A tão esperada Copa do Mundo de futebol retornou ao centro das atenções, após quatro anos. A competição é uma das mais prestigiadas do mundo: em 2018, segundo a Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa), 3,5 bilhões de pessoas assistiram o torneio. Mas nem todos conseguem dispensa no trabalho para acompanhar as partidas da Seleção Brasileira. O Correio foi em busca desses torcedores que não perdem um Mundial, mas terão de adaptar, neste ano em que o evento internacional ocorre em época diferente, os seus afazeres profissionais durante os dias de jogos do Brasil.
Se, por um lado, os servidores públicos no Distrito Federal terão ponto facultativo nos dias em que o time comandado por Tite entra em campo, o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF) informou que o comércio funcionará normalmente. O lojista poderá, se assim desejar, dispensar seus funcionários somente na hora do jogo e determinar que retornem ao trabalho ao final da partida. Porém, muitos brasilienses irão deixar as tevês de lado e vão precisar focar no "trampo".
Mas, afinal, mesmo com empecilhos, quem não quer dar aquele jeitinho brasileiro para acompanhar os jogos da Seleção e ter a esperança de ver a conquista do hexacampeonato? O garçom Francisco das Chagas, 58 anos, estará servindo mesas durante as partidas do Brasil, mas afirma que sempre é possível dar uma "escapada" para acompanhar um pouco do que acontece nos estádios. "Nem que seja para assistir cinco minutinhos (do jogo). Até porque é o Brasil, temos que ficar na torcida", frisa. O veterano garçom conta que passou por situações engraçadas durante alguns confrontos da seleção canarinha no caminho até o Catar. "Já aconteceu de, na hora do gol do Brasil, algum cliente me chamar para atender e eu não conseguir ver como foi. Também já anotei vários pedidos errados por estar distraído com a partida", revela, divertindo-se.
O cobrador de ônibus Vanderson Marcos, 32, relata que será complicado ver os jogos. Mesmo assim, ele afirma tentar acompanhar, pelo menos, o resultado em tempo real. "A empresa para qual trabalho disse que vai disponibilizar uma televisão para a gente assistir os jogos enquanto não estivermos em viagem. Mas, quando estiver no ônibus, também vou dar um jeito de ficar ligado, usando algum aplicativo de celular", comenta. Para ele, será a primeira Copa do Mundo em que surge a possibilidade de não conseguir prestigiar a Seleção por conta de trabalho. "Nos outros ramos em que atuei, as empresas sempre fechavam enquanto as partidas aconteciam", conta. "Vai ser bem tenso, porque se eu não conseguir acompanhar pelo celular, vou ter que esperar a viagem terminar para saber como está o jogo ou, às vezes, só quando chegar em casa", ressalta.
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Colher de chá
A expectativa com o Mundial da Fifa é grande e, por isso mesmo, ninguém quer perder a chance de acompanhar seus craques favoritos. A Seleção Brasileira deu esperanças ao torcedor, com a melhor campanha da história nas Eliminatórias da América do Sul. A equipe do técnico Tite teve aproveitamento de 88%, com 14 vitórias e três empates. Com essas boas notícias rolando, muitas pessoas estão ansiosas para uma possível final em que o Brasil pode estar presente. O cobrador Rogerson Viana da Silva, 30 anos, espera que seu chefe libere os funcionários, pelo menos no horário do jogo. "Eu gosto bastante de futebol, porém, nesta Copa, meu expediente vai cair bem em cima dos jogos da Seleção e vou ter que dar um jeito de acompanhar, pelo menos escutar pelo celular, pois a rodoviária não para. Mas, na final, podiam dar pelo menos uma colher de chá", comenta o morador de Samambaia, aos risos.
Trabalhando como encarregado de um prédio no Sudoeste, Osvaldo Constantino, 57, conta que existe uma espécie de tradição no edifício onde atua. "O síndico fez um acordo com os trabalhadores. Nas copas do mundo, durante os jogos do Brasil, todos param e assistem as partidas. Neste ano, para os jogos que começam às 13 horas, ele criou algo como um intervalo. No caso dos jogos às 16 horas, quem entra pela manhã, sai mais cedo, por exemplo", explica.
Para ele, esse é o caminho normal durante um evento tão grande. "O país para por conta da Copa do Mundo. Então, os patrões precisam ser compreensivos. Não é justo que alguns vejam os jogos, enquanto outros não", conclui.
*Estagiários sob a supervisão de Patrick Selvatti
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