Eleições 2022

Brasilienses exercem dever democrático com respeito às divergências

Em diferentes regiões da capital federal, eleitores expressaram suas preferências políticas. Passe livre no dia foi elogiado por quem depende do transporte público, e sobrou esperança entre os entrevistados pelo Correio

Carolina Marcusse*Júlia EleutérioLetícia Mouhamad*Pedro Marra
postado em 31/10/2022 06:00
A estudante Mariah Andrade disse que pesquisou muito para votar -  (crédito:  Letícia Mouhamad/CB)
A estudante Mariah Andrade disse que pesquisou muito para votar - (crédito: Letícia Mouhamad/CB)

Confiantes na escolha, eleitores da capital federal compareceram às urnas com tranquilidade para registrar o voto do segundo turno para o novo presidente do Brasil. Em diferentes regiões, entre muito verde, amarelo e vermelho, familiares e amigos fizeram questão de exercer a cidadania juntos, ainda que com opiniões e escolhas contrárias.

  • Thatiane, Walter e Gabriel (de vermelho) Letícia Mouhamad
  • A estudante Mariah Andrade disse que pesquisou muito para votar Letícia Mouhamad/CB

Em Sobradinho, os irmãos Walter Jaderson, 23 anos, e Gabriel Hansel, 19, ambos estudantes, sintetizavam o espírito democrático. O primeiro, vestido de verde e amarelo, declarava a opção por Jair Bolsonaro, enquanto o segundo, com camiseta vermelha, era eleitor de Lula. Para eles, a diferença não gera atrito na família. A dupla, que votou no CEM 04, estava acompanhada de Thatiane, 26, dona de casa e esposa de Walter, que fez questão de levar os filhos Rodrigo, 4, e Luísa, recém-nascida.

Essa foi a primeira eleição de Gabriel, que admitiu o sentimento de ansiedade com o resultado da eleição. "Ficarei muito feliz se meu candidato vencer, porque ele apoia pautas em que acredito, como a valorização da educação e da ciência", explicou. Já Walter espera que, mesmo com a competição acirrada, Bolsonaro leve a melhor. "Acredito que o governo dele foi muito positivo e tenho boas expectativas para o próximo ano. Gosto do que ele defende, inclusive, a união da família, que é o que procuramos seguir em nosso cotidiano", resumiu.

Mesmo sem se sentir representada pelos dois candidatos à presidência, a estudante
Mariah Andrade, 18, fez questão de comparecer ao CEF 04, e ainda conversou com alguns eleitores sobre sua escolha. Estudante do ensino médio, ela disse que pesquisou muito antes de se decidir e afirma que é uma grande responsabilidade. "Apesar de o Lula não ser a escolha que considero ideal, acredito que, no momento, é o melhor para o nosso país", completou a jovem, que estava vestida inspirada pelo anime Owari no Seraph.

Aos 95 anos de idade, Raimunda Maria da Silva cumpriu seu compromisso com a democracia. Acompanhada pelas netas Daniela Lucas e Luciana Lucas, a aposentada votou na Escola Classe Colônia Agrícola de Vicente Pires. "Gosto dele", disse a eleitora sobre seu candidato. Uma das netas afirmou que a avó e a mãe estão na mesma zona eleitoral, pelo local em que moram, e que Raimunda não se esquece da votação. "Ela queria muito vir. Se não trouxéssemos, ela ficaria chateada".

Direito garantido

Moradora de Santa Maria, a auxiliar de limpeza Lenite Leandro, 41 anos, aprovou a adoção do transporte público gratuito no segundo turno. "Foi bom porque é um dinheiro que eu economizo, pois eu gastaria R$ 10,50 para chegar até o trabalho e, depois, ir votar", explicou. A trabalhadora estava otimista quanto ao resultado. "Espero que melhore na segurança pública e na educação para os jovens terem mais acesso a ensino de qualidade", disse.

O autônomo Wilson Alves, 56, usa a bicicleta desde os 8 anos, mas foi em 2018 que incorporou a "magrela" como veículo oficial para ir até o CED 310 de Santa Maria nas eleições. "Venho porque é rápido e economizo combustível". O esforço físico de Wilson é acompanhado da vontade de ajudar a escolher os rumos do país. "Para mim, é importante votar, porque é a minha opinião em um projeto de governo e de vida", diz o autônomo, que mora com os quatro filhos, de 4, 11, 14 e 19 anos.

No Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), da Asa Norte, o relato também era de tranquilidade entre os eleitores. A cartógrafa Dulce Vidigal, 63, fez a sua parte. "Sem abstinência na minha seção, porque eu perguntei para o mesário já que estava sem filas", comentou. Ela aproveitou para elogiar a civilidade da capital. "Em Brasília está tranquilo, com muito respeito à democracia", avaliou.

A ansiedade para garantir a participação no processo eleitoral levou 20 pessoas a se posicionarem em frente à Escola Classe Varjão antes das 8h, início da votação. A diarista Maria Tereza da Silva, 46, disse que, no turno anterior, esperou muito e não queria correr o risco desta vez. "Cheguei mais cedo, mas acho que vai ser rápido, apesar da fila", comentou. Para ela, exercer o direito ao voto é fundamental. "Se precisar, eu espero o tempo que for preciso", destacou.

Instantes finais

O empresário Anderson Reis, 45, chegou no CIL, da Asa Sul, nos 10 minutos finais da votação. Ele contou que, por morar perto, opta pelo momento mais tranquilo. "Faço as outras coisas durante o dia e me planejo para votar no final da tarde. Sempre assim", justificou. Ao ser questionado sobre as expectativas para o país, respondeu: "Espero que a vontade da maioria seja resposta para esta eleição. E, bem, eu espero que o Brasil continue crescendo, que tenha mais educação, saúde e emprego para o povo".

Discreto, ele não declarou sua opção. "Sou empresário e não gosto de ficar transparecendo a minha opinião, justamente para não ficar criando qualquer tipo de ingerência. Eu também não posto nada, tenho a minha opinião, mas não exponho. O bom do nosso voto é que é sigiloso, secreto".

Quem também deixou para a última hora foi o estudante Pedro Monteiro Gonçalves, 43, que chegou na zona eleitoral faltando dois minutos para o fechamento dos portões. "Acabei torcendo o tornozelo numa queda, tomei um analgésico, dormi um pouco, e com o sono mais pesado pelo analgésico, quase perdi a hora. Eu poderia ter vindo mais cedo", justificou. Assim como Anderson, o retardatário preferiu não revelar o voto, mas dividiu suas expectativas para os próximos quatro anos. "Acredito sempre num Brasil melhor, que todo mundo se junte, independentemente de quem ganhe", desejou.

*Estagiárias sob a supervisão de Juliana Oliveira

Cobertura do Correio Braziliense


Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação