistir no bar, mas devido a alguns ataques que tenho visto, vou sentir o clima no meu lar", conta. Ainda que os planos iniciais tenham sido frustrados, ela garante que está muito animada para o resultado das urnas.
Respeito
Mesmo com as divergências de opiniões, o respeito mútuo é regra na família do jovem Pedro Barros, 18. Com a promessa de um grande churrasco, os parentes se reunirão, embora as preferências de candidatos e as opções de voto sejam distintas. Dentro do núcleo familiar, ele e o irmão carregam pensamentos diferentes em relação ao dos pais. Entretanto, nada impede que as boas relações permaneçam, apesar de todas as discordâncias existentes. "Há sempre respeito pela opinião e o posicionamento deles", diz o morador de Águas Claras.
Camila Alves de Lima, 19, destaca que a única forma de estabelecer uma relação saudável e manter o bom convívio com os parentes é por meio do respeito. Mesmo que muitos tenham suas preferências e estejam em campos políticos diferentes, nada disso é um obstáculo para os encontros familiares. Em todos os anos de eleições, a estudante de agronomia ressalta que a família costuma se reunir na casa da avó paterna para acompanhar as apurações. "Uns sentam no chão, outros no sofá e ficamos todos juntos batendo papo, compartilhando os votos de cada um e esperando o resultado", diz.
De acordo com a jovem, o encontro de hoje estará recheado de comidas e boas conversas. Entre os parentes, ela revela que há muita sede de mudança e expectativa para que o resultado seja positivo. A comemoração, caso aconteça como esperado, deve se estender durante toda a semana. "Esperamos que as coisas fiquem melhores do que estão", deseja Camila.
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
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